Mundo em guerra: conflitos e mortes aumentam mais a cada ano

Confrontos registraram quase 240 mil mortos em 2022 e a guerra entre Israel e o Hamas pode agravar o quadro neste ano

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Há uma escalada da violência em todo o mundo. Somados os conflitos armados de menor porte, confrontos entre países e guerras civis de larga escala, foram quase 240 mortos no ano passado, o maior registro em 30 anos. Os dados são do Programa de Dados de Conflitos da Universidade de Uppsala (UCDP), na Suécia. Segundo o UCDP, o número de mortes entre 2018 e 2020 – ainda que elevado – se manteve estável em relação a conflitos armados e guerras por todo o planeta: cerca de 82 mil por ano. No entanto em 2021 e 2022 as estatísticas mudaram radicalmente. Em 2021 foram 121,2 mil mortos, o que equivale a um aumento de 50% em relação aos três anos anteriores, e chegou a 238,2 mil em 2022.

A partir de 2021, o crescimento das mortes em batalhas pode ser explicado, em boa parte, pelo agravamento das guerras civis no continente africano, como na Somália, Nigéria e Etiópia. Já no caso de embates entre países, o maior de todos nos últimos anos foi a guerra entre Rússia e Ucrânia: em 2022, foram quase 83 mil mortos. E, ao considerarmos todo o período entre fevereiro de 2022 e agosto de 2023, segundo números do governo dos Estados Unidos, perto de 500 mil pessoas já teriam morrido, incluindo quase 10 mil civis e 500 crianças.

Conflito em Israel
Como este ano ainda não terminou, o UCDP segue colhendo informações de todo o mundo, mas já se sabe que o cenário é desolador. A maioria dos confrontos, com exceção do que envolve a Rússia e a Ucrânia, se intensificou e o pior é que na segunda metade deste ano começou mais uma grande guerra: entre Israel e o Hamas.

O confronto começou em 7 de outubro deste ano, com um ataque terrorista do Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, e matou cerca de 1,2 mil pessoas em território israelense. Até 5 de dezembro, essa guerra já tinha provocado cerca de 16 mil mortes, de acordo com a imprensa internacional, mas é importante destacar que os números não podem ser verificados de forma independente. Depois de uma breve pausa nas hostilidades, quando reféns foram libertados pelos dois lados, a guerra foi retomada com maior intensidade.

A organização sem fins lucrativos Conselho Dinamarquês para Refugiados (DRC) atua em crises humanitárias desde 1956, com foco em refugiados no mundo inteiro. O DRC mantém uma base de dados a respeito do “deslocamento forçado” entre países — que resulta da soma de refugiados, asilados e de pessoas deslocadas internamente (caso de quem é forçado a se mudar dentro de seu país). Além de desastres naturais, em muitos casos, as razões principais por trás dessa situação são os conflitos armados e as guerras civis.

Segundo o DRC, no momento da publicação dos números, existiam mais de 108 milhões de pessoas deslocadas forçadamente pelo planeta, situação que se agravou no ano passado com a guerra na Ucrânia e mais ainda neste ano com a guerra na Palestina.

Socorro humanitário
Em meio ao caos social e a estatísticas preocupantes, há muitas pessoas trabalhando para levar um pouco de alívio e conforto às famílias que perderam entes queridos, aos refugiados e a outros grupos afetados pelos conflitos. Além das iniciativas desenvolvidas em todos os continentes, especialmente na África, o Unisocial, formado pela união de voluntários dos programas sociais da Universal, tem levado água, alimentos e muitos outros itens a 13 países europeus que vêm acolhendo refugiados ucranianos. Em 2022 e neste ano, em parceria com a Universal de Portugal, Bélgica, Itália e Inglaterra, a quantidade de doações chegou a 1,73 mil tonelada de alimentos. Também já foram doadas 32 mil toneladas de água, mais de 9 mil kits de higiene e 11 mil peças de roupa, dentre outros itens, a partir das iniciativas da Igreja em favor de ucranianos deslocados internamente e os espalhados por outros países.

Se considerado o mundo inteiro, por meio dessas ações, o socorro da Universal beneficiou quase 500 mil refugiados de guerras em 2022 e neste ano. O Bispo Tiago Casagrande, responsável pelo trabalho evangelístico na Ucrânia, lembra que mais de 80% da população ucraniana sofre com o desemprego, pois a economia e a infraestrutura foram muito afetadas. “Isso inclui a falta de água e de energia elétrica, especialmente durante grande parte do inverno”, destaca.

Casagrande comenta que há ainda outros desafios ao lidar com a população ucraniana refugiada pela Europa ou que foi forçosamente deslocada em seu próprio país: “ela está muito ferida, magoada pela guerra. Muitas pessoas tiveram que deixar suas casas, têm parentes guerreando e até perderam familiares”. Ele enfatiza a importância de levar uma palavra de conforto, bem como o trabalho social, que já distribuiu cerca de 120 mil cestas básicas aos refugiados ucranianos em asilos e vilarejos.

Além das famílias na Ucrânia, as ações da Universal se estenderam também à Polônia, Romênia, Moldávia, Estônia, Lituânia e Holanda – para onde ucranianos seguiram em busca de refúgio. Além disso, a Universal, que chegou à Rússia em 1997, desde o início da guerra já amparou aproximadamente 500 cidadãos deslocados internamente, por meio da doação de quatro toneladas de alimentos.

*Com informações do UNIcom

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Redação / Foto: cedidas