O pai que nunca nos abandona

A presença paterna é, sem dúvida, importante para o filho. Contudo há um Pai Verdadeiro e que está sempre pronto a mudar a história daqueles que decidem se tornar Seus Filhos. Confira

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O que o seu pai representa para você? Há quem se refira a experiências boas ao falar dele, mas também os que não tenham nada de bom a dizer sobre ele. Há quem tenha perdido o pai quando era criança, quem não tenha sido reconhecido por ele ou nem faça a menor ideia de quem ele seja.

Compete aos pais cumprir uma valiosa missão na família: ser um representante do Deus-Pai. É o pai quem a protege, a disciplina, se sacrifica por ela, a ama, provém seu sustento e deve ser um exemplo para todos. Ao revelar o caráter de Deus em sua vida, o pai ensina aos filhos o tipo de relacionamento que Deus espera manter com as pessoas.

No entanto o que se vê atualmente, na grande maioria dos casos, é o oposto. Pais negligentes quanto a suas responsabilidades, perdidos em seus objetivos e desorientados em relação à árdua tarefa de auxiliar na formação do caráter dos filhos. Diante disso, o pai passou a ser considerado irrelevante por muitos, em vez de uma figura central na constituição saudável da família.

Pesquisas apontam que a ausência física e/ou emocional do pai na vida dos filhos está diretamente ligada à tendência deles ingressarem nos vícios ou na criminalidade. Há também a questão relacionada à identidade do filho como indivíduo, quando ele não conhece sua origem paterna ou seu genitor não o assumiu.

Porém, seja para os filhos que não tiveram o pai de que precisavam, seja para os pais que não conseguem desempenhar o seu papel na vida deles, há um Deus que é um Pai perfeito. Ele está pronto para ser Pai daqueles que com sinceridade se voltam para Ele e estão dispostos a obedecê-Lo.

O Bispo Edir Macedo, na Bíblia com suas Anotações de Fé, ressalta que, assim como neste mundo o filho é o herdeiro natural dos seus pais, o mesmo ocorre na vida espiritual. Essa herança de tesouros incalculáveis e que inclui bênçãos tanto terrenas como eternas está à disposição dos que se tornam Filhos de Deus. “O Altíssimo tem prazer de ver seus filhos desfrutando de Suas promessas nesta vida, mas o melhor Ele reserva para o porvir (Mateus 25.34). Por isso, está escrito que nenhuma mente humana consegue imaginar os deleites e os privilégios do Céu (1 Coríntios 2.9)”, destaca.

E, para se tornar Filho de Deus e fazer parte da família Divina, é necessário que a pessoa tenha o Seu DNA, o que começa quando ela aceita o sacrifício que o Senhor Jesus fez na cruz, entrega a vida totalmente a Ele e recebe o Espírito de Deus dentro de si. Isso é o que você verá nas histórias a seguir. Algumas pessoas não tiveram um pai que as protegessem e as guiassem, outras tiveram e, mesmo assim, por um tempo, sofreram pelas escolhas ruins que fizeram e há as que ouviram o bom conselho de um pai que aprendeu a ser um pai seguindo os moldes da paternidade Divina. Mas todas as histórias têm um ponto em comum: os protagonistas aceitaram a oportunidade de se tornarem Filhos de um Pai que nunca falha.

Depressão infantil e delinquência
O relacionamento do empresário Richard Abras Macedo, (foto abaixo) de 32 anos, com o seu pai foi curto e atípico. Ele e sua irmã foram frutos do relacionamento extraconjugal do seu pai com a sua mãe, mas, apesar de seu pai ter outra família, ele sempre foi próximo dele. “Éramos amigos e sempre me alegrei ao lado dele”, conta.

Quando Richard tinha 8 anos, seu pai faleceu e ele sentiu a ausência paterna. “Sempre guardei o sofrimento que sentia dentro de mim e nunca o compartilhei com ninguém, mas ele começou a refletir nas notas ruins na escola, minha letra virou um garrancho e nunca mais fui aquela criança atenciosa com as coisas.” Preocupada, sua mãe o levou ao psicólogo e durante dois anos ele recebeu acompanhamento do profissional por ter sido diagnosticado com depressão infantil.

Na adolescência, apesar de todo o esforço de sua mãe para suprir as necessidades da família, Richard, segundo conta, desejava ter mais do que o que lhe era dado, o que o fez enveredar por maus caminhos. “Eu me deixei levar pela cobiça dos olhos e, por não ter um pai para me orientar, me deixei influenciar. Eu tinha um desejo muito grande de ter uma vida sem regras e sem limites, sempre queria ostentar roupas, tênis e itens caros e minha mãe não tinha condições de me bancar”, declara.

