Por que imitar os homens? Ser mulher já é suficiente

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Ao longo do último século, houve mudanças significativas na forma como as mulheres são vistas na sociedade. Muitos avanços, sem dúvida. Do lar, ingressamos no mercado de trabalho e conquistamos direitos e liberdades com os quais nossas avós só podiam sonhar. Cada vez mais, estamos na liderança, na ciência e na política. Tudo isso é ótimo. Mas há um problema que passa despercebido por muitos: a forma como medimos o valor das mulheres ainda é falha – e pode estar levando a humanidade por um caminho perigoso.

Me incomoda bastante a ideia de que, para sermos reconhecidas, precisamos copiar os homens. Por quê? É como se nossas características fossem inferiores. Essa perspectiva, defendida até por quem se diz feminista, só reforça o machismo. E sugere que qualidades femininas como cuidado, empatia e colaboração são menos valiosas. Isso não é igualdade; é uma ironia que desconsidera nossas particularidades, o que temos de único.

A maternidade, por exemplo, foi marginalizada. Hoje muitas vezes é vista como obstáculo à ambição, uma escolha que diminui. O papel de um parceiro amoroso e solidário também é frequentemente desvalorizado. Se para sermos respeitadas, precisamos ser egoístas, isso não é libertação – é apenas um novo tipo de confinamento.

O verdadeiro valor

Se o valor de uma mulher é medido pelo quanto ela imita os homens, então não estamos valorizando as mulheres de verdade. Nos últimos 50 anos, alimentamos uma narrativa que coloca os sexos em lados opostos. Isso tem gerado divisão em vez de unidade. Discursos bonitos contra o machismo são repetidos, até por homens, mas no fim, não passam de palavras, já que as atitudes pouco mudam. E os relacionamentos sofrem a cada dia.

As maiores conquistas da humanidade, desde o início dos tempos, vieram da colaboração entre homens e mulheres, cada um com seus pontos fortes. Não precisamos ser inimigos; podemos ser parceiros na construção de famílias sólidas e de um mundo melhor. Mas, ao incentivar uma guerra entre os sexos por status e recursos, perdemos de vista essa parceria, criando uma cultura de ressentimento e competição.

Não, não precisamos ser como eles. Precisamos ser valorizadas e respeitadas como somos. Nem atrás, nem à frente. Ao lado. Até que aceitemos o feminino como igual ao masculino, continuaremos a viver em um mundo desequilibrado.

Acredito que o caminho é apoiar a liberdade individual de escolha e, ao mesmo tempo, honrar as contribuições únicas das mulheres. Não se trata de voltar no tempo ou confiná-las a papéis tradicionais; trata-se de valorizá-las.

Eu escolho acreditar que o futuro não está em nos tornarmos cópias de homens. Que possamos, enfim, valorizar as mulheres pelo que são, e não pelo que dizem que precisam ser.

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Colaborador

Ana Carolina Cury, jornalista / Foto: DragonImages/getty images