Ele se olhou no espelho e viu um cadáver

Com a vida afundada na cocaína, Renato Junior Pinotti, de 33 anos, passou por altos e baixos. Saiba o que ele fez para ver sua história transformada

Imagem de capa - Ele se olhou no espelho e viu um cadáver

Aos 7 anos, o hoje gerente de vendas Renato Junior Pinotti, de 33 anos, vivenciou o divórcio dos pais. A família vivia no Paraguai, mas, com a separação, ele foi morar com o pai em sua cidade natal em Santa Catarina. “Eu sentia falta da minha mãe e isso refletiu na minha vida adulta.

Preferi fingir que não me importava, mas, no fundo, eu sentia falta dela. Por um período, morei com meus avós e bisavós, até que voltei a morar com o meu pai. Esse fato de morar com diferentes pessoas gerava a sensação de que ninguém gostava de mim e, por isso, me tornei independente, responsável e trabalhador”, detalha.

Dessa forma, Renato começou a fazer suas próprias escolhas. “Na adolescência, comecei a me envolver com as amigos da escola. Conheci a bebida em festas e ela foi a porta de entrada para os vícios. Por meio das amizades, conheci o cigarro e a maconha. Depois, decidi ir embora de casa por causa de um problema familiar. Eu tinha 17 anos e já me achava dono de mim mesmo.”

O DESCONTROLE
Em pouco tempo, Renato já não conseguia moderar o uso de álcool. “Eu perdia o controle em qualquer situação, bebia demais e ficava inconsciente. Existia um vazio tão grande em mim que eu preferia supri-lo com a inconsciência, porque aí não pensava nos problemas”, diz.

Ao se mudar para São Paulo, ele conta que conheceu a cocaína. “Com a cocaína, eu me afundei e tive muitos altos e baixos durante a vida. Todo o meu dinheiro era usado para as drogas”, declara.

AS PERDAS
Renato teve um relacionamento e se casou quando tinha 21 anos. “A princípio, a pessoa não sabia que eu tinha envolvimento com drogas e, quando ela descobriu, fiz mil juras de que eu não usaria mais e, por um período, até fiquei sem as drogas, mas voltei a usá-las. Nós tivemos um filho, mas, como eu tinha um desvio de caráter, meu relacionamento amoroso acabou. Decidi recomeçar a vida, mas, dessa vez, acompanhado da cocaína. Em um ano, perdi muito dinheiro. Quando me dei conta, tinha perdido até o carro da minha ex-esposa”, admite.

Certo dia, ao se ver no espelho, ele se assustou. “Me olhei e não me reconheci: era como se, ali, na minha frente, estivesse um cadáver. Eu estava extremamente magro. Uma vez meu filho me abraçou, me tocou e até ele ficou com medo. Meu pai decidiu vir para São Paulo para cuidar de mim e quis me internar. Passei por psicólogo e psiquiatra, mas nada adiantou”, detalha. Depois de enfrentar uma overdose e problemas pulmonares, ele recorda que “tinha sensação de morte” durante as madrugadas.

UMA NOVA PORTA
O sofrimento de Renato acabou há três anos, quando ele chegou à Universal depois de atender a um convite do seu pai. “Ele era de outra denominação, mas tinha ouvido falar da Cura dos Vícios. No começo, eu não entendia que precisava me entregar a Deus de verdade, até decidir permanecer fiel à Aliança que fiz com Ele. Eu, que até então nunca tinha sido fiel a nada, selei minha palavra com o batismo nas águas. Em pouco tempo eu já estava mudado. Ao receber o Espírito Santo, porém, todos os meus conflitos foram resolvidos: decidi perdoar quem eu precisava perdoar e pedir perdão. Agora, quando falo da minha história, é como se eu falasse de outra pessoa, porque nada mais dói. Posso tocar em pontos que, antes, preferia evitar para mascarar quem eu era e as feridas que escondia. Hoje eu tenho paz.Antes, eu tinha uma aflição, uma angústia, uma agonia muito grande”, finaliza.

imagem do author
Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Demétrio Koch / cedida