Excesso de tela prejudica desenvolvimento infantil

Entenda por que é importante controlar o tempo que seu filho passa conectado e saiba como fazer isso de forma saudável

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Quanto tempo seu filho passa em frente às telas? Com a pandemia da Covid-19 e o fechamento das escolas, as crianças passaram a ficar mais tempo em casa e o uso de smartphones, tablets, computadores e televisão aumentou.

Em alguns casos, as telas são usadas para manter a criança em silêncio ou entretida. Além disso, muitas crianças estão tendo aulas on-line, o que significa mais horas conectadas à web. Para os pais que estão trabalhando em casa, a falta de tempo acaba sendo justificativa para deixar os filhos no mundo das telas.

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos mostrou que crianças de 6 a 12 anos estão passando pelo menos 50% do seu tempo mexendo em telas todos os dias durante a quarentena. O estudo foi feito pela SuperAwesome, companhia de tecnologia infantil. Afinal, existe tempo adequado para deixar uma criança em frente às telas?

Limite ideal
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, crianças menores de 2 anos não devem ser expostas às telas. Para as entre 2 e 5 anos, o tempo de tela deve ser limitado ao máximo de uma hora por dia, com supervisão de adultos. Para as entre 6 e 10 anos, o limite é de duas horas diárias. Entre 11 e 18 anos, é recomendável que o tempo de tela não exceda três horas diárias, também com supervisão de adultos, e deve-se evitar “virar a noite” conectado. As recomendações incluem o tempo gasto em videogames.

Riscos à saúde
A suposta facilidade trazida por vídeos e aplicativos de brincadeiras esconde riscos à saúde dos pequenos. O alerta é de Daniela Piotto, pediatra e reumatologista infantil. Ela explica que o excesso de exposição às telas pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo e causar distúrbios e doenças.

“Até os 2 anos de idade, por exemplo, o uso de telas não é recomendável por conta do desenvolvimento cerebral. Nesta fase, a criança precisa de contato visual com outras pessoas e de interação, de carinho, de toque e de afeto. Elas nascem com trilhões de neurônios, mas precisam desenvolver conexões entre eles, as chamadas sinapses, e isso só pode ser feito por meio de vínculos afetivos, algo que a tela não oferece”, esclarece.

Mesmo para crianças maiores de 2 anos, a pediatra explica que o excesso de tempo em frente às telas pode gerar vários problemas. “A criança fica mais impaciente, imediatista, irritada e pode desenvolver sentimentos de raiva e angústia. Esse excesso pode levar a uma piora no rendimento escolar, no déficit de atenção e na dificuldade de aprendizagem. Além disso, ela pode desenvolver dependência de jogos e redes sociais e dificuldade para controlar impulsos”, diz.

Há ainda outros danos ao bem-estar, como aumento do sedentarismo e da obesidade, dor lombar, tendinite, insônia e miopia. “No caso de pré-adolescentes e adolescentes, observamos baixa autoestima e aumento no isolamento e nos casos de bullying – alguns usam o espaço virtual para atacar e outros são vítimas”, acrescenta.

Equilíbrio
Daniela reconhece que, diante dos novos desafios trazidos pela pandemia, alguns tempos de uso podem ser flexibilizados, pois outras atividades passaram a ser realizadas com o apoio das telas, como o ensino e o contato com familiares. Entretanto é importante buscar o equilíbrio e explicar os limites às crianças. “Sou a favor de multiplicar informação sobre o uso positivo e saudável das novas tecnologias.

Hoje as crianças estão estudando on-line, há também o lado afetivo de se conectar com os avós e os amigos que estão distantes”, diz.

Ela sugere que pais e responsáveis estabeleçam horários e deem o exemplo sobre o uso adequado. “Não adianta exigir o uso sensato sem dar exemplo. Os pais podem criar regras como desligar o celular durante o almoço e nos momentos de interação com os filhos. É importante manter o diálogo com as crianças e fazer combinados sobre o tempo de uso”, afirma.

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Colaborador

Rê Campbell / Foto: Getty images / Arte: Edi Edson