Perigos na Internet: perfis falsos

O anonimato facilita a ação de criminosos. Por isso, é essencial confirmar se a pessoa do outro lado é real e está bem-intencionada

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Fraude, difamação, calúnia, estelionato, ameaça, abuso, intimidação e muitos outros crimes podem ser cometidos no ambiente virtual e,
geralmente, isso ocorre por meio de um perfil falso – além do uso de sites, e-mails, ligações e mensagens. O fato é que quanto mais avanços tecnológicos, mais difícil fica distinguir o falso e o verdadeiro.

Os números não mentem

Uma enquete on-line do Instituto DataSenado apontou que 97% dos brasileiros sabem que os perfis falsos são utilizados para aplicar golpes e fraudes. E, embora tanto as operações policiais como as ações de bigtechs atuem para tentar impedir que essa realidade piore, somente no primeiro semestre deste ano, a Meta (empresa proprietária do Facebook, do Instagram e do WhatsApp) baniu 6,8 milhões de contas falsas no WhatsApp, usadas para aplicar golpes.

Mas, nesse cenário, nós também temos uma parcela de responsabilidade, principalmente no que se refere a identificar e denunciar esses perfis.

Entendendo a falsidade

Vale ressaltar que existem diferentes tipos de perfis falsos, que são criados em redes sociais, aplicativos de conversas e em plataformas de jogos on-line, para enganar crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

Entre eles estão:

  • Os que se apropriam de fotos e vídeos de pessoas reais, sejam elas famosas ou não;
  •  Os que não têm postagens e possuem um nome de usuário genérico;
  •  Aqueles com conteúdo repetitivo, como fotos sempre no mesmo local e com mensagens fora de contexto;
  • E os criados por inteligência artificial, conhecidos como deepfakes.

Como identificá-los?

Bruna Ferreira, advogada criminalista ressalta que identificar essas contas exige atenção aos sinais e uma postura crítica diante do que se vê on-line: “É importante observar fotos que parecem profissionais demais ou repetidamente usadas em outros lugares; perfis recém-criados, com poucas postagens ou interações inconsistentes; mensagens e comentários que soam genéricos, repetitivos ou fora de contexto; pedidos imediatos de amizade, ajuda ou transferências financeiras; além de informações desconexas ou incoerentes entre o perfil, postagens e histórico”.

Essas dicas servem para ajudar a identificar perfis falsos. Mas, quando se trata de deepfakes, uma atenção maior é exigida, uma vez que eles são cada vez mais convincentes. O fato de eles também conseguirem criar vídeos realistas aumenta o risco de golpes, assédios e manipulação de menores. “Os deepfakes podem ser detectados por pequenas falhas no vídeo ou áudio, com movimentos irregulares da boca, olhos que piscam de forma estranha ou iluminação inconsistente. Ferramentas de verificação de imagens e vídeos ajudam a confirmar a autenticidade do conteúdo”, orienta Bruna.

Crianças e adolescentes: uma atenção especial

Vale lembrar que o uso de perfis falsos é a principal forma pela qual criminosos se aproximam de crianças e adolescentes. Por isso, a presença dos pais e responsáveis no ambiente on-line é fundamental, assim como o diálogo contínuo para ensiná-los a questionar o que encontram na internet, a não compartilhar dados e imagens pessoais e a não iniciar amizades ou marcar encontros
com desconhecidos.

Bruna também chama atenção para as responsabilidades de empresas e do Poder Público: “A proteção de crianças e adolescentes no ambiente virtual não é apenas uma responsabilidade ética, mas é uma exigência legal prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Marco Civil da Internet e na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Ou seja, as plataformas não podem se omitir: quem lucra com esse público tem o dever de garantir ambientes seguros. Porque garantir a segurança de quem joga não é gentileza, é obrigação”.

O básico funciona

A atuação de criminosos na internet se aperfeiçoa a todo momento e, por isso, é importante ficar atento às novas tecnologias, mas também não se esquecer de que o básico funciona, conforme já mencionamos nessa série de matérias sobre o tema: não confie em tudo o que vê na internet, não compartilhe informações pessoais, não converse com estranhos e não tenha medo de denunciar ao desconfiar que algo está errado. Guarde evidências e procure profissionais especializados, como advogados criminalistas, autoridades policiais e peritos digitais. Isso garantirá que qualquer ameaça seja investigada e a pessoa seja responsabilizada adequadamente.

Muitos podem até dizer que a internet é “terra de ninguém”, mas há leis para resguardar os usuários e a aplicação delas serve para tornar o ambiente digital seguro. Mas isso depende de que cada pessoa faça a sua parte para se proteger e para garantir a proteção de terceiros.

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Colaborador

Laís Klaiber / Foto: Mininyx Doodle/getty images