“Eu fumei mais de 100 pedras de crack em apenas uma noite”

Por causa dos vícios, Alexandre Tarroco praticou furtos, teve problemas familiares e quase desistiu de viver

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Os vícios destroem a vida de muitas pessoas e não foi diferente com o socorrista resgatista Alexandre Almeida Tarroco, de 49 anos. Embora tenha vivido uma infância tranquila, ele conta que sofreu muito na juventude por causa do consumo de drogas. Ele afirma que tudo começou quando ele tinha 14 anos: “conheci os vícios muito cedo com amigos que me levaram para baladas e festas com música eletrônica. Comecei a fumar cigarro e depois me viciei em maconha. Também me viciei em cola de sapateiro e thinner. Quando conheci a cocaína, que me deixava eufórico e agitado, imaginei que ela seria um refúgio, mas foi o início da minha tormenta”.

Ele explica que se envolvia com várias mulheres ao mesmo tempo, mas não tinha estrutura para manter um relacionamento. Ainda assim, ele conheceu uma mulher, iniciou um relacionamento e eles tiveram dois filhos. “O vício era a minha prioridade. Eu mentia para a minha mulher. Ela até tentou me ajudar, mas eu não queria deixar as drogas”, explica ele, que foi abandonado pela parceira.

Por fim, Alexandre conheceu o crack. Ele diz que fazia tudo para manter o vício: vendeu sua moto e praticava furtos. “Fumei mais de 100 pedras de crack em apenas uma noite com meus amigos. Às vezes, eu dormia na calçada. Além disso, eu arrumava confusão com traficantes e policiais na madrugada”, detalha.

Com o passar do tempo, as bebidas alcoólicas já não geravam mais os efeitos que Alexandre buscava e, por isso, ele passou a ingerir etanol que comprava no posto de gasolina. “Certa noite, eu estava na festa de um amigo e as bebidas tinham acabado, então eu vi um perfume no quarto dele e bebi. Naquele instante senti vontade de morrer”, lembra. Ele revela que pensou em tirar a própria vida várias vezes: “em todas as ocasiões em que eu passava sobre uma ponte eu escutava uma voz me dizendo para que me jogasse”. Sem ter noção do quanto seu comportamento era nocivo, certa vez Alexandre levou seu filho com ele para comprar drogas, situação da qual hoje se arrepende.

Em busca de alguém para estar ao seu lado, Alexandre iniciou o namoro com sua atual esposa, a autônoma Luciene Rodrigues Nunes Tarroco, de 36 anos. “Durante sete anos, escondi dela que era viciado para não magoá-la. Até que um amigo contou e ela entendeu o motivo de eu ter um comportamento agressivo”, diz.

Em um programa de TV da Universal, Alexandre conheceu o trabalho de cura dos vícios e, com a esposa, passou a frequentar as reuniões da igreja. “No início, eu ia para a igreja para salvar meu casamento, mas, quando entendi que teria a chance de modificar minha vida, passei a obedecer à Palavra de Deus. Minha esposa lutou por minha vida e não desistiu de mim nem do nosso casamento”, diz. Alexandre se batizou nas águas e decidiu que nunca mais colocaria um cachimbo de crack na boca nem cheiraria outro pino de cocaína.

Ele fez o Jejum de Daniel, sacrificou suas vontades e recebeu o Espírito Santo. “Minha vida foi transformada. Hoje eu sou bom pai, bom marido e bom profissional. Hoje eu salvo vidas por meio de meu trabalho como socorrista e almas por meio de meu testemunho”, afirma ele, que superou os vícios após 26 anos de sofrimento e agora faz parte do grupo Socioeducativo da Universal. “Se eu não tivesse conhecido a Deus, meu futuro seria a cadeia ou o caixão”, conclui.

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Colaborador

Kaline Tascin / Fotos: Demetrio Koch