Getsêmani: onde sua vontade é colocada à prova
No jardim da prensa, Jesus venceu a própria vontade ao se render à do Pai. Hoje, cada um é chamado a viver o seu Getsêmani espiritual
O ser humano carrega dentro de si uma inimiga silenciosa: a própria vontade. É ela que, na maioria das vezes, nos conduz a fazer escolhas baseadas na facilidade e no prazer imediato, mesmo que isso custe caro no futuro. Assim, travamos diariamente uma batalha constante entre o bem e o mal, entre obedecer a Deus ou seguir os nossos próprios desejos.
Mas o Senhor Jesus nos mostrou que é possível vencer essa guerra. No Jardim do Getsêmani, quando estava prestes a enfrentar a cruz, Ele também sentiu o peso da vontade humana, mas escolheu submeter-se à Vontade do Pai. Em obediência total, Ele abriu mão de Si mesmo para garantir que todos nós tivéssemos a oportunidade de alcançar o Reino dos Céus.
O local da prensa
Ao pé do Monte das Oliveiras, fora dos muros de Jerusalém, fica o Jardim do Getsêmani, termo que significa “prensa de azeite”. Ali, funcionava uma espécie de fábrica onde, depois da colheita, as azeitonas eram levadas para serem prensadas e transformadas em azeite.
As azeitonas eram colocadas em um tanque de pedra e uma grande roda circular, movida por homens ou por um jumento, as esmagava. A pasta resultante era colocada em cestos levados para uma prensa. Ali, uma viga pesada era abaixada lentamente, comprimia os cestos e o
azeite escorria.
Na primeira prensagem, era extraído o azeite mais puro, espesso e escuro, considerado as primícias da colheita: o dízimo. Esse azeite era destinado ao Templo de Salomão e ali era usado para ungir reis e sacerdotes, além de preencher a menorá (candelabro de sete hastes), que permanecia acesa continuamente.
Já o azeite da segunda prensagem servia para a alimentação e a preparação de unguento (produto para fins medicinais) e o da terceira prensagem extraía até a última gota o que seria utilizado na fabricação de sabões, perfumes e para acender lamparinas. Assim como este azeite era usado para iluminar, o Senhor Jesus, após o Seu sacrifício, se tornaria a Luz do Mundo (João 8:12).
Tal como as azeitonas passavam por essas sucessivas prensagens até liberar o azeite, Ele também seria “prensado” no Getsêmani. Sua escolha por este lugar para viver Suas últimas horas não foi, portanto, por acaso.
Jesus no Getsêmani
O Getsêmani era um lugar onde o Senhor Jesus costumava orar e reunir os seus discípulos (Mateus 26:36). Depois da Santa Ceia, um dia antes de ser crucificado, Ele se dirigiu a esse jardim, acompanhado de Pedro, Tiago e João. O Evangelho relata em Lucas 22:40-41: “E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação. E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava”.
Em sua passagem como homem pela Terra, Jesus experimentou sentimentos e conflitos aos quais qualquer ser humano está sujeito. Em Mateus 26:37-38 fica claro que, no caminho para o Getsêmani, Ele “começou a entristecer-se e a angustiar-se muito”, a ponto de dizer: “A Minha alma está cheia de tristeza até a morte”.
A reação de Jesus por conta desse sofrimento intenso foi apresentar-se diante do Pai em oração. Contudo, mais do que pedir um livramento, Ele renunciou à própria vontade e disse: “(…) Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres” (Mateus 26:39).
Em meio à dor, orou mais intensamente, até que Seu suor se tornou gotas de sangue (Lucas 22:44), sinal do peso que carregava ao assumir os pecados do mundo. Um anjo do céu veio para fortalecê-Lo, mas passar por aquele processo fazia parte de Sua missão.
A maior dor
Por três vezes, o Senhor Jesus repetiu a mesma oração, revelando tanto Sua humanidade quanto Sua completa submissão a Deus e, no Getsêmani, esvaziou-se de Si mesmo. Apesar do desejo natural de evitar a dor, cada oração terminava com a frase: “não seja como Eu quero, mas como Tu queres”.
Ali, Jesus antecipava o sofrimento que estava por vir: a traição de Judas, a prisão e o julgamento injusto. Mas a dor mais profunda foi enfrentar a angústia de saber que seria separado de Deus, ainda que temporariamente. Ele, que priorizava a comunhão com o Pai, sentiria o vazio e a dor do abandono. Mesmo assim, Ele não desistiu e aceitou passar por tudo para que a Humanidade pudesse se reconciliar com Deus, demonstrando amor e obediência supremos.
