Nada de baixa no estoque

Feriados prolongados, como o carnaval, tendem a afugentar os doadores de sangue, o que compromete o trabalho dos bancos de sangue e coloca a vida de várias pessoas em risco. Entenda por que é importante ser um doador regular

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Quando o assunto é saúde, o sangue não pode ficar de fora, pois trata-se de algo vital para a sobrevivência. Nesse sentido, a doação de sangue é um ato que pode fazer a diferença na vida de pessoas que enfrentam condições médicas graves ou foram submetidas a cirurgias complexas. Segundo o Ministério da Saúde, cada doação requer do doador 450 ml de sangue, quantidade que pode salvar até quatro pessoas.

O País tem diversos bancos de sangue em que é possível fazer a doação, mas, infelizmente, nem sempre os estoques estão em níveis adequados. A quantidade de bolsas de sangue costuma baixar durante os feriados e festividades, como o carnaval, ao mesmo tempo que a demanda aumenta por causa de acidentes. E, com essa baixa, muitas pessoas serão impactadas, como as que sofrem de doenças como a anemia falciforme ou com distúrbios de coagulação, que frequentemente necessitam de transfusões regulares. Pacientes com alguns tipos de câncer, como a leucemia, indivíduos submetidos a cirurgias eletivas ou de emergência e vítimas de acidentes graves também ficam sob risco de morrer por falta de doações de sangue.

Em 2023, mais de 3,2 milhões de bolsas de sangue foram coletadas no Sistema Único de Saúde (SUS) e 1,6% da população brasileira é doadora, percentual que está dentro dos parâmetros preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo o Ministério da Saúde. Mas, para suprir com segurança os possíveis aumentos de demanda ou quedas inesperadas de doações, é preciso que as pessoas façam doações regulares.

Dá para melhorar

À Folha Universal, Tila Facincani, hemoterapeuta da Fundação Pró-Sangue, instituição pública ligada à Secretaria da Saúde do governo do Estado de São Paulo e ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sinaliza a necessidade do acesso rápido e fácil a estoques satisfatórios dos bancos de sangue, uma vez que há situações diversas em que um paciente pode precisar de sangue. “Doar não traz nenhum prejuízo para o doador. Doar traz um benefício social e pessoal de estar fazendo uma boa ação e ajudar uma vida com um ato que vai durar dez minutinhos”, diz.

Em relação ao declínio de doações verificado no começo de ano, Tila destaca que as chuvas e as consequências das enchentes atrapalham a programação de doações. “Nós recomendamos que os que puderem vir no período da manhã, venham, pois é menos comum chover nesse horário. Então, tem períodos de maior criticidade. Na verdade, nós temos ficado com estoque reduzido desde a pandemia de covid-19. Nunca mais as pessoas doaram da mesma forma”, explica.

Quem já precisou receber sangue ou com algum familiar com necessidade de recebê-lo sabe muito bem como esse ato é importante. Tila lembra que todos os tipos de sangue são importantes: “Nós damos preferência para os de isogrupo.Por exemplo, quem é A vai receber sangue A, mas, em caso de emergência, muitas pessoas que são A, B e AB acabam recebendo sangue O. Nós sempre temos os estoques de O positivo e O negativo menores e todos os negativos acabam ficando mais defasados. Como o O é doador universal, temos bastante dificuldade”, esclarece.

Sangue bom

O Grupo da Saúde Universal (GSU) promove ações que mobilizam constantemente os agentes de
bem-estar (como são chamados seus voluntários) e a população em geral a fazerem doações de sangue em todo o País. “A Universal e o Grupo da Saúde destacam a doação de sangue como um ato nobre e de amor ao próximo. Organizamos campanhas nacionais, sempre promovendo conscientização, e mostramos que, com uma única doação, é possível salvar até quatro vidas”, diz o Pastor Sandro Vasques, que está à frente do cuidado espiritual do grupo no Templo de Salomão, em São Paulo. “Muitos pacientes dependem dessas doações para sobreviver. Apoiar a causa é um compromisso com a vida, com a solidariedade e com a construção de uma sociedade mais humana e unida”, diz.

Em um gesto simples como de doação de sangue, o GSU enxerga um impacto imenso, como conta o Pastor Sandro: “Para nós, é um ato de empatia e generosidade. Cada bolsa de sangue representa esperança para quem luta pela vida e nossa missão é mobilizar o maior número possível de pessoas para fazer essa diferença”. A última grande mobilização realizadada pelo grupo ocorreu em novembro, com a campanha Mês do Doador. “Durante todo ano de 2024, tivemos mais de 54 mil doadores, que beneficiaram aproximadamente 216 mil pessoas”, finaliza. Vale lembrar que homens podem doar até quatro vezes ao ano com intervalo de dois meses entre elas e as mulheres podem fazer três doações anuais com intervalos de três meses entre elas.

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Cedidas