Enfrentamento ao coronavírus e os princípios da propaganda nazista

Ao comparar como o coronavírus tem sido encarado com os princípios da propaganda de Joseph Goebbels fica difícil não ver similaridades assustadoras

Imagem de capa - Enfrentamento ao coronavírus e os princípios da propaganda nazista

Apesar de haver discordâncias sobre como o nazismo dizimou milhões de seres humanos durante a Segunda Guerra Mundial, em uma coisa todos concordam: a propaganda do ministro de Hitler, Joseph Goebbels, foi altamente eficiente. Tanto que vários de seus princípios são utilizados até hoje e, mais atualmente, no enfrentamento ao novo coronavírus.

Um deles é o da “simplificação do inimigo único”, onde tudo se resume a uma só ameaça, ignorando os males de qualquer outro adversário. Por conta da pandemia, 70% das cirurgias de câncer foram adiadas e 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados, segundo as Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica. Mas o que vai acontecer com essas pessoas e com tantas outras que tiveram diversos tipos de tratamentos interrompidos não importa, afinal, todos os esforços estão voltados ao “inimigo único”.

Outro princípio é o do “contágio”, que consiste em divulgar com empenho a capacidade de disseminação, preferencialmente, confundindo as pessoas para deixá-las o mais inseguras possível. Hoje, querem nos fazer crer que sair de casa é caminhar para a morte. Porém, se usar máscara e a saída for para ir ao mercado ou à farmácia, tudo bem. Dizem que o vírus vai desaparecer se todo mundo se isolar e também afirmam que a ameaça desaparecerá quando 70% da população for contaminada. Mas, como ser contaminado se estamos “protegidos” em casa? Não, espere! Não estamos mais protegidos, afinal, 66% das pessoas diagnosticadas com Covid-19 na cidade de Nova York estavam dentro de casa. Até a Claudia Raia e toda sua família contraíram o vírus dentro de casa… E agora? Estamos perdidos!

Mais um dos princípios da propaganda nazista está sendo executado com maestria: o da “exageração e desfiguração”, que consiste em exagerar nas más notícias criando um clima de terror generalizado, onde um acontecimento negativo deve repercutir como se fossem mil. No Brasil, a taxa de letalidade do coronavírus está na casa dos 6%, enquanto apenas o câncer de próstata mata 14% dos pacientes. Mas, e daí? Câncer não pega, ou melhor, só pega nos outros.

E se há um princípio praticado à perfeição é o da “orquestração”, que consiste em compartilhar notícias falsas até que se tornem “verdades inquestionáveis”. Uma delas é que o país precisa parar e que a economia se recupera depois. Ora, uma pessoa que dedicou anos da sua vida a um negócio, que colocou todas as suas economias, sua energia, seu trabalho e que, há meses não fatura um real, mas tem de continuar pagando despesas, funcionários e tributos, sem saber quando poderá voltar a abrir as portas não se recupera. Simples assim. E os números estão aí para confirmar. Enquanto temos um acumulado de 271.628 casos de coronavírus – com 106.794 pacientes já recuperados – 600 mil empresas fecharam as portas definitivamente. Esses empreendedores estão sem trabalho, sem capital e, em sua maioria com um histórico – bem como um CPF – negativo, o que os impede de se recuperar tão facilmente como tem sido propagado aos quatro ventos.

Aliado a esses princípios está o da “renovação”, que visa reforçar as más notícias 24 horas por dia até que o assunto penetre no mais profundo da mente das pessoas fazendo-as pensar apenas no único inimigo. Comentários sobre esse aspecto são totalmente dispensáveis.

Ainda temos o princípio do “verossímil”, que busca especialistas para reforçar o poder destrutivo do inimigo único, que geralmente é combinado com o princípio do “silêncio”, que oculta todas as demais informações e cala qualquer fonte de esperança. Basta divulgar apenas o trecho de uma fala afirmando que o inimigo pode matar – o que é verdade ¬– silenciando os que lembram que há outros que matam muito mais e que não estão sendo combatidos. É só acusá-los de monstros insensíveis, que não ligam a mínima para os mortos pela Covid-19. Todas as demais mortes podem esperar neste momento em que o mundo inteiro se volta para o inimigo único.

E tudo isso converge para o objetivo maior que é chegar ao princípio da “unanimidade”, quando a maior parte da população se vê acuada, temerosa, insegura e totalmente submissa para aceitar toda e qualquer ordem governamental, ainda que seja desastrosa e sem nexo, a exemplo do mega rodízio na cidade de São Paulo, quando o prefeito tirou os carros das ruas e superlotou o transporte público, expondo as pessoas a uma probabilidade de contágio muito maior. Daqui alguns dias veremos o resultado dessa mega aglomeração e, quem sabe, o “aumento da curva” que ela pode causar seja jogado sobre as pessoas que não ficaram em casa, “provando” que o lockdown – que tanto o governo de São Paulo almeja – seja a “solução final”.

Para terminar, deixo uma das frases que foi exaustivamente utilizada pela propaganda nazista e que se encaixa perfeitamente como uma tentativa de justificar os desmandos dos dias de hoje: “für ihre sicherheit”, ou seja, tudo isso é para a sua segurança.

imagem do author
Colaborador

Patricia Lages (R7) / Foto: Bundesarchiv, Bild 146-1968-101-20A/Heinrich Hoffmann/Wikicommons