Olimpíadas de Inverno terão primeiro patinador abertamente não-binário

Timothy LeDuc tem circulado pela mídia com o assunto. Saiba mais

Você já ouviu falar sobre o termo não-binário? Ele se refere às pessoas que não se definem como “masculinas” ou “femininas”, exclusivamente.

É o caso do atleta Timothy LeDuc, que aos 18 anos de idade assumiu a sua bissexualidade e 10 anos depois declarou-se uma pessoa não-binária.

Neste mês, Timothy ganhou repercussão na mídia após ser o primeiro atleta abertamente não-binário a participar das Olimpíadas de Inverno, que acontecerão em Pequim, na China, neste ano, na patinação no gelo.

Ele estará acompanhado de Ashley Cain-Gribble, sua parceira no esporte desde 2016. Apesar de Ashley ser casada com Dalton Gribble, ela queria mudar as apresentações tradicionais da patinação artística, algo que encontrou em Timothy, que também não queria seguir o modelo das duplas que contam a história de um casal hétero nas pistas.

As Olimpíadas de Inverno de Pequim, neste ano, não terão apenas Timothy representando a comunidade LGBTQIA+. A organização acredita que haverá um número recorde de atletas da comunidade durante os jogos.

Uma questão em aberto

Se por um lado os atletas LGBTQIA+ estão se apresentando abertamente e ganhando espaço nos esportes; do outro, um questionamento tem sido gerado em consequência disso: pessoas da comunidade podem disputar categorias tradicionais?

Em maio do ano passado, as corredoras Chelsea Mitchell e Selina Soule entraram em uma questão judicial para impedir que mulheres trans disputassem competições atléticas femininas.

O caso aconteceu depois que os primeiros lugares nos pódios da competição feminina da Conferência Atlética Interescolar de Connecticut (CIAC) passaram a ser ocupados por pessoas que nasceram sob o gênero masculino e posteriormente decidiram ser trans.

“Meninas e mulheres não devem ser privadas de seu direito à competição justa”, afirmou Chelsea, na época. “Não ignore o óbvio: atletas transgêneros merecem compaixão, mas não o direito de transformar os esportes femininos. Isto é errado. E diminui a confiança das mulheres e nossa crença em nossas próprias habilidades”.

No dia 10 de dezembro, a nadadora trans Lia Thomas, de 22 anos, também circulou pela mídia, após quebrar um recorde no esporte. Na época, a medalhista olímpica e ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel comentou durante a programação “Os Pingos nos Is”: “A gente faz o parênteses para o respeito à identidade social das pessoas, a maneira como elas querem viver, isso deve ser respeitado. Porém, o pilar mais importante do esporte é o genético e isso é imutável. Não tem como competir com um corpo masculino, mesmo se a aparência estiver feminina. Meninas estão perdendo bolsas em universidades para meninos biológicos e esse silêncio é o que mais me incomoda, essa falsa inclusão e essa falsa proteção às mulheres. As mulheres são colocadas em uma turba da espiral do silêncio porque senão essa turma violenta, turma LGBTQIA+, acaba cancelando/linchando as pessoas como vimos com o atleta Maurício Souza”.

Deste modo, as mudanças sociais parecem estar apenas no começo e muitos desdobramentos podem surgir sobre o tema no esporte.

Mais sobre o assunto

Na plataforma Univer Vídeo, você encontra o documentário “O Vestido Roxo“, que conta a história de transição e destransição de Walt Heyer em busca de sua identidade. Confira.

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Colaborador

Da Redação / Foto: Reprodução Timothy LeDuc/Instagram