Dinheiro acima de tudo?

Imagem de capa - Dinheiro acima de tudo?

Na alegria e na tristeza, tudo bem. Na saúde e na doença, talvez. Na riqueza, claro que sim, mas na pobreza, nem pensar… Embora os votos continuem a fazer parte das cerimônias de casamento – ainda que seja apenas por tradição –, 60% dos matrimônios terminam antes de completar dez anos, sendo que os problemas financeiros são a segunda maior causa (eles perdem apenas para os desajustes sexuais).

Os casais estão dispostos a relevar traições, passar por cima dos desentendimentos quanto à criação dos filhos, conviver com vícios de todos os tipos e até suportar violência doméstica. Porém, quando assunto é dinheiro, um ditado popular resume muito bem: “quando o dinheiro sai pela porta, o amor sai pela janela.”

Uma recente pesquisa desenvolvida pela Onze em parceria com a Icatu revela que a preocupação com o dinheiro vem antes do trabalho, da família e até mesmo da saúde. Considerando o que mais impacta as pessoas emocionalmente, os problemas financeiros aparecem em primeiro lugar para 71% dos pesquisados, enquanto 54% citaram diretamente o dinheiro como a maior preocupação de suas vidas. A família vem em primeiro apenas para 17% dos entrevistados, a saúde para 13% e o trabalho para 8%.

A relevância que o dinheiro tem representado na vida de grande parte das pessoas chega a ser assustadora. Negligencia-se o casamento, os filhos, a família como um todo e até a própria saúde, além de não haver grandes preocupações em desempenhar um bom trabalho para manter o dinheiro entrando.

Aliás, a queda na performance profissional do brasileiro pode ser atestada facilmente ao entrar em uma loja, contratar serviços ou precisar de qualquer tipo de atendimento, seja presencial, seja on-line ou por telefone. É, no mínimo, curioso que as pessoas sejam tão preocupadas com dinheiro, mas tão displicentes com o trabalho.

Não é à toa que estamos vendo todos os dias nos noticiários do que as pessoas têm sido capazes para terem o dinheiro que tanto veneram. Se não valorizam nem mesmo a própria família, que dirá os outros… Sob esse aspecto duvidoso do ser humano, o futuro não parece muito promissor. “Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, se desviaram da fé e se atormentaram com muitos problemas”. (1 Timóteo 6.10).

* Por Patrícia Lages, jornalista