“Meus pensamentos eram dominados por esses desenhos”
Saiba como Ananda Tiharu ficou livre de uma depressão severa e do mundo paralelo que fantasiava
A advogada Ananda Tiharu Murakami, de 33 anos, hoje desfruta de uma vida de paz, mas nem sempre foi assim. Ela nasceu em São Bernardo do Campo (SP) e enfrentou problemas de sonambulismo e pesadelos frequentes na infância. “Lembro que passei a ter pavor noturno porque sabia o que ia acontecer ao dormir. Cresci em um ambiente cheio de brigas, discussões e confusões. Apesar disso, meus pais sempre fizeram tudo por mim”, disse.
Ela conta que, quando criança, já acreditava que a vida não fazia sentido e essa sensação continuou na adolescência. Em busca de um refúgio, ela descobriu o mundo dos animês (desenhos animados) e chegou a ser considerada “otaku”, expressão de origem japonesa utilizada para designar fãs radicais de determinado assunto. “Eu sentia um imenso vazio e desânimo para tudo, complexo de inferioridade, nervosismo, não conseguia me concentrar nos estudos e tinha pensamentos negativos e de morte. Então, passei a ficar trancada no meu quarto. Buscando uma fuga para a realidade entrei no mundo fanático otaku. Eu passava horas assistindo animês, desenhando e criando histórias em quadrinhos. Eu tentava preencher meu vazio sendo popular, tendo pessoas tirando fotos comigo, muitas amizades, mas nada disso conseguiu tirar aquela tristeza”, recordou.
Chegou um ponto em que só gostar de animês não bastava e ela relata que queria se tornar um personagem de desenho. “Me tornei colecionadora de bonecas de animês japoneses. Minha mente e meu coração eram tão envolvidos que passei a participar de competições de cosplayer (se fantasiar de personagens) e fiz curso de dublagem para interpretar esses personagens. Na minha mente o desejo de me casar com um personagem era normal, porque eu me sentia um, e meus pensamentos eram dominados por esses desenhos como uma fuga da minha realidade depressiva”, expôs.
Ela cita que alcançou certa popularidade no segmento, mas os sintomas de depressão e possessão somatizavam dores físicas. “Eu tinha dores por todo o corpo, peso nas pernas, cansaço extremo, nervosismo, ansiedade, perda de peso, tristeza profunda, agonia e ainda perturbações como visão de vultos, sensação de morte e a constante sensação de que havia alguém me observando”, relatou.
Os pais de Ananda, tentando achar uma solução para a filha, chegaram a levá-la a sessões de rituais espirituais, mas a situação dela só piorava. O que também não adiantava eram as medicações, cada vez mais fortes, para conter a depressão e o cansaço extremo. A situação se agravou quando Ananda passou a ter pensamentos de suicídio. “Eu me sentia uma decepção na vida dos meus pais e achava que eles tinham perdido dinheiro investindo nos meus estudos. Desde a infância, eu tinha a sensação de morte”, disse.
Em 2003, aos 15 anos, Ananda foi convidada por uma prima para participar de reuniões de libertação na Universal. Depois de entender que havia uma atuação maligna em sua vida, ela se libertou da depressão, das perturbações e das dores, mas resistia em entregar sua vida para Deus e o vazio na alma permanecia.
“Continuei sem compromisso durante anos dentro da Igreja, apegada ao pouco que eu considerava minha alegria. Não via nada de errado em ser otaku. Era apenas uma frequentadora na Igreja, que me curou das enfermidades, mas minha alma ainda estava perdida”, recordou.
O Altar e uma nova vida
Foi durante uma Fogueira Santa, em 2006, que ela ouviu uma pregação sobre os perigos da idolatria e entendeu que estava colocando os personagens em primeiro lugar em sua vida. “O pastor pregou sobre a idolatria da família de Gideão e, naquele dia, entrei no meu quarto e olhei para todos os pôsteres de animês, minha coleção de mangás e tantas outras coisas às quais eu era apegada. A fé me fez enxergar a causa do mal na minha vida. Resolvi sacrificar, vendi tudo e depositei o valor no Altar. Senti uma enorme dor, como se estivesse morrendo para mim mesma. Sem minhas distrações, meu coração ficou sem nada a que se apegar. Meu sacrifício foi aceito por Deus, que passou a ser o primeiro em minha vida”, afirmou.
Em seu blog, o Bispo Edir Macedo já escreveu sobre a importância de ter Deus em primeiro lugar. “Existem pessoas que fazem o sacrifício físico, mas não o espiritual. Estas podem sim conquistar a cura, o emprego e algumas coisas mais, porém nunca terão a paz e a certeza da Salvação que Deus tem para dar. E não é isso o que nós queremos. Nós queremos um povo forte, livre, abençoado, próspero, guerreiro, convertido e, acima de tudo, nascido de Deus”, afirmou.