Aos 16 anos, Richard começou a traficar. Ele abriu pontos de venda de drogas e foi preso inúmeras vezes por tráfico, assaltos, posse e porte ilegal de armas. No total, foram três passagens por unidades socioeducativas para menores infratores e seis prisões. “Eu saía da cadeia e já voltava para o crime. As pessoas achavam que eu estava começando uma nova vida, mas não, eu estava em novos lugares para abrir outro ponto de tráfico de droga”.

Em sua penúltima passagem pelo presídio, Richard começou a participar do trabalho da Universal nos Presídios (UNP), orientado por sua mãe, que já participava das reuniões na Universal e buscava em Deus pela mudança da família. Ele relembra que queria uma mudança de vida, mas não sabia como e, segundo ele conta, “mesmo quando estava sob o efeito de drogas, não deixava de participar das reuniões”.
Então, um dia, apesar de não ver a Deus e àquele que era o seu maior inimigo, ele tomou uma decisão que deu início à transformação que ele tanto desejava: “eu olhei para o lado e falei: ‘diabo, a partir de hoje nunca mais você vai ter poder para tocar na minha vida, porque nunca mais eu vou fazer a sua vontade’. Olhei para o céu e falei: ‘Deus, a partir de hoje, o Senhor vai ser o meu Pai, porque, a partir de hoje, começo a fazer a Sua Vontade”.

Nove meses se passaram e, quando o juiz lhe concedeu o alvará de liberdade, Richard saiu do presídio direto para a Igreja. Três meses depois, ele decidiu se batizar nas águas e entregou a sua vida ao Senhor Jesus.

Mas ainda lhe faltava o que lhe tornaria Filho de Deus, com o DNA Divino: o Espírito Santo. Ele entendeu que precisava buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça e as demais coisas lhes seriam acrescentadas. “Comecei a ouvir mais as coisas de Deus, entendi que precisava conhecê-Lo melhor e obedecê-Lo. Foi aí que comecei a ler a Bíblia para entender de fato como agradá-Lo. Aprendi que o sacrifício teria que fazer parte da minha vida para que eu pudesse receber o tudo de Deus e eu queria a Presença dEle dentro de mim”, relata.

Richard lembra do dia em que recebeu o Espírito Santo: “eu senti uma paz dentro de mim que eu nunca sentira na minha vida. Foi aí que eu olhei para o céu e falei: ‘graças a Deus, hoje eu consegui alcançar a melhor coisa da minha vida’”. Depois do batismo com o Espírito Santo, ele passou por situações que usou para testificar que sua transformação, de fato, foi verdadeira.

Cinco anos depois de estar firme na Presença de Deus, sem que ele soubesse, ainda existia um mandado judicial em aberto. Ao se apresentar às autoridades, ele foi preso e, na prisão, ele passou a pregar a Palavra que um dia o libertou. O prazer de fazer a Obra de Seu Pai, Deus, era tão grande que dois anos e dois meses depois de preso, ao receber o alvará de soltura, a vontade que Richard tinha era de continuar preso para poder seguir pregando o Evangelho àqueles homens.

Ao receber a liberdade, ele continuou servindo a Deus em sua igreja e conheceu a sua esposa. Juntos, além de abrirem uma empresa, eles servem a Deus e fazem um trabalho voluntário com adolescentes. “Deus supriu a necessidade que eu tinha de um pai. Percebi o cuidado que Ele sempre teve comigo, me protegendo, me guardando e me dando a direção que eu queria ter tido do meu pai terreno. Ele, em Sua Palavra, nos ensina absolutamente tudo de que precisamos. Encontrei em Deus o carinho, o apoio, o amor e a ajuda que não tive do meu pai terreno. Mesmo na ausência dele, Deus sempre esteve presente em minha vida. Consegui encontrar nEle o meu refúgio”, conclui.

Criada pelas ruas
Com apenas 8 meses de vida, Zenaide Alves de Sena Lemos (foto abaixo) foi deixada por sua mãe para ser criada por uma tia. Cansada das agressões que sofria do marido – e pai de Zenaide –, ela resolveu abandoná-lo. À medida que crescia, Zenaide, segundo lembra, sentia falta de um pai, principalmente quando via as crianças à sua volta. “Eu sempre pensava que se eu tivesse tido um pai eu não teria sofrido tanto. Eu me sentia como um peixe fora d’água, sem vida”, revela.

