O endividamento faz parte da vida de milhões de brasileiros. No final do primeiro trimestre deste ano cerca de 62,7 milhões de pessoas estavam inscritas em cadastros de inadimplentes. O número representa 40% da população adulta brasileira, apontam dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

No início de 2019, 60,1% das famílias tinham algum tipo de dívida, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A principal fonte de dívidas ainda é o cartão de crédito (78,4%), seguido por carnês (14%) e financiamento de carro (9,7%).

Dívidas
Muitos brasileiros não sabem a diferença entre estar endividado e estar inadimplente. O endividado é qualquer pessoa que fez uma compra para pagar em várias vezes e ainda está pagando as parcelas, mesmo que elas estejam em dia. “Quem tem parcelas no cartão de crédito, carnês, empréstimo ou financiamento está endividado, ou seja, tem uma dívida até terminar de pagar todas as parcelas”, esclarece Patrícia Lages, jornalista especialista em finanças e autora do livro Virada Financeira.

Uma pessoa endividada se torna inadimplente quando atrasa ou deixa de pagar suas parcelas e boletos e, assim, pode ter o nome incluído nos cadastros de restrição de crédito.

Segundo Patrícia, as compras parceladas levam muitos brasileiros ao descontrole financeiro. “O parcelamento é um risco, não uma facilidade. Quando a pessoa adquire um bem para pagar em 12 meses, ela está arriscando a renda dela. Se não pagar em dia, ela se torna inadimplente e fica sujeita às taxas de juros mais altas do mundo.”

Vença o desequilíbrio
Para se livrar das dívidas, o primeiro passo é reconhecer o problema. “A inadimplência é consequência do desequilíbrio financeiro, a pessoa gastou mais do que ganhou”, explica André Massaro, consultor e
educador financeiro.

Por isso, a mudança de hábitos é fundamental. “A pessoa precisa anotar suas despesas e cortar gastos para viver conforme suas possibilidades”, afirma. Massaro diz que não adianta pegar empréstimos e continuar com o mesmo
estilo de vida.

Patrícia Lages sugere trocar as comprar parceladas pelas programadas. “Na compra parcelada, você compra com o dinheiro que acha que vai ter, mas isso não é certeza. Já na compra programada, você guarda o dinheiro e paga à vista”, finaliza.