Em meio ao bem, o mal da infernet
Ao mesmo tempo que foi criada para facilitar a vida humana, a internet tem um lado perigoso que leva muitas pessoas, inclusive as cristãs, ao abismo digital
Nos bastidores da Guerra Fria, iniciada em 1947, surgiram as primeiras descobertas sobre o compartilhamento de dados da rede que prometia conectar milhões de aparelhos ao redor do mundo. Contudo foi em 29 de outubro de 1969 que nasceu a ARPAnet, protótipo que daria vida à tão promissora internet, em 1º de janeiro de 1983, possibilitando interconexões simultâneas. De lá para cá, a evolução constante da tecnologia não só ganhou popularidade como relevância na rotina da Humanidade. Sua influência é tão grande que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial da Internet, celebrado em 17 de maio.
Atualmente, segundo dados divulgados pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), a internet alcança 67,6% da população global, uma média de 5,5 bilhões de pessoas que se mantêm freneticamente conectadas umas às outras e, inconscientemente, aos perigos do mundo digital.
A esperança que virou perigo
Mesmo com poucos anos de existência, a internet foi transformada em palco para situações perigosas. Além da desinformação propagada e da sujeição à frequente ação de criminosos, um rápido acesso à rede coloca o usuário em situações que podem comprometer até sua integridade. Cyberbullying, pornografia, assédio, discursos de ódio e ameaças de violência são os mais comuns entre os incontáveis riscos que aterrorizam quem está on-line.
Na Pesquisa Global sobre Segurança Online 2025, elaborada pela Microsoft, 69% dos entrevistados afirmaram que já experimentaram algum perigo na internet. Entre os brasileiros, a porcentagem segue a média global quando o assunto é a sensação de insegurança causada por más experiências no meio digital.
Já a chegada da inteligência artificial (IA), em vez de trazer alternativas para conter conteúdos nocivos, facilitou a produção desses materiais, aumentando a circulação de propostas tóxicas à mente humana. Hoje muitas pessoas sofrem com os prejuízos do que o Bispo Renato Cardoso denomina como “infernet”. “A maioria de nós não tem a proteção necessária para lidar com todo o bombardeio de informações que vem a nós pela internet. Existe, é claro, o bem dentro dela, mas também o mal, que eu chamo de infernet. […]A internet tem infernizado a vida de muitos”, afirma.
A Ciência reconhece os riscos
O mal presente na internet e seus efeitos são reconhecidos principalmente pela Ciência. Uma pesquisa recente conduzida pela University College London, publicada na revista científica Nature Human Behaviour, aponta que o consumo de conteúdos on-line tem uma ligação direta com a sobrecarga emocional e o agravamento de problemas de saúde mental, como estresse crônico, ansiedade e depressão, além de alterações de humor. O estudo ainda alerta que quanto mais afetado emocionalmente, mais imerso no mundo digital o usuário se mantém, buscando conteúdos que correspondam ao seu estado negativo.
Para a psicóloga clínica Bruna Rodrigues, o mais preocupante é como esses casos se desenvolvem de forma gradativa e sutil, de modo que os usuários se tornam incapazes de notar a própria condição. “Com o passar do tempo, o usuário se acostuma com esse tipo de conteúdo e o impacto emocional vai diminuindo, tornando-o indiferente ao sofrimento do outro, mais reativo, agressivo e até intolerante. Não dá para ignorar os efeitos que esse tipo de exposição pode causar”, diz.
Consequências para a mente e a alma
Com a mesma intensidade que afeta a mente, a “infernet” também atinge a alma humana. Por meio de um simples clique nas atrativas publicidades divulgadas como iscas, muitos, inclusive cristãos, caem nesse abismo digital que insiste em oferecer aquilo que compromete a saúde espiritual. Você acha que isso é besteira? É só analisar: quantos se esfriam na Fé por causa das distrações on-line ou até mesmo duvidam da existência do Criador, instigados por ideologias opostas à Palavra, ou quantos são influenciados pela internet a agir de modo contrário aos seus valores e chegam a ponto de aderir a mentiras, cometer crimes ou atentar contra a própria vida em busca de visibilidade.
Sim, é possível encontrar conteúdos que edificam o seu espírito na internet, porém, como explica o Bispo Renato, sem o cuidado necessário, o que era para ser útil ganha potencial para se tornar uma armadilha letal: “Ela [a infernet] é um mar que tem todo tipo de peixe, você pode tanto pescar e se alimentar, como você pode mergulhar onde tem tubarão e morrer – e muitos, infelizmente, têm morrido surfando nas ondas da infernet”.
Ter filtro é necessário
Os conteúdos encontrados na internet podem até ser superficiais, mas os seus efeitos, não. Diante disso, manter-se conectado a ela sem nenhuma precaução é agir com imprudência. Nesse “terreno” desconhecido, é preciso saber filtrar os conteúdos consumidos e avaliar o grau de influência que eles têm sobre a sua vida, pois, como aponta a psicóloga Bruna Rodrigues, o problema não é usar a internet, mas a falta de discernimento e ela alerta: “O problema começa quando o uso vira automático e passamos a absorver tudo sem filtro. Ter consciência do que estamos consumindo e saber por que estamos fazendo isso muda completamente a nossa relação com as redes”.
Para se manter protegido dos infortúnios da “infernet” e, consequentemente, conservar o seu
bem-estar e poupar a sua alma, o segredo é moderar o que prende você às telas, mas, principalmente, não se deixar dominar pelas armadilhas, assim como a Palavra de Deus orienta: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Coríntios 6:12).
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