Inversão de valores: quando o errado começou a virar “certo”?
Atualmente, vivemos um momento de crescimento da aceitação e da normalização de valores inversos. Isso, porém, só é possível quando a verdade é desconstruída e substituída por novas e agradáveis ideias que, no fundo, não passam de mentiras. Podemos citar o Ad Verecundiam, ou Falácia do Apelo à Autoridade, quando afirmações falsas são consideradas verdadeiras ao serem ditas por supostas autoridades ou por pessoas que “falam difícil”.
Um exemplo foi a campanha das indústrias de fórmulas infantis que investiu milhões de dólares a partir dos anos 1950, promovendo a ideia de que eram iguais ou até superiores ao leite materno. A fórmula infantil foi apresentada como um avanço científico que “libertaria” as mulheres do “fardo” da amamentação, oferecendo um alimento “cientificamente desenvolvido” para o bebê.
A desinformação contou com apoio de profissionais da saúde que desconheciam na época a importância do aleitamento materno, além de se deixarem influenciar pelas amostras grátis (e outros benefícios) fornecidos pelas indústrias. O ambiente hospitalar também foi um elemento decisivo para a difusão da falácia, pois passou a redistribuir as amostras grátis e a oferecer serviços convenientes às mães, como mamadeiras prontas. A mentira embalada como verdade conveniente contribuiu para uma queda significativa nas taxas de amamentação em vários países, incluindo o Brasil.
Quando as mentiras passaram a convencer mais do que as verdades?
Não é possível afirmar com exatidão, mas há uma linha de raciocínio, baseada em evidências latentes, que nos leva a conclusões lógicas. Imaginando que alguém queira contaminar a água que abastece uma região, o mais eficiente seria contaminar a fonte. Uma vez que todos passassem a consumir a água contaminada, aos poucos, todos se acostumarão a ela. E, para as gerações futuras que nunca souberam o que é água pura, a contaminada seria a normal. Da mesma forma, para implantar falácias é preciso contaminar a fonte do saber, reduzindo-a ao descrédito e ao status de crendice popular, sem qualquer “base científica”.
A Bíblia Sagrada, especialmente na tradição judaicocristã, é a fonte de sabedoria há milhares de anos, estabelecendo valores morais, éticos e de justiça. A lei mosaica – ou os Dez Mandamentos – serviu de base para a criação tanto dos sistemas legais antigos como dos pré-modernos.
Porém, entre as diversas falácias que tentam descredibilizar a Bíblia, está a que afirma que a Ciência a contradiz, ou seja, que é preciso “escolher um lado” e que quem crê nos ensinamentos bíblicos é menos inteligente do que os céticos.
A questão é que a Ciência não cria nada, apenas tenta explicar como as coisas funcionam. Apesar de não haver consenso científico de que Deus existe, não há nenhuma evidência do contrário. Particularmente, creio ser mais fantasioso acreditar que tudo que existe é obra de uma explosão do que na criação intencional projetada e executada por uma inteligência superior.
Resultados da banalização da sabedoria
Pela primeira vez na história temos uma geração menos inteligente do que a anterior. Richard Flynn, psicólogo e professor emérito britânico, desenvolveu diversas pesquisas sobre inteligência humana, psicometria e diferenças de quociente de inteligência (QI).
Ele estabeleceu um fenômeno, devidamente documentado e chamado de Efeito Flynn, que apontava um aumento do QI em cerca de três pontos a cada década, durante grande parte do século 20 em países desenvolvidos. Porém, a partir do início do século 21, vários estudos começaram a mostrar que o Efeito Flynn está passando por uma reversão, ou seja, as gerações mais jovens estão apresentando um QI inferior à anterior.
Se por um lado estamos cercados de informações, por outro, grande parte das pessoas não sabe o que fazer com elas. Sobre isso, o escritor Ryan Holiday afirma em sua obra A Quietude é a Chave que somos superalimentados, mas estamos subnutridos.
Segundo a sabedoria bíblica, o aluno deveria suplantar seu mestre, como o rei Davi afirma em uma oração registrada no Salmo 119.99: “Tenho mais discernimento que todos os meus mestres, pois medito nos Teus testemunhos.” A valorização da informação em detrimento da sabedoria é, sem dúvida, um dos motivos que nos trouxeram até aqui.
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