Como se ferve a água? Sua resposta provavelmente será “coloque a água no fogo e espere” e, apesar de estar relativamente correto, fazer exatamente isso poderia resultar em desperdício de água e um fogo apagado. Uma resposta lógica e que realmente traria o resultado desejado seria: pegue um recipiente, coloque água nele, posicione-o na “boca” do fogão, acenda o fogo e aguarde o processo de ebulição. Quando isso acontecer, desligue o fogo para que a água não evapore completamente – e outros passos mais minuciosos ainda poderiam ser acrescentados aqui. Você pode até pensar que explicar o bê-á-bá de uma tarefa tão simples é desnecessário, mas não podemos esquecer que por trás de cada atividade bem executada existe lógica e disciplina.

Ninguém começa o texto pelo ponto final, o bolo pelo fermento ou a construção de uma casa pelo telhado. Tudo requer uma ordem para que dê certo. E ela serve para tudo mesmo, desde a fundação do mundo. Em Gênesis 1, vemos que Deus realiza a separação e a criação de tudo pelo poder de Sua palavra com disciplina e ainda encontra tempo para contemplar Sua obra e ver que estava bom. Isso deveria permanecer assim até os dias de hoje, mas poucas pessoas reconhecem isso e um número ainda menor delas respeita a ordem.

Prova disso é que quando paramos para analisar a sociedade que está sendo construída diariamente são raros os momentos que podemos fazer como o Criador e ver que o resultado é bom. Veja a política, por exemplo, que, entre outras coisas, é responsável por garantir que o pilar da sociedade (a família) receba cuidado, respeito e tenha todos os recursos de que necessita. O resultado é bom?

Em vez de vermos a política como a “arte de governar”, é inevitável a associarmos à corrupção, mentiras, ao engano, à briga de egos, imposição de ideologias e a lista segue interminável. Diariamente, vemos governantes mais preocupados em criarem e venderem uma boa narrativa do que, de fato, construírem uma verdadeira boa história; acompanhamos os cidadãos serem cada dia mais questionados por defenderem seus valores; presenciamos um Judiciário que parece inerte diante das injustiças e das mentiras; vemos parte da sociedade perdida em seus achismos e acreditando que suas teorias e confusão podem ser colocadas como verdade absoluta. Parece que vivemos em uma realidade paralela, um mundo invertido em que tudo que acontece é o contrário do que deveria acontecer. E qual é o resultado de tamanha desordem? Caos e retrocesso.

Nosso Brasil tem tudo de que precisa para ser uma nação de Primeiro Mundo e uma referência para todos os outras, desde um povo alegre, inteligente e determinado até um clima tropical, uma terra que oferece colheita de quase tudo que se planta e uma diversidade cultural extraordinária, mas, enquanto não houver ordem, respeito aos princípios e à verdade e disciplina e coragem para fazer o certo e da maneira certa, continuaremos em um país emergente que nunca chega a progredir como merece e que é capaz.

Só há um caminho para o progresso: a disciplina, o respeito e o comprometimento com a verdade. Assim como é necessário seguir a ordem correta para ferver a água, também é preciso respeitar a ordem para qualquer outra coisa, principalmente no que se refere à vida em sociedade.

Vale lembrar que a sequência que os cidadãos deveriam seguir para fazer uma boa escolha política é pesquisar candidatos, avaliar suas propostas, julgar a que for melhor, votar, acompanhar os eleitos e fazer cobranças a eles sempre que necessário. Já a ordem para uma boa atuação dos políticos deve ser ter o legítimo interesse de ajudar a sociedade, elaborar um plano de governo, se filiar a um partido ético e se candidatar, se mostrar digno de confiança, ao ser eleito atuar pelo bem de todos, se provar digno da confiança que recebeu, ter boa índole e caráter durante o exercício de seu mandato, apresentar e votar a favor de projetos que beneficiem a sociedade e votar contra os que a prejudiquem, respeitar a Constituição Federal e ajudar o país a progredir. É isso que você tem feito e visto? Se não for, precisamos encontrar uma forma de restabelecer a disciplina em nosso país, respeitar o processo, recuperar a esperança de que nossa sociedade pode ser protegida e de que nossa política pode recuperar a essência do que é governar, para que possamos ver o que é bom em todas as áreas.

Laís Klaiber, jornalista