Na cruz, por ser inocente, Jesus venceu o pecado e nos deu a possibilidade também de vencê-lo por meio da fé nEle. Embora sejamos falhos, Ele nos capacita a dizer “não” às propostas do mal. Assim, podemos triunfar na batalha entre a nossa vontade e a Vontade de Deus. Mas, para que isso aconteça continuamente, há uma condição: que o Espírito Santo habite em nós. Considerando isso, surge a pergunta: o que é preciso fazer para tê-Lo?
O Getsêmani de cada um
Assim como Jesus passou pela “prensa” no Getsêmani, cada pessoa precisa viver o seu próprio Getsêmani para ter dentro de si a Presença de Deus, ou seja, o Espírito Santo. Não se trata de um lugar físico, mas de uma experiência espiritual que ocorre por meio de uma entrega total no Altar: da vida, das vontades, dos erros e do passado. É estar disposto a ser “prensado” pela pedra do sacrifício, renunciando ao próprio eu em troca da liberdade que vem de uma nova vida.
Essa entrega exige fé e coragem para encarar sentimentos que muitas vezes estão escondidos, como orgulho, mágoas, medos ou prazeres que desagradam a Deus. Também pode ser uma crença, a vaidade pelo conhecimento adquirido, a dor de uma perda, a inveja ou qualquer outro sentimento acumulado ao longo da vida – raízes profundas, difíceis de identificarmos e arrancarmos sozinhos. Por isso, é necessário humildade e sinceridade para pedir a ajuda do Criador, permitindo que Ele revele o que precisa ser transformado.
Esse processo é individual e voluntário. Assim como o Senhor Jesus se entregou livremente, quem deseja segui-Lo e receber o Seu Espírito precisa fazer o mesmo e entregar-se a Deus de todo o coração.
A dor do arrependimento
Inevitavelmente, quando a pessoa passa a se ver como Deus a vê, nasce o verdadeiro arrependimento. Diferentemente do remorso, o arrependimento provoca uma dor profunda na alma, como se fôssemos colocados em uma prensa, acompanhada do constrangimento por tudo o que fizemos e que desagradou a Deus. Essa dor é necessária para nos esvaziarmos de nós mesmos e permitirmos que Ele aja.
O Senhor Jesus deu o melhor dEle e pede que O coloquemos acima de tudo. A verdade é que Ele não exige nada além do que já fez: assim como Ele priorizou a Vontade de Deus em vez da Sua, Ele nos convida a entregar a nossa própria vontade para fazer a dEle, para que o plano de salvação se cumpra em nossas vidas conforme Deus estabeleceu.
“Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias, e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. Ele verá o trabalho da sua alma e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu Servo, o Justo, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre Si” (Isaías 53:10-11).
É preciso entender que, apesar da dor da entrega, há a recompensa da alegria de escolher Aquele que nos criou. Por meio do Espírito Santo, a alma confrontada e esvaziada é preenchida e, assim, encontramos a verdadeira paz, mesmo quando enfrentamos problemas.
A oportunidade de se colocar no Getsêmani
A Fogueira Santa no Jardim do Getsêmani é uma oportunidade para uma avaliação sincera e para receber a revelação sobre a própria condição espiritual. Quem busca o Espírito Santo é chamado a sacrificar o próprio eu para agradar a Deus; quem já O possui é convidado a refletir sobre a importância de sacrificar diariamente a própria vontade. Essa entrega contínua mantém viva a comunhão com Deus e renova a Presença dEle dentro de nós.
Caminhada da Fé rumo à Fogueira Santa no Jardim do Getsêmani
Participe desta jornada de clamor que acontece diariamente em busca da transformação de vidas. Com reflexões profundas na Palavra de Deus e testemunhos reais de superação, bispos e pastores se reúnem no Jardim das Oliveiras — área externa do Templo de Salomão — em favor dos participantes deste propósito.
Acompanhe ao vivo, de segunda a sexta-feira, às 22h30. Assista pela TV Templo (canal 10.1 na Grande São Paulo), Rede CNT, Canal 21, Univer Vídeo e Rede Aleluia. Se preferir, acompanhe também pelas redes sociais oficiais da Universal, no YouTube e no Facebook.
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