“Eu achava que a fogueira santa fosse só dinheiro no altar"

Ariana Sousa pensava que tinha nascido para a derrota até se ver pelos olhos de Deus

Imagem de capa - “Eu achava que a fogueira santa fosse só dinheiro no altar"

Ariana de Sousa, de 24 anos, comerciária de Campinas (SP), foi fruto de um relacionamento rápido entre seus pais. Sua mãe engravidou e não contou ao seu pai, que só soube da filha quando ela foi rejeitada pela progenitora poucos anos depois. “Meu pai soube da minha existência por terceiros, que lhe contaram que minha mãe ameaçava me dar veneno de rato para me matar”, revela. Seu pai conseguiu obter a guarda dela na Justiça. Ela lembra que os dois eram distantes, apesar dele não se eximir das responsabilidades práticas.

Quando Ariana tinha cinco anos, seu pai se casou. “Fomos morar com minha madrasta, que já tinha uma filha. Até mais ou menos meus oito anos, vivíamos uma vida aparentemente normal, apesar de eu sentir muita falta da minha mãe biológica. Aí comecei a sentir um grande complexo de inferioridade. Não me parecia com ninguém da família e percebia um tratamento diferente. Na escola, sofri muito bullying por causa da minha cor e do meu cabelo. Em casa, a situação só piorava porque não era um refúgio em que poderia falar dos meus problemas e receber carinho.

Assim, surgiu um buraco muito grande dentro de mim”, diz.

Para conquistar a atenção da família, ela estudava muito, tentava ser a melhor da classe, respeitava e obedecia a todos em casa, mas nem assim a notavam. “Aos 11 anos, me revoltei e aquele buraco aumentou tanto que me engoliu. Passei a não cumprir minhas obrigações, fugia de casa, me tornei ‘respondona’ com professores e criava problemas na escola que levavam meu pai a ser chamado.

Eram grandes confusões, que eu nem sabia como começavam, e que criaram problemas em favelas a ponto de eu ser ameaçada de morte.”

Ovelha negra
Ariana passou a ser a vergonha da família. “Fui mandada para abrigos pelo Conselho Tutelar, onde acontecia mais bullying, mas, ao mesmo tempo, lá eu não me sentia um peixe fora d’água porque os outros também eram desajustados. Lá conheci um rapaz de quem gostei e transferi para ele a carência que sentia de um pai. Ele propôs fugirmos para sua casa e disse que nos casaríamos assim que eu tivesse idade. Fui, mas o rapaz me expulsou depois de cinco dias, pois eu não quis me deitar com ele.”

Com vergonha de procurar a família ou as autoridades, Ariana passou a morar na rua e, em uma semana, estava vendendo drogas. Sua vida virou de cabeça para baixo. “Eu não achava a solução em nada. Bebi, usei drogas e me envolvi com um traficante. A polícia me pegou com drogas e fui levada de volta para a casa do meu pai, pois tinha apenas 14 anos. A ‘ovelha negra’ da família estava de volta.” Ali ela era tratada como “o desgosto” e seu pai nem olhava mais para ela.

Tudo isso lhe causou depressão, Ariana perdeu o gosto pela vida e tentou se suicidar. “Eu me automutilava, cheguei a cortar os pulsos, momento em que tudo aquilo que me afligia parecia ter chegado ao fim, mas depois parece que tudo voltou ainda pior. Eu não achava uma solução nem em casa nem fora dela. Foi quando me lembrei de familiares que frequentavam a Universal. Eu já tinha tentado ir a outras denominações e crenças, mas tinha a ideia de que Deus era um ser superior, que ficava longe, e eu estava aqui no mundo, que estávamos desconectados e que eu deveria resolver meus próprios problemas.”

Oração e resposta
Na terceira tentativa de suicídio, ela estava prestes a tomar veneno quando rogou a Deus que a ajudasse, sendo que antes ela “orava” para que Ele a matasse. Ariana desistiu do suicídio e na mesma semana foi à Universal. Ali lhe mostraram que ela não estava sozinha. Ela entendeu que todo o mal que enfrentava tinha origem espiritual e passou a usar a fé para lutar contra ele. “Não foi fácil. Tive que abrir mão do sentimentalismo, das mágoas, da imagem que as pessoas e eu mesma tínhamos de mim e da ideia de que eu estava predestinada a ser algo ruim. Me ensinaram que eu deveria receber o Espírito Santo, que seria o pai que nunca tive e o amor de mãe que não conheci.”

Seu caminho foi árduo, mas frutífero: “foi em um propósito da Fogueira Santa que consegui me libertar de verdade, quando tive meu encontro com Deus. Antes de frequentar a Universal, eu ouvia que a Fogueira era só uma forma de a Igreja se enriquecer à custa do povo. Depois de ver a seriedade do trabalho, percebi que o foco não era esse, mas levar as pessoas a uma transformação”.

Ela não se focou no dinheiro e, em vez disso, colocou no Altar seus sonhos e sua vida, materializados por meio de um sacrifício. “É a entrega de quem somos para que Deus possa nos transformar em quem Ele deseja que venhamos a ser. Vi que isso era priorizá-Lo, confiar na Sua Vontade, nos planos dEle e não nos meus. Deus, por meio de Seu Espírito, fez com que eu me visse como Ele me via e não como o mundo e eu mesma víamos. Eu, que sempre quis ter uma família, conquistei isso nEle.”

Hoje, Ariana vive um casamento feliz, é mãe e diz como convive com o restante da família: “não restam mágoas, mas carrego comigo as experiências para poder ajudar outras pessoas que vivem situações parecidas”.

Cópias de Jesus
Ariana é um exemplo prático do que o Bispo Edir Macedo disse certa vez direto do Monte Hermom, na Terra Santa: “quando você recebe o Espírito de Deus, se torna filho dEle e tem de assumir exatamente a responsabilidade de ser um ‘Jesus’ aonde quer que esteja, seja em casa, seja na rua ou no trabalho. Cada um de nós se torna cópia do Senhor quando recebe o Seu Espírito”.

Ele ainda ensina que quem recebeu o Espírito Santo “está automaticamente engajado nesse mutirão para buscar os sofridos, aflitos e aqueles que estão caídos à beira do caminho, porque esta é a missão do Espírito Santo dentro de nós”.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Mídia FJU Campinas