O casamento de modelo com nove mulheres e a farsa do amor livre

Apesar de o poliamor não ser novidade, casos recentes apontam necessidade de reflexão sobre a verdade por trás dessa ideia

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Parecia piada tal atitude em pleno mundo ocidental, onde o empoderamento feminino tem sido tema de tantos debates… Mas não era brincadeira, era vida real. Recentemente, um modelo brasileiro, conhecido como Arthur O Urso, decidiu se “casar” com nove mulheres em uma cerimônia simbólica e virou notícia.

Ele mantinha o que chama de relacionamento aberto com sua primeira companheira e propôs a ela se unir com as outras mulheres com quem se relacionava. Segundo informações divulgadas na imprensa, eles decidiram “oficializar” a união em prol do amor livre e contra a monogamia.

Antes de falar sobre essa moda que vem e vai em nossa sociedade, gostaria de fazer uma observação a respeito dessa união e de tantas outras uniões rotuladas de “poliamor” que acontecem em pleno século 21: a poligamia existe somente para satisfazer o homem. Cadê as feministas radicais para falar sobre isso?

Muitas, sem nenhum conhecimento, até defendem esse modelo de relação, que só inferioriza ainda mais a nós, mulheres. Com a máscara da liberdade, traz conforto para os homens que querem ter várias sem ser julgados.

A verdade escancarada

Casamentos poligâmicos são comuns na África, e a realidade por lá é bem diferente da que vem sendo vendida por aqui. A vida da queniana Monica Mwagicuh, que ficou conhecida em todo o mundo após se divorciar, revela as sequelas de uma união desse tipo. Monica apanhava quando as demais esposas não cumpriam suas tarefas no lar e perdeu totalmente a autoestima.

Isso acontece, segundo declaração do diretor da Associação de Direito de Família e das Sucessões (Adfas), Caio Morau, porque nas sociedades em que o relacionamento entre várias pessoas ao mesmo tempo é legalizado os direitos das crianças e das mulheres são confrontados. “Nas sociedades onde a prática é institucionalizada, normalmente trata-se de um homem e várias mulheres, que acabam sofrendo com a competição, a baixa autoestima, o alto número de divórcios e a insegurança. O amor que une as pessoas no casamento ou na união estável exige exclusividade. No amor, dividir é diminuir. Por isso a monogamia é um princípio que precisa ser respeitado”, disse.

Não apenas para ele como também para vários outros especialistas, a poligamia fere os direitos humanos e só causa mal às crianças, às mulheres e à sociedade, trazendo riscos enormes de danos físicos e psicológicos.

Provas incontestáveis

Eu só consigo ver uma coisa nesse tipo de relação: o machismo. O que é curioso, porque vai totalmente na contramão do que as pautas progressistas dizem defender. O Código Civil brasileiro ainda proíbe a prática da poligamia e, como bem disse Caio Morau, “a mera possibilidade de reconhecimento desse tipo de relacionamento é um desserviço”.

Vou citar aqui países que aceitam a poligamia: Quênia, Somália, Sudão, Uganda, Butão, Irã e Síria. Uma rápida pesquisa mostra a realidade na vida amorosa das mulheres que moram nessas nações.

É ilusório demais afirmar que a poligamia significa maior liberdade. São muitos os estudos que comprovam que escolher a monogamia é questão de inteligência, não de moralismo. Alguns chegaram à conclusão de que a poligamia aumenta o risco de doenças coronarianas e violência doméstica, e reduz o investimento de tempo na educação de meninas e a produtividade profissional.

Você sabia que as sociedades poligâmicas são violentas? Segundo um estudo de pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, se a poligamia fosse regra o mundo seria mais violento, com altas taxas de estupros e homicídios. O mesmo estudo concluiu que a monogamia reduz a violência.

É também por isso que, com o passar dos anos, grande parte da humanidade aboliu a poligamia.

Fuga da realidade

Mas ser monogâmico exige sacrifício, comprometimento, respeito, confiança e decisão. E muitos preferem deixar de lado esse compromisso com o outro. Além disso, psicólogos chegam a dizer que quem escolhe viver relações com duas pessoas ou mais normalmente enfrenta dificuldades para encarar angústias da vida adulta e para superar mágoas do passado em relação à vida amorosa, e sente um enorme medo de perder. Assim, na cabeça dessas pessoas, aumentar o número de parceiros seria uma forma de tentar esconder o pavor da solidão.

“Vemos nos adeptos do poliamor uma fuga clara de si mesmos. Percebo que as pessoas estão cada vez mais carentes de aceitação, de amor, de respeito e de intimidade. Com isso, muitas vezes buscam essa realização em todo tipo de relacionamento. Infelizmente, na maioria das vezes, elas sairão mais feridas da situação do que quando entraram nela”, detalhou a psicóloga Alessandra Souza de Amorim.

De qualquer forma, enquanto o ser humano buscar fugir da realidade de sua vida emocional, sempre viverá numa prisão, muitas vezes disfarçada de amor livre.

Não se engane: relações abertas costumam durar pouco, e por isso é muito importante construir um relacionamento com base sólida. Qualquer relação humana, quando não se apoia em valores sólidos e em respeito mútuo, tende a dar errado. A monogamia é o único tipo de relação que pode levar um casal a níveis de respeito, de amor, de prazer, de amizade e de completude que só quem vive a monogamia da forma certa sabe do que eu estou falando.

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Colaborador

REFLETINDO SOBRE A NOTÍCIA POR ANA CAROLINA CURY | Do R7 / Foto: Istock