Perseguição aos cristãos na Nigéria: 85 mortos em ataques coordenados no estado de Benue

Pelo menos 85 cristãos foram mortos em uma nova onda de ataques na Nigéria. Entenda como a perseguição aos cristãos tem se agravado

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Perseguição aos cristãos na Nigéria: 85 mortos em ataques coordenados no estado de Benue: A perseguição aos cristãos na Nigéria atingiu níveis ainda mais alarmantes. Em apenas uma semana, pelo menos 85 pessoas morreram em ataques violentos no estado de Benue, localizado na região central do país. Essa escalada da violência expõe, mais uma vez, a crise humanitária e o descaso das autoridades diante do sofrimento da população cristã.


O que aconteceu?

Segundo a International Christian Concern, os ataques ocorreram em comunidades rurais dos condados de Gwer West e Apa, entre os dias 27 de maio e 1º de junho. No início do mês, por exemplo, grupos armados identificados como milícias fulani invadiram as localidades de Tse Antswam e Edikwu-Ankpali, por volta das 19h. Eles chegaram em comboios, incendiaram casas e abriram fogo contra civis. Ao todo, 43 pessoas morreram nessas ações isoladas.

Além disso, outros 42 cristãos foram assassinados em ataques semelhantes nos dias anteriores, totalizando 85 vítimas fatais em apenas sete dias. Muitos dos sobreviventes fugiram para escolas e igrejas locais em busca de abrigo, enquanto a assistência humanitária permanece insuficiente.


Quem são os responsáveis?

As autoridades locais e moradores descreveram os agressores como grupos armados da etnia fulani. Embora muitos fulani vivam pacificamente na Nigéria, facções extremistas teriam se organizado para atacar comunidades predominantemente cristãs, especialmente na região conhecida como Cinturão Médio.

Esse cinturão abriga agricultores cristãos e pastores nômades muçulmanos que disputam, há décadas, terras férteis, água e representação política. No entanto, especialistas em segurança alertam que o conflito se transformou em violência religiosa e étnica, com características de genocídio.


O que você precisa saber:

Patrick Modoom, um dos líderes comunitários de Gwer West, afirmou que 14 dos 15 distritos políticos da região já sofreram ataques no último ano. Inacreditavelmente, o ataque mais recente ocorreu a poucos metros de um posto militar, mas os soldados não reagiram. Conforme relatado, “as pessoas foram abandonadas à própria sorte”.

No condado de Apa, o deputado Abu Umoru confirmou 16 mortes adicionais e declarou que vários moradores continuam desaparecidos. Enquanto isso, a Polícia Estadual de Benue permanece em silêncio absoluto, sem prestar esclarecimentos ou anunciar prisões.


Contexto mais amplo:

Desde maio de 2023, mais de 10 mil nigerianos foram mortos em incidentes violentos, segundo dados de ONGs e da mídia local. Desse total, quase 7 mil vítimas estavam no estado de Benue, que se tornou o epicentro da perseguição aos cristãos na Nigéria.

Segundo a Anistia Internacional, pelo menos 672 aldeias foram saqueadas somente nos estados de Benue, Plateau e Kaduna, todas comunidades de maioria cristã. O governador de Plateau, Caleb Mutfwang, classificou os ataques como um verdadeiro genocídio silencioso.


E o impacto humanitário?

Como resultado direto dessa onda de ataques, milhares de pessoas se tornaram refugiadas internas. Elas agora vivem em condições precárias, abrigadas em escolas, igrejas e campos abertos. Sem acesso a água potável, comida ou atendimento médico, essas famílias enfrentam o abandono completo do poder público.

Embora existam organizações locais tentando ajudar, os recursos são limitados. Provedores de ajuda humanitária relatam sobrecarga e falta de apoio do governo federal, o que torna a crise ainda mais grave.


Por que isso importa?

A perseguição aos cristãos na Nigéria não é um evento isolado. Pelo contrário, trata-se de uma política sistemática de aniquilação silenciosa, que ocorre à margem da atenção internacional. Além disso, o silêncio das autoridades reforça a sensação de impunidade e estimula novos ataques.

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Redação / Foto: iStock