O que a ação do médico que sacou arma em pizzaria tem a ver com você

Caso revela falta de preparo emocional e de intolerância, problemas que se agravaram entre os brasileiros na pandemia

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O médico Thiago Zacariotto Lima Alves que está sendo investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por ter ido armado a uma pizzaria devido a uma suposta demora na entrega e ameaçado os funcionários, forneceu o endereço errado no aplicativo de delivery.

Thiago ficou irritado no domingo porque suas pizzas não chegavam. Por volta das 20h30, foi ao local pedir para que a entrega fosse realizada em um endereço diferente do que constava no aplicativo, depois de um tempo, retornou muito nervoso, sacou uma arma e disse ao dono do estabelecimento que queria a sua pizza naquele exato momento.

Câmeras de segurança flagraram quando Thiago saca a arma da cintura e faz a ameaça. Segundo o delegado Maurício Iacozzilli, o médico será intimado a depor.

Pandemia do ódio

Esse caso revela falta de preparo emocional e de tolerância, problemas que têm atingido os brasileiros, sobretudo na pandemia. Ataques de fúria por motivos banais aumentaram no Brasil junto com o novo coronavírus.

Segundo um estudo realizado com dois mil brasileiros pela Pfizer Brasil em parceria com o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), a tristeza e a irritação ficaram no topo da lista dos sintomas mais sentidos pela população nesse período.

Assim, apesar da intolerância estar presente desde o início da humanidade, ela tem sido potencializada dia após dia. Aquelas pessoas que já não tinham paciência e eram individualistas, ficaram ainda piores por conta da covid-19.

Essa onda de ódio pode ser vista de Norte a Sul do país. É uma briga de casal que gera separação, o filho que não aceita ouvir “não” e agride os pais, o motorista que persegue outro motorista ou até atropela um pedestre por conta de um desentendimento e por aí vai.

Todos os dias presenciamos notícias do tipo que só revelam o quanto a frieza tem ganhado espaço entre as pessoas. E, infelizmente, o ciclo se repete, é como aquela cena em que o chefe trata mal o funcionário, o funcionário, por estar bravo, chega em casa e briga com a esposa. A esposa, com raiva do marido, perde a paciência com o filho e discute com ele. E o filho repete a ação da mãe e repreende o gatinho.

Se um dos envolvidos nesse ciclo de raiva não repetisse o que fizeram de ruim a ele, seria possível impedir que a maré de ódio se espalhasse. Mas, para conseguir isso, seria preciso deixar o egoísmo de lado e buscar boas referências.

Contra a manada

Por isso, se você, assim como eu, nunca se acostuma com o mal que assola a sociedade e quer fazer da terra um local melhor para se viver, essa pode ser uma boa oportunidade de agir de forma diferente e rever conceitos.

Para driblar a intolerância, precisamos mudar nossa atitude com o outro, ouvir com amor, desenvolver a paciência e, sobretudo, mudar nossas referências, pois sempre seguimos um padrão, seja ele bom ou mau. A boa notícia é que podemos escolhê-lo.

Então, devemos selecionar bem quem vai estar ao nosso lado. Amar mais, cuidar mais, relevar mais e saber se colocar no lugar do outro são atitudes essenciais para vencer. Afinal, uma vida cheia de amor e gratidão não reserva espaço para o ódio.

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Colaborador

REFLETINDO SOBRE A NOTÍCIA POR ANA CAROLINA CURY | Do R7 / Fotos: Istock e reprodução