Produtos diminuem de tamanho, mas não de preço?

Imagem de capa - Produtos diminuem de tamanho, mas  não de preço?

Talvez você não esteja familiarizado com o termo reduflação, mas certamente o conhece na prática, principalmente ao frequentar os supermercados. Você coloca seus itens de preferência no carrinho sem fugir muito do orçamento e passa no caixa, mas é quando os produtos acabam antes do esperado é que você percebe que recebeu menos do que de costume, pagou o mesmo de sempre ou até um pouco mais.

Ao optar pela redução do tamanho, dos ingredientes ou da quantidade de unidades de um produto, chamado de reduflação, o fabricante pode manter o preço ou praticar um aumento menor, principalmente em épocas de escalada inflacionária. Dessa forma, ele também tenta evitar que o consumidor troque de marca para tentar pagar menos pelo item que deseja adquirir.

Embora controversa, a prática não é ilegal, desde que o consumidor seja comunicado de modo claro sobre a mudança. Geralmente, as embalagens informam o peso ou o número de unidades anterior, o tamanho atual e a porcentagem da diminuição.

O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990) exige que as informações constem nas embalagens dos produtos por seis meses, a partir da data da alteração. Um projeto de lei de autoria da senadora Dorinha Seabra (União Brasil/TO), porém, propõe que o prazo se estenda para 24 meses quando a redução for superior a 10%.

A reduflação pode trazer dois impactos para o consumidor, sendo um positivo e um negativo. Em relação a produtos não essenciais, como um chocolate, por exemplo, ela pode significar a oportunidade de continuar consumindo sem gerar um aumento nas despesas. Para itens básicos, porém, a diminuição de quantidades pode torná-los insuficientes para o consumo das famílias, sendo necessária a compra de mais unidades, o que eleva os gastos. É preciso que o consumidor fique atento na hora de efetuar suas compras, que adquira o costume de ler os rótulos das embalagens e, em caso de alterações, analise se a troca de marca pode ser uma saída vantajosa.

Na atual época de polarização, quando tudo pode ser usado como capital político, há quem diga que os preços dos alimentos subiram, enquanto outros juram que tudo baixou a ponto de o pobre ter picanha na mesa. Independentemente de narrativas, a matemática não mente e o comércio se baseia em números e, por isso, cabe ao consumidor tirar suas próprias conclusões, principalmente ao passar pelo caixa
do supermercado.

Por Patricia Lages, jornalista.

imagem do author
Colaborador

Patricia Lages / Foto: kali9/getty images