Enquanto Israel sela paz com nações árabes, Hamas incentiva ataques

Especialista revela que autores dos atos terroristas são motivados pela ideia de que suas famílias receberão uma remuneração

Imagem de capa - Enquanto Israel sela paz com nações árabes, Hamas incentiva ataques

Nas últimas semanas, Jerusalém foi alvo de novos ataques. Destes, dois chamaram atenção. O primeiro aconteceu em 17 de novembro, quando, na Cidade Velha, um adolescente de 16 anos feriu dois membros das forças de segurança israelenses com uma faca. Após o ataque, ele foi morto, o que levou a confrontos entre palestinos e forças israelenses no bairro de Issawiya, em Jerusalém Oriental, onde o jovem morava.

O segundo se deu em 21 de novembro, quando um palestino de 42 anos do grupo terrorista Hamas matou um israelense e feriu outras três pessoas na mesma região. O Hamas identificou o atirador como um de seus líderes em Jerusalém Oriental, uma das áreas que reivindicam.

Os terroristas emitiram comunicados elogiando a atuação dos dois palestinos e os classificaram como “mártires”. Ao contrário da Autoridade Nacional Palestina, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, se recusa a aceitar a convivência permanente com Israel.

Samuel Feldberg, professor de relações internacionais, doutor em ciências políticas e especialista em conflitos internacionais e geopolítica do Oriente Médio, afirma que jovens e adultos são incentivados pelo grupo terrorista Hamas a agir de forma violenta. “Eles são motivados pela ideia de que suas famílias receberão uma remuneração futura, como recompensa pelos ataques. Esse é um dos grandes problemas para a negociação de paz entre Israel e a liderança palestina porque, enquanto esses grupos continuarem oferecendo esse tipo de financiamento às famílias, o terrorismo deve continuar”.

Conflitos históricos

Feldberg, que também é autor do livro Decifrando o Oriente Médio, analisa que os ataques em Israel são eventos que se repetem. “Porque são praticados por palestinos radicais que não concordam com a existência do Estado de Israel nem com a convivência entre judeus e árabes naquela região.”

O Estado de Israel foi criado a partir da decisão de partilha da ONU, em 29 de novembro de 1947, que teria levado à formação de um Estado árabe e um judeu no território entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão. Porém, países árabes e a liderança palestina se opuseram à criação do Estado de Israel, e teve, assim, o início de uma guerra. “Desde então, Israel tem lutado para garantir sua sobrevivência. O governo, várias vezes, já ofereceu troca de territórios por paz. O acordo com o Egito, firmado em 1979, por exemplo, é a prova de que essas negociações podem ser bem-sucedidas, uma vez que existe uma paz estabelecida com o Egito desde então”, acrescenta o especialista em conflitos internacionais e geopolítica do Oriente Médio.

Novo olhar

Recentemente, o judeu brasileiro Ariel Krok foi muito bem recepcionado em Dubai para um congresso e postou em sua rede social uma foto de judeus andando pelas ruas dos Emirados Árabes Unidos em direção a uma sinagoga sem medo de usarem o quipá.

Para o especialista, essa imagem só reforça quanto o mundo árabe vem fazendo as pazes com Israel. “Representa uma nova vertente nas relações de Israel com seus vizinhos. Isso também tem acontecido no marco dos Acordos de Abraão, em que Israel estabelece relações diplomáticas com países como os Emirados Árabes, Bahrein, Sudão e retoma suas relações com Marrocos, demonstrando que a causa palestina não é uma barreira para as relações diplomáticas entre Israel e o mundo árabe, incluindo o mundo muçulmano”.

Atualmente 20% da população de Israel é composta de árabes, cristãos e muçulmanos. “Eles frequentam universidades, vivem em cidades que contam com populações mistas, árabes e judaicas, e têm, cada vez mais, inserção na economia. As mulheres árabes também estão estudando mais e participando ativamente da sociedade israelense”.

Feldberg segue otimista com os acordos de paz, uma vez que há um governo de coalizão em Israel, pela primeira vez com a participação de um partido árabe. “Os líderes árabes em Israel começam a chegar à conclusão de que eles estão no Parlamento israelense para representar os interesses da comunidade, para buscar melhorias das condições da sociedade árabe e não para incentivar uma guerra. Hoje o governo israelense envolve a direita, a esquerda e tem se engajado muito mais nas questões internas do que nas externas, o que deve trazer ótimos frutos”, conclui.

imagem do author
Colaborador

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury | Do R7 / Foto: Reprodução EPA e Facebook