O fim dos Filhos do Amanhã

Nesta entrevista exclusiva, o ator Renato Livera fala de seu personagem, Zé Bento, em Apocalipse

Imagem de capa - O fim dos Filhos do Amanhã

A novela Apocalipse, exibida pela Record TV, tem surpreendido os telespectadores não somente por contar uma história bíblica que retrata a atualidade, mas também pelo desenrolar da história de vida dos personagens ao longo da trama, como é o caso do enfermeiro Zé Bento, interpretado pelo ator Renato Livera. Ele é aquele tipo de personagem que aparenta ser do bem, mas que, aos poucos, mostra sua verdadeira face. Ele é um profissional confiável e correto, mas que manifesta comportamentos estranhos quando o assunto é o fim dos tempos.

Em entrevista exclusiva à Folha Universal, Livera, que também deu vida ao engraçado personagem Simut, na novela Os Dez Mandamentos, da Record TV, fala dos desafios de ter interpretado Zé Bento. “Quando recebemos a oportunidade de fazer um personagem, recebemos também a tarefa de doar o que temos para essa nova pessoa, que já nasce com identidade e com um passado enorme, ainda desconhecido para nós. Essa troca entre ator, autor e personagem é o que traz a magia da arte para a cena. Eu tentei ao máximo trazer novas características para o vilão Zé Bento, sem me apegar tanto ao que foi o Simut”, relata.

Oportunista

O enfermeiro, que até então não sabia o que era o Arrebatamento, relatado na Bíblia, vê, depois do desaparecimento de várias pessoas, a oportunidade de se dar bem. “O Zé não sabia o que era o Arrebatamento, quem lhe falou a respeito disso foi Nicanor (Jayme Periard), e usa isso como justificativa para o seu sumiço. Ele ainda não tinha ideia de onde estava se metendo. O personagem também foi uma vítima de suas escolhas e fraquezas. Ele seguiu um caminho muito radical, que lhe tirou seu caráter, sua sanidade e sua dignidade.”

Zé Bento largou o emprego no Hospital Aisen e fundou a seita Filhos do Amanhã. Usando sua “autoridade” mística, ele conseguiu arrebanhar seguidores capazes de se entregar completamente – e sem questionamentos – aos seus princípios, por mais absurdos que eles parecessem.

O enfermeiro se beneficiava de seus seguidores e exigia que seus fiéis se dedicassem totalmente às crenças da seita. Com isso, ele conseguia se aproveitar de quem buscava respostas sobre o Arrebatamento dos familiares. Muitos caíram no conto do enfermeiro, que dizia que sabia o paradeiro dos desaparecidos. “Acho que o Zé Bento tinha boas intenções no início. Depois, ele se mostra manipulador e oportunista e desvia muitas pessoas do caminho. O líder da seita passa a se aproveitar a fragilidade das pessoas com o objetivo de adquirir seus bens materiais e depois passa a enfrentar um problema maior ainda, já que começa a acreditar em sua própria farsa.”

Mas a superioridade de Zé acaba depois que ele e alguns de seus seguidores morrem no incêndio que atinge o galpão dos Filhos do Amanhã. “Todos seguiam Zé Bento e acreditavam que a melhor saída seria estar ao lado dele. O mesmo aconteceu em várias seitas. Uma das mais famosas foi a de Jim Jones, quando mais de 900 pessoas se mataram em prol dele no final da década de 70”, lembra Livera. Na cena, Zé Bento vê que o galpão está se incendiando, mas fecha as portas do local e assim ocorre o fim da seita Filhos do Amanhã.

Teledramartugia

Questionado se acredita ou não no fim dos tempos, Livera revela: “vivemos hoje tempos de extrema tensão no mundo todo, de guerras cruéis e desumanas. É importante não deixarmos de lado a fé, a união e a certeza de que temos forças para enfrentar as dificuldades. Só assim podemos alimentar os nossos desejos de tempos melhores”.

O ator também aborda a importância do departamento responsável pelas novelas, séries e filmes da Record TV: “vejo a teledramaturgia da emissora como uma grande aliada dos profissionais técnicos e artísticos do audiovisual. É uma oportunidade necessária e fundamental para que possamos contar histórias, promover entretenimento e, acima de tudo, estabelecer outras possibilidades de produção no setor. Há anos a teledramaturgia da Record TV vem se desenvolvendo em busca do aprimoramento. Com isso, o mercado fica mais amplo, as ideias mais aproveitadas e o resultado é satisfatório para todos. Fico muito feliz em poder participar dessas produções e espero que a Record TV tenha sempre a inovação, a ousadia e o compromisso com a qualidade como metas”.

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Colaborador

Por Maiara Máximo/ Fotos: Munir Chatack