Grã-Bretanha cria Ministério da Solidão

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A Grã-Bretanha, localizada ao leste do continente europeu, está enfrentando uma onda de “crise de solidão” entre os habitantes – é o que aponta o relatório “Combate à solidão – uma conversa de cada vez”, elaborado pela Comissão Jo Cox sobre Solidão.
Na pesquisa, cerca de 9 milhões de pessoas afirmaram que se sentem sozinhas – um cenário que atinge, sobretudo, os idosos.
Para se ter uma ideia do quadro geral, 1 em cada 3 pessoas na faixa dos 75 anos dizem que seus sentimentos de solidão estão fora do controle. 8 em cada 10 cuidadores de idosos se sentem isolados do convívio social, por causa da profissão. 50% das pessoas com algum tipo de deficiência se sentem abandonadas. 58% dos imigrantes e refugiados de Londres dizem que a solidão tem sido o maior desafio na adaptação.
O documento foi encomendado pela Cruz Vermelha em parceria com a Co-op, uma cooperativa de alimentos.
Por causa da crescente preocupação em torno do tema, a primeira-ministra britânica, Theresa May, decidiu nomear uma ministra da solidão: Tracey Crouch, que já era conhecida da pasta de Esportes e da Sociedade Civil.
A solidão não faz bem para ninguém
Segundo a psicanalista Claudia Sens, a solidão, geralmente, vem acompanhada de outros problemas interiores.
“As queixas de pessoas que chegam ao consultório com essa demanda são variadas, tais como: baixa autoestima, insegurança, falta de tolerância na convivência, passividade, sentimento de fracasso, de se sentir desprotegida e vulnerável perante os outros, dentre tantas”, aponta.
Por isso, o primeiro passo para lidar com essa condição, antes que ela resulte em complicações, é a identificação do constante isolamento.
“Às vezes, a própria pessoa pode identificar e buscar ajuda, se há a percepção de que sua vida está se empobrecendo. O que já é positivo. O grande problema está quando a própria pessoa não se dá conta do estado de isolamento em que se encontra, ou nos casos dos idosos que são desprovidos de um investimento afetivo familiar, e vivem exilados em sua própria condição”, alerta.
A psicanalista ainda acrescenta que o médico Sigmund Freud dizia que o mal-estar na civilização é o mal-estar dos laços sociais, por isso é necessário um convívio saudável entre as pessoas para que tudo funcione da melhor maneira possível. Nos demais indivíduos nós encontramos o afeto – e não no isolamento.
“Eu não posso parar”
Aos 73 anos, Iara Maria Elias Colombo (foto ao lado) não se deixa abater pelo desânimo ou pela solidão.
“Nós temos que ficar ativos. Eu não posso parar. O meu marido faleceu há quase 5 anos e tenho duas filhas lindas, mas elas não moram comigo. Então, eu procuro participar das atividades do Calebe, todas as semanas. Eu sofri uma paralisia no rosto, há algum tempo, e as atividades têm me ajudado com isso”, explica.
O “Calebe” que ela faz referência, trata-se de um projeto social que atua junto ao idoso, no Brasil e no exterior (foto ao lado). O objetivo do grupo é motivar os integrantes por meio de novas amizades, participação de atividades de lazer e ações sociais.
Iara conheceu esse projeto por meio de um convite, feito por um dos voluntários. Na época, as aulas de coral estavam dando os primeiros passos e ela logo se interessou em fazer parte.
“Eram poucos integrantes, 4 ou 5. Mas eu gostava. Não sei tocar nenhum instrumento, mas cantar é uma coisa que eu gosto muito. No grupo, eu canto no coral e faço aula de dança. Os voluntários sempre foram carinhosos comigo. Por causa do Calebe, eu já visitei asilos – para conversar com o pessoal – e conheci alguns parques da cidade”, relembra.
“Compartilha Comigo”
No mês de novembro próximo, o grupo promoverá a campanha “Compartilha Comigo”, que incentivará os integrantes da melhor idade a dizer não à solidão. Para ficar por dentro das novidades sobre esse projeto, acompanhe a página oficial do Calebe no Facebook.
Se você consegue identificar que tem sido vítima da solidão ou conhece alguma pessoa que está nessa situação, não perca tempo e mude esse cenário o quanto antes.

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Colaborador

Daniel Cruz / Fotos: iStock e cedidas