Por causa das dificuldades de relacionamento que tinha com a mulher que a criou, apesar de só ter 10 anos, Zenaide saiu de casa e foi morar nas ruas. “Minha mãe de criação me xingava muito e minha relação familiar era péssima, o que me motivou a ir para as ruas”, diz.

Zenaide conta que viver nas ruas não foi fácil: “eu dormia no cimento e os papelões me esquentavam. O mundo me criou e foi minha escola. Eu aprendi a beber, a fumar, a usar drogas e a me prostituir. Aos 16 anos, eu engravidei e não sabia nem quem era o pai da criança. Conheci outra pessoa e tive mais três filhos, mas ele também se drogava e me agredia. As crianças não tinham nada para comer e dormiam no chão, com os ratos passando por cima delas. Então, mesmo grávida, decidi fugir dele com os meus filhos”.

Sem ter para onde ir, Zenaide invadiu uma casa abandonada e, sem trabalho, praticava furtos para sustentar os filhos e os vícios. Com depressão, os pensamentos de suicídio eram constantes: “eu queria voltar ao meu estado normal, mas não conseguia. Um dia, eu fumei tanto crack que quase tive uma overdose. Eu até me ajoelhei na frente do traficante para que ele me desse droga e fiz uma sopa com todo tipo de remédio para beber e acabar com aquele sofrimento. Tomei aquilo para morrer, mas não morri”, diz.

Durante outra tentativa de suicídio, as filhas de Zenaide presenciaram sua tentativa de se mutilar. “Elas viram eu me cortar e a parede ficou toda ensanguentada.” Inúmeras vezes, a ex-cunhada de Zenaide a convidava para participar das reuniões na Universal e ela sempre recusava, mas, no auge do sofrimento, ela aceitou o convite.

À medida que participava das reuniões, as palavras que ouvia produzia vida dentro dela. Então, ela foi se libertando de toda opressão. “Eu falei com Deus: ‘o que o Senhor quer que eu faça? Eu só tenho a minha vida destruída para dar ao Senhor, se o Senhor me aceitar”, recorda.

O desejo de Zenaide passou a ser conhecer a Deus para que Ele mudasse a vida dela e das filhas. Então, ela decidiu se batizar nas águas e começar uma nova vida com Deus. A transformação completa, porém, só seria possível com a Presença do Espírito Santo dentro dela. “O Espírito Santo foi a coisa mais linda da minha vida e nunca esqueço do momento que O recebi”, afirma.

A partir daí, a mulher que fora criada pelas ruas passou a ter a direção de Deus para tudo em sua vida. Na igreja, Zenaide conheceu o seu marido. Suas filhas também casaram e constituíram família. Hoje, com 55 anos e atuando como cozinheira, sua transformação foi tão grande que ela mesma custa a acreditar. “Quando eu conheci o Deus Vivo, eu encontrei tudo que não tive. Encontrei o verdadeiro amor de Pai. Hoje eu não sinto falta de um pai biológico porque tenho um pai espiritual que me ama de verdade e cuida de mim. Deus me deu paz, alegria, segurança, carinho, cuidado e amor. Hoje meus filhos também têm o amor de Deus e são felizes. Meu esposo é para elas mais do que um pai presente. Elas têm grande carinho e respeito por ele”, enfatiza.

De pai para filhos
O orientador pedagógico Luiz Antonio Dobroca, (foto abaixo) de 73 anos, lembra da alegria que sentiu quando seu primeiro filho nasceu. Ele tinha 26 anos. A mesma alegria se repetiu no nascimento dos outros três filhos.

Na ocasião, Luiz ainda não tinha a sua vida pautada na Fé baseada na Palavra de Deus, então sua principal preocupação era suprir as necessidades básicas de seus filhos. “Antes de conhecer a Deus, eu era um homem materialista e sem perspectiva de melhora em nossa relação familiar. Porém, com o auxílio de minha esposa e de minha mãe, tive um encontro com Deus e Ele abriu minha mente e meu deu a oportunidade de conhecê-Lo. Então, com Deus, aprendi que o melhor presente que um pai pode dar e deixar para seus filhos é a Palavra dEle em seus corações e suas vidas. Dessa forma, eles terão sempre Sua presença e proteção em todas as fases de sua existência. Eles serão abençoados, assim como suas famílias, e nada lhes faltará”, ensina.

