“Escrevi cartas de despedida para a minha família”

Laryssa Soares estava decidida a dar fim à sua vida. Veja como ela encontrou outra solução

Imagem de capa - “Escrevi cartas de despedida para a minha família”

A desenvolvedora de chatbots Laryssa Soares de Souza Barbosa, de 23 anos, conta que tinha um “gênio forte” desde muito cedo. Ela cresceu cercada pelo carinho dos pais e dos irmãos em Alagoas, onde vivem, mas, apesar de receber toda assistência que uma criança precisa, não era feliz. “Eu tinha muita tristeza e me isolava no quarto. Por ser geniosa, brigava constantemente com meus familiares, tinha muita raiva e pensava em matá-los. Cresci com esse vazio e ódio dentro de mim. Na escola, eu tentava preencher minha tristeza com amizades, mas não adiantou nada”.

Ela se recorda que, na adolescência, participou de festas e experimentou bebidas e maconha. Ela não se tornou dependente de drogas, mas se viciou em algo que também a prejudicou: “eu era viciada em redes sociais, onde planejava uma vida perfeita, passava várias horas do dia navegando e isso me deixava ansiosa. Eu me comparava com outras pessoas da internet, tinha complexos, me sentia feia e desenvolvi bulimia. Insatisfeita, passei a bater em mim mesma”.

O vazio interior e a tristeza aumentaram, Laryssa não conseguia se abrir com os pais e familiares e chegou a fugir de casa algumas vezes, pois se sentia a razão dos problemas. Ela diz que não tinha paz e que os pensamentos de suicídio eram constantes. Quando estava com 14 anos, ela atentou contra a própria vida pela primeira vez.

Escuridão e satanismo
Ela sobreviveu, mas o imenso vazio a fazia buscar diferentes maneiras de se sentir bem. “Eu me sentia a pior pessoa do universo e comecei a me automutilar. Eu gostava de ver sangue. Entrei no mundo do goticismo, assistia a filmes e séries de terror e bruxaria, lia sobre satanismo e como fazer pacto com o diabo, ouvia músicas depressivas e isso tudo só aumentava a escuridão dentro de mim. Eu tinha pesadelos, me sentia perseguida por vultos, tinha alucinações e tentei me matar pela segunda vez depois de uma briga familiar. Eu ameaçava meus familiares de morte e tentei matar meu irmão jogando vidros nele. Pensei que não havia saída para mim a não ser a morte”, declara.

Ela relata a que isso a levou: “eu já não tinha vontade de me arrumar, de comer ou de tomar banho. Eu perambulava pelas ruas com crise de pânico. Planejei minha morte depois que um amigo se suicidou. Decidi que repetiria o que ele fez. Escrevi cartas de despedida para a minha família, deixei tudo preparado e achei que dessa vez não haveria erro”.

Uma Palavra muda tudo
Era 2017 e, perto da data que definiu para se matar, ela passou em frente à catedral da Universal, em Maceió, e recebeu um convite que mudaria seu futuro. “Aceitei participar da reunião naquele dia, mas pensei: ‘não vai fazer diferença nenhuma porque já estou morta por dentro’, mas eu estava enganada”. Ela ouviu uma palavra que lhe trouxe esperança. “O pastor disse: ‘Deus pode apagar tudo que você está sentindo e dar a você uma nova vida, como se ela fosse uma folha em branco. Ele já te perdoou e você precisa se perdoar,” Ela voltou para casa se sentindo leve e decidiu voltar à Universal mais vezes. Assim, passou a frequentar as reuniões de libertação, às sextas-feiras. Ela aprendeu a usar a fé para vencer as forças malignas que a incentivavam a se matar, superou seus complexos e deixou para trás tudo que a oprimia.

“Enxerguei meu pecado e abandonei o erro e as amizades ruins. Ninguém me disse o que eu devia fazer, mas entendi a Voz de Deus. Fui batizada nas águas, pedi perdão a Deus e aos meus pais e me entreguei totalmente ao Senhor Jesus. Nasceu em mim um desejo de conhecer a Deus e recebi o Espírito Santo. Minha mente mudou e passei a enxergar tudo com olhos espirituais. Meu coração já não tinha ódio, rancor, mágoa ou insegurança. Recebi a folha em branco, uma nova vida. Hoje tenho paz, alegria e a verdadeira felicidade habita em mim. Meu prazer é contar para todos o que Deus fez na minha vida”, conclui.

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Colaborador

Kelly Lopes / Fotos: cedidas