O que seus filhos veem na internet?

A rede esconde armadilhas e perigos de cunho sexual e até mesmo espiritual, o que exige atenção dos responsáveis pelos pequenos

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É bem difícil ver uma criança ou um adolescente que não esteja no momento com os olhos pregados em uma tela de celular, computador, tablet ou TV. Redes sociais, plataformas de vídeos e aplicativos fazem parte de suas vidas como o oxigênio que respiram. O conteúdo desses espaços virtuais que mais chama a atenção contém música, dança e humor, mas alguns são
perigosas armadilhas.

A rede social Facebook tem bilhões de usuários. Foi nela que o norte-americano Ronald McNutt, de 33 anos, cometeu suicídio ao vivo em vídeo e ele viralizou para outras redes como o Instagram e a chinesa TikTok, com milhões de visualizações mundo afora. No Reino Unido, uma menina ficou traumatizada ao ver o suicídio quando buscava vídeos de entretenimento. Ela ficou em estado de choque e tem dificuldades para dormir e estudar, além de ter medo de sair de casa, segundo sua mãe contou à rede BBC. Esse é só um dos tipos de conteúdo perigoso.

Bruxaria na tela
No TikTok, rede chinesa com vídeos que vem ganhando milhões de usuários, a bruxaria e o misticismo são divulgados dia após dia e conquistado adeptos. Informações sobre poções e feitiços são distribuídas como se fossem práticas inocentes, mas são desobediência direta ao próprio Deus, como está escrito em Deuteronômio 18.9-12: “Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.”

Sexualização
Atualmente, o sexo é facilmente acessado na internet, mas esse tipo de conteúdo disfarçado também é um perigo. Danças, músicas, filmes, séries e até desenhos animados contêm armadilhas que buscam sexualizar crianças e adolescentes. Por esse motivo, é preciso critério e que os adultos fiscalizem o que os menores consomem e com quem falam na rede.

Recentemente, o lançamento do filme francês Lindinhas, exibido na Netflix, causou grande polêmica ao mostrar meninas em danças sexualizadas. Nele, a garota Amy, de família muçulmana, se vê perdida entre sua cultura tradicional, o forte apelo das redes sociais e a sensualização em busca de apreciação. A diretora, Maïmouna Doucouré, francesa filha de senegaleses muçulmanos, disse que fez o filme por ficar chocada ao ver meninas de 11 anos em um número de dança excessivamente sensual durante um evento em sua vizinhança em Paris.

“Nossas garotas veem que, quanto mais uma mulher é sexualizada nas redes sociais, mais bem-sucedida ela parece”, disse Maïmouna. “As crianças apenas imitam o que veem, tentando alcançar o mesmo resultado sem entender o significado. É perigoso”, contou numa entrevista no YouTube, na qual também diz que é muito importante a supervisão adulta e que a sensualização exagerada também é uma forma de opressão contra a mulher.

A sinopse da Netflix foi um grande erro: “aos 11 anos, Amy começa a se rebelar contra as tradições conservadoras da família e encontra seu lugar em um grupo de dança da escola”. O texto passa a impressão de que a menina se liberta de costumes opressores e encontra a liberdade dançando vulgarmente, em um apelo que está de acordo com as ideias esquerdistas que contaminam a mídia atual.

Se a Netflix quis publicidade causando polêmica com o filme, o tiro saiu pela culatra: milhares de usuários cancelaram suas assinaturas em sinal de protesto. A plataforma admite que errou e agora tenta redimir a produção. Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, pediu a suspensação dessa exibição no Brasil, pois considera o filme “abominável” e o figurino das meninas inaceitável.

Papel dos responsáveis
Os adultos cada vez mais devem estar presentes e atentos ao que os menores veem na internet. Além da pedofilia, na rede há perigos como o cyberbullying (bullying em ambientes virtuais) e o incentivo ao uso de drogas. “Crianças e adolescentes são imaturos para saber discernir entre o que é ou não benéfico para si mesmos. Suas escolhas normalmente são baseadas no próprio prazer. Por essa razão, escolherão batata frita a legumes. São influenciados com facilidade, estão no processo de construção de sua própria identidade e para isso precisam de modelos para seguir. Os pais devem cuidar para que essas influências sejam positivas e seus valores morais e espirituais compatíveis com os defendidos pela família”, aconselha Edineia Dutra (foto abaixo), psicóloga e responsável pelo projeto Escola de Mães.

O apelo sexual da internet requer reação imediata, diz Edineia. “Qualquer conteúdo produzido que tenha como pano de fundo ou mesmo induza à exploração da sexualidade infantil é um ato que deve ser contestado. Seu conteúdo deve ser proibido para que crianças e adolescentes que estão em processo de formação não assimilem esse tipo de comportamento como natural e ‘legal’.”

Ela recomenda: “converse e oriente seu filho sobre o tipo de comportamento e pessoas a serem evitados nas redes sociais; instale o computador em um local em que seja possível observar suas atividades; e verifique constantemente o histórico de navegação. Em uma conversa descontraída, pergunte ao seu filho que sites ou redes sociais ele mais gosta de acessar e os que ele acredita que não são boas influências para ele e o porquê dessa opinião”.

Existe, atualmente, o controle parental. Ferramenta com a qual os pais têm certo controle sobre o que os filhos podem acessar. Clique aqui para ver o passo a passo e aprender a ativar a ferramenta.

Mas nada de fanatismo: “não podemos negar a importância da internet. Com ela temos informação, educação, entretenimento e, principalmente, comunicação, mas o acesso a ela não pode ser indiscriminado. Proteger os filhos não significa proibir o acesso à internet, mas conscientizá-los sobre o uso responsável dela”, conclui Edineia.

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Colaborador

Redação / Fotos: Reprodução e getty images