Essa mudança de entendimento foi percebida pelos filhos. O mais velho, Alexander Dobroca, hoje com 48 anos, tinha 10 anos quando o pai abraçou a fé no Senhor Jesus. “Meu pai era uma pessoa nervosa, seus negócios não iam bem e eu presenciei brigas entre meus pais. Depois que ele conheceu a Deus, houve uma guinada em seus negócios, com minha mãe e conosco. Essa atitude de buscar a Deus e conhecê-Lo ajudou muito na relação entre pai e filhos”, relata.

Vendo a transformação do pai, surgiu também em Alexander o interesse de conhecer e aprender mais de Deus. “Aprendi a ler e a entender a Bíblia, a ter comunhão com Ele e a adquirir cada vez mais temor. Meu pai sempre esteve ao meu lado e uma frase dele sempre ecoava em meu pensamento: ‘filho, você tem que entender que Deus tem filhos e não netos. Então, cuide-se para ser filho dEle. Ter um pai cristão me proporcionou ter alguém ao meu lado me guiando para o encontro com Deus, para que Ele fosse o alicerce da minha vida. Via no meu pai as virtudes que me levavam a entender quem era Deus, uma pessoa que posso contar a qualquer hora, seja para conversar, seja rir ou até exortar. Meu pai é íntegro, sábio, resiliente e tem fé”.

Mas os filhos não são todos iguais e Luiz entendeu isso quando o caçula, Valmir Dobroca, hoje com 44 anos, como um filho pródigo, fez escolhas que por muito tempo só o levaram ao sofrimento. “Eu tinha 6 anos e vi a mudança quando o meu pai e minha mãe começaram na fé, mas, por um descuido meu de não querer me interessar pelas coisas de Deus, na adolescência comecei a olhar não para os exemplos dos meus pais, mas para os dos colegas. Eu deixei de ser um garoto que estava sendo preparado para viver uma vida na fé para ser mais um jovem no mundo. A partir dos 18 anos, eu saía até cinco vezes na semana para festas. Durante o verão, eu ia para praia e desaparecia por dois meses. Eu não falava nada para os meus pais e eles, claro, sofriam muito. O pai quer que o filho seja salvo e o meu caminho era a destruição”, conta.

Luiz lembra como ficou na época: “nem todos os filhos são iguais e eles têm o livre-arbítrio para fazer suas escolhas, mas isso nos trouxe preocupações e tristezas. Porém, eu e minha esposa mantínhamos a fé de que isso mudaria e de que ele estava protegido por nossas orações e propósitos no Altar.”

Valmir conta que a busca pela felicidade se tornou um vício que quase acabou com a sua vida. Ele decidiu morar no exterior com o intuito de trabalhar e estudar, mas se entregou ainda mais a festas e drogas, não parava em emprego fixo, não conseguia ter sucesso na vida amorosa e não conseguia se desenvolver em nada. Durante seis anos, ele ficou sem ver os pais e recebia notícias da família apenas por mensagem. “Todos os dias para quem não tem Deus é uma montanha-russa, você sobe, sobe, sobe, sobe e depois você desce. Eu não tinha uma direção para a minha vida”, conta.

Foi quando Valmir voltou a conversar com os pais e eles conseguiram orientá-lo a buscar ajuda espiritual na Universal na Espanha, país onde morava. “Deus me mostrou uma direção de como avançar na minha vida: eu teria que deixar a maluquice do mundo. Se Deus é justo, fiel e Santo, Ele quer que sejamos justos, fiéis e santos. Então, tive que arrancar a mentira, os vícios, a pornografia, as ideias do mundo e tudo aquilo que me manchava. A única coisa que eu tenho na minha vida, a minha alma, eu entreguei e Deus me preencheu e eu deixei de ser criatura para ser Filho de Deus”.

À medida que desenvolvia sua fé, Valmir viu sua vida se transformar. Ele se casou com uma mulher temente a Deus, abriu sua empresa e hoje serve ao Deus que seu pai um dia lhe apresentou. Valmir afirma que seu pai representou Deus em sua vida o tempo todo, com a fé de que um dia o veria transformado em um novo homem, sempre exercendo a autoridade espiritual que recebera de Deus e, acima de tudo, temendo sempre ao Criador. “Como pai cristão, meu maior desejo é que meus filhos continuem a ter a Presença de Deus em suas vidas e se mantenham firmes na esperança da Salvação”, conclui Luiz.

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Colaborador

Núbia Onara / Fotos: Georgijevic/getty images, cedida e Demetrio Koch