Projeto Ler e Escrever leva alfabetização e esperança a todo o Brasil

Mais de 40 mil pessoas já foram alfabetizadas em quase três décadas pelo trabalho social da Universal

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Lamentavelmente, 9,6 milhões de brasileiros não conseguirão ler esta matéria porque não foram alfabetizados. Embora a taxa de analfabetismo tenha caído no Brasil em 2022, os números ainda são elevados, principalmente entre a população da região Nordeste, idosos, pretos e pardos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 2019 e 2022, a taxa de analfabetismo caiu de 6,1% para 5,6%, o que representa cerca de 490 mil analfabetos a menos.

Entre as pessoas que não sabem ler e escrever, mais de 50% tinham 60 anos ou mais. A taxa de analfabetismo de pretos e pardos é duas vezes maior do que a de brancos. Entre as regiões do País, o Nordeste tem a taxa mais alta, de 11,7%, e o Sudeste, a mais baixa, de 2,9%. Os Estados com mais analfabetos são Piauí (14,8%), Alagoas (14,4%) e Paraíba (13,6%); já os Estados com menos analfabetos são Distrito Federal (1,9%), Rio de Janeiro (2,1%), São Paulo e Santa Catarina (2,2%).

Essa realidade dificulta o cumprimento da meta do Plano Nacional de Educação (PNE), estabelecida em 2014, de erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional, que é a incapacidade de compreender textos simples, até 2024.

Uma iniciativa contra o analfabetismo é o Projeto Ler e Escrever, uma ação social da Universal cujas atividades começaram em São Paulo em 1995. Quem esteve lá desde início foi o coordenador pedagógico do projeto, Luiz Dobroca, hoje com 72 anos: “começamos com poucas salas e educadores nas igrejas, mas, no início de 1996, já contávamos com quase 20 igrejas com salas de aula e mais de 200 alunos matriculados. Nesse ano recebemos o documento da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo com o reconhecimento de nossas atividades como curso livre e com validade em todo o território nacional. Com material pedagógico de acordo com as normas da Secretaria de Educação e com o passar dos anos, expandimos o trabalho para todo o Brasil e ampliamos o número de salas de aula e de alunos”, conta.

O projeto se destina a todas as pessoas com 15 anos ou mais, não só aos frequentadores da Universal, mas também membros da comunidade em que a igreja se situa. Com o decorrer dos anos, o Projeto Ler e Escrever chegou a todo o País e hoje conta com mais de 1.100 salas de aula, mais de 1.800 voluntários e 6.200 alunos matriculados.

Nesses 29 anos de atuação, o projeto Ler e Escrever alfabetizou mais de 40 mil pessoas no Brasil, entre elas mais de 10 mil deram continuidade aos estudos pelo programa Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Dobroca, que permanece ativo no projeto, destaca a importância do trabalho ao longo dos anos: “acima de tudo, o projeto dá direito à cidadania, oferecendo autonomia às pessoas, como, por exemplo, a chance de tirarem seus documentos sem que fiquem na dependência de terceiros ou sejam enganadas”.

Um dos milhares de alfabetizados no Ler e Escrever é a cabeleireira Olávia da Silva, (foto abaixo) de 72 anos. Ela conta que chegou a São Paulo em 1972 e, por trabalhar o dia inteiro em uma fábrica de sacolas, não tinha tempo para estudar. “Eu não sabia nem escrever meu nome e os anos foram passando. Esse projeto da Universal foi uma grande oportunidade e graças a ele aprendi a ler e escrever. Saí de lá em 2005 e concluí o ensino médio no supletivo. As professoras do projeto sempre foram muito atenciosas e me incentivaram muito a dar continuidade aos estudos. Isso também foi importante para a minha profissão, pois, depois de ser alfabetizada, fiz cursos na área que escolhi e me especializei. É como se nos tornássemos outra pessoa, mais capaz. Sou muito grata pela existência desse trabalho”, conclui.

Como funciona?
As salas de aula do projeto são divididas em duas turmas, de acordo com o nível de conhecimento dos alunos, em alfabetização inicial e supletivo do 1º ao 5º ano. Ao final de cada semestre e ano letivo, é realizada uma confraternização em que é cada aluno recebe um certificado de participação no nível educacional que obteve. Os que desejam dar continuidade aos estudos são encaminhados a uma escola do Estado, onde, depois de realizarem uma prova de nivelamento, podem dar continuidade no supletivo do 6º ao 9º ano. Além da alfabetização, algumas unidades do Ler e Escrever, como as sedes regionais, oferecem cursos de capacitação profissional como inglês, espanhol e informática.

Hoje, o projeto atua em parceria com o grupo Calebe e com a Evangelização (EVG). Para mais informações, procure a sede estadual da Universal em seu Estado, ligue para (11) 99144-4929 ou envie um e-mail para lereescrever@hotmail.com.

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Colaborador

Kelly Lopes / Fotos: andreswd/getty images / cedidas