IA e luto: a ilusão de tentar reviver quem já partiu
Clones digitais prometem amenizar a dor da perda, mas apenas a fé pode curar a alma enlutada
Com o avanço da inteligência artificial (IA), até a dor do luto passou a ser alvo das inovações tecnológicas. Os chamados “bots do luto”, também conhecidos como griefbots ou fantasmas digitais, são programas de inteligência artificial criados para simular a personalidade e o estilo de conversa de uma pessoa já falecida e prometem amenizar a dor da perda, mas especialistas alertam para o risco psicológico de manter o vínculo artificial com quem morreu. Ao prolongar o apego, muitos acabam impedindo o ciclo natural do luto e alimentando uma esperança que não existe. A proposta, embora vendida como uma forma de consolo, levanta uma questão preocupante: até que ponto essa “conversa com os mortos” ajuda ou aprisiona quem sofre com a perda?
A dificuldade em lidar com a morte não é nova. Muitos ficam paralisados depois de perder alguém, incapazes de seguir em frente, e sentem como se experimentassem a morte em vida. Mas a tentativa de estender o convívio com quem partiu com a ajuda da tecnologia pode prolongar esse sofrimento. Mesmo sem recorrer à tecnologia, muitos permanecem presos ao passado, revivendo lembranças, evitando desapegar-se e, consequentemente, deixando de viver. O resultado pode ser devastador: depressão, isolamento e até doenças físicas relacionadas ao sofrimento emocional.
Sob a ótica cristã, o luto é um processo inevitável, como afirma o sábio rei Salomão em Eclesiastes 3:1-8, em que afirma que há tempo para todas as coisas, inclusive de nascer e de morrer, de chorar e de rir. Na Bíblia, há inúmeros exemplos de consolo diante da morte. Em João 11:25, Jesus afirma: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá”.
Como o rei Davi lidou com a dor do luto?
Um exemplo de enfrentamento da dor do luto foi o rei Davi, que viveu o sofrimento de perder um filho recém-nascido. Enquanto a criança ainda estava viva, ele se humilhou diante de Deus: jejuou, orou, chorou e suplicou pela cura. No entanto, quando soube que o bebê tinha morrido, sua atitude surpreendeu a todos: “Então Davi se levantou da terra, e se lavou, e se ungiu, e mudou de roupas, e entrou na casa do Senhor, e adorou. Então foi à sua casa, e pediu pão; e lhe puseram pão, e comeu” (2 Samuel 12:20).
Davi reconheceu que já havia feito tudo que podia e, a partir daquele momento, mesmo triste e com a dor de um pai que perdeu o filho, sabia que a vida precisava seguir adiante – e assim fez, confiando em Deus.
O consolo que vem de Deus
Foi o Espírito Santo quem deu a Davi o discernimento de como agir perante a vida e a morte. Ele compreendeu que há momentos em que devemos lutar e outros em que precisamos aceitar a vontade divina. Ele entendeu que Deus continua sendo Senhor tanto quando cura quanto quando permite a perda, pois a vida pertence a Ele.
Enquanto a tecnologia tenta oferecer um consolo artificial, o verdadeiro conforto vem de Deus. Por mais sofisticado que seja o algoritmo, ele jamais será capaz de reproduzir o espírito humano, porque apenas Deus é o Autor da vida.
A solução não é tentar trazer de volta quem já partiu, mas buscar o Consolador, o Espírito de Deus. Ele cura as feridas invisíveis, ressignifica o que aconteceu e nos dá uma nova visão.
“Das profundezas, Ele me tirou…”
No Salmo 18, nos versículos 15 e 16, lemos: “Então foram vistas as profundezas das águas, e foram descobertos os fundamentos do mundo, pela tua repreensão, Senhor, ao sopro das tuas narinas. Enviou desde o alto, e me tomou; tirou-me das muitas águas”. O luto é como estar submerso nas águas da dor, sem conseguir respirar, mas Deus estende a mão, nos tira dessas profundezas e nos devolve o fôlego, a luz e a alegria de viver.
Projeto Consolador
É nos momentos de dor que os voluntários do Projeto Consolador, um dos trabalhos do grupo de Evangelização (EVG) da Universal, entram em atividade. “O Projeto Consolador tem a missão de oferecer apoio emocional e, sobretudo, espiritual às pessoas que enfrentam a dor do luto. Mais do que palavras de conforto ou gestos de carinho, o projeto leva a Palavra de Deus, a única capaz de curar a dor da alma, a velórios, nos sepultamentos e a famílias enlutadas. Por meio de orações, visitas e acompanhamento contínuo, os voluntários lembram que ninguém está sozinho, pois o Espírito Santo, o Consolador, está presente para fortalecer e renovar a fé”, diz o Pastor Alex Dias, responsável pelo EVG.
Ele destaca a importância de não ficar preso ao passado para conseguir seguir em frente: “O luto é um tempo de dor, mas também de entrega. É confiar que o Senhor Jesus acolheu aquele que partiu e que continua cuidando de quem ficou. Quando insistimos em permanecer apenas na lembrança do sofrimento, fechamos espaço para a paz que vem da fé. Seguir em frente não é esquecer, é permitir que Deus transforme a saudade em gratidão e que o amor continue, agora de outra forma: guardado em nós, mas sustentado pela esperança do reencontro eterno”, finaliza.
Se está com dificuldade de lidar com o luto, procure um voluntário do Projeto Consolador na Universal mais perto de você.
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