Negligência no combate à tuberculose ocasiona aumento de casos da doença

Falta de vacinação, condições precárias da população e baixa imunidade são fatores que impulsionam as infecções

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Embora o progresso no combate à tuberculose no Brasil ao longo dos anos tenha sido significativo, a doença ainda é uma preocupação das autoridades de saúde. Em 2022, foram registrados 78 mil casos, um aumento de 4,9% em comparação a 2021 e recorde no número de óbitos pela enfermidade em 2021: cerca de 5 mil pessoas perderam a vida, ou seja, 14 por dia.

Esses dados indicam que a bactéria circula pelo País, mas ela tem uma característica interessante: nem todos que entram em contato com ela desenvolvem a doença. “Uma pessoa que está com o sistema imunológico funcionando adequadamente consegue estabelecer um mecanismo que impede a proliferação da bactéria. Quando ela afeta os pulmões, por exemplo, é comum surgirem nódulos que são células de defesa se aglutinando ao redor da bactéria”, explica o médico pneumologista João Carlos de Jesus.

Dessa forma, o principal grupo de risco da doença é formado por pessoas com imunidade baixa, entre elas estão as que sofrem de desnutrição ou vivem de forma precária, sem acesso a alimentos básicos para a manutenção da saúde. “Outro grupo com maior risco é o de pessoas com HIV/Aids”, diz o médico. Também precisam de atenção os pacientes que usam medicamentos que causam redução da imunidade. “Pessoas que tratam artrite reumatoide, lúpus, doenças intestinais, como a doença de Crohn, estão mais sujeitas à tuberculose”, afirma.

O papel da imunização
A vacina BCG, contra a tuberculose, é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúe (SUS). A recomendação é que o imunizante seja administrado em dose única já nas primeiras horas de vida. O pneumologista explica qual é a ação do fármaco no organismo: “a vacina BCG não faz com que a pessoa fique imune à tuberculose, mas reduz muito o risco de desenvolvimento da forma grave da doença. A tuberculose pode causar meningite, infecções ósseas e renais, por exemplo”.

Segundo ele, o adulto que não recebeu a vacina na infância deve tomá-la. “Mesmo que já a tenha tomado antes e se esqueceu, pois a nova aplicação não traz prejuízos à saúde”, orienta. Ele lembra ainda que negligenciar a imunização, principalmente dos filhos, pode gerar consequências graves.

O micro-organismo responsável pela tuberculose chama-se micobactéria, tem “crescimento lento, não é muito agressivo no começo e é bastante resistente, podendo se desenvolver lentamente nos pulmões, o que faz com que o indivíduo não se sinta doente. Apesar disso, não convém negligenciar os sintomas”. Leia mais nos quadros ao lado.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Arte: Edi Edson