Depressão: como ajudar?

Saiba como a fé pode capacitar uma pessoa a auxiliar de maneira prática um familiar na luta contra este mal

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É natural que emoções e lembranças sejam despertadas todo início de um ano, pois as pessoas estão mais reflexivas neste período e, por isso, fazem um balanço do que aconteceu e traçam novos projetos, mas, para as pessoas que sofrem de depressão, este período as deixa mais vulneráveis a crises.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 350 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão e até 2030 esta doença será a mais frequente em todo o planeta. Se considerarmos que esse transtorno gera sofrimento não apenas à pessoa que está deprimida, mas também a toda a sua família, o número de impactados pela doença é ainda maior. De um lado há uma pessoa que sofre sem saber expressar como se sente e, do outro, há alguém que a ama e não consegue entender o que ela está passando.

Então, como auxiliar?
O Pastor Guilherme Munhoz acompanhou de perto o sofrimento de sua mãe, a médica Eunice Higuchi, autora do livro Eu Venci a Depressão. Ele revela que, na época, com apenas 10 anos, se sentia impotente perante o sofrimento dela: “não tenho dúvida que muitos, como eu naquela época, seguram a mão do ente querido querendo ajudar e ficam angustiados de não poderem fazer nada. Eles até desejariam estar no lugar da outra pessoa para não vê-la sofrer mais”.

Apesar da pouca idade, Guilherme exerceu um papel muito importante na vida da mãe por estar perto dela, apoiá-la, ouvi-la e entendê-la. A experiência com a mãe e os anos de atendimento pastoral lhe ensinaram algo que ele faz questão de compartilhar: “não trate ou fale com a pessoa como se ela gostasse de estar nesse estado. Além disso, nesses momentos, querer que a pessoa reconheça que está com depressão nem sempre é necessário. O importante é ajudá-la a se libertar dessa angústia, do desânimo, da fraqueza e das dores na alma”.

É fato que o problema do familiar depressivo afeta a todos ao seu redor, mas a fé na Palavra de Deus é uma arma poderosa para dar fim ao sofrimento e não ser prejudicado pelos transtornos gerados pela doença. Usar a fé, de acordo com Guilherme, “não quer dizer ignorar as necessidades de ninguém, pelo contrário, ela não nos deixa ignorar as necessidades do doente, mas ajudá-lo a supri-las e resolvê-las”.

Durante a transmissão de uma live, o Bispo Edir Macedo ressaltou que, infelizmente, o depressivo não consegue enxergar que tem um problema na alma e que ele tem cura. “Alguns dos sintomas da depressão corresponde à dúvida, que traz o medo, a insegurança, a preocupação, a ansiedade, a angústia, que faz a pessoa sentir a agonia dentro de si, e isso porque a alma dela está enferma”, explica. Ele destacou que a fé na Palavra de Deus é a Única capaz de anular a dúvida que desencadeia todo este sofrimento: “Jesus disse: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. (Mateus 4.4). Essa Palavra, uma vez que é colocada em prática, resolve o seu problema de depressão definitivamente, pois gera uma força inabalável”.

Foi ao colocar esta fé em ação que muitas pessoas ajudaram seus familiares a vencer esta doença. Confira a seguir.

Bulimia, anorexia e depressão
Uma imagem negativa em relação si mesma é uma característica comum em pessoas com depressão. Em adolescentes, muitas vezes, os sintomas podem ser confundidos com aspectos próprios dessa fase da vida.

Aos 16 anos, Giulia Pinheiro Gritti, hoje com 22 anos, tinha complexo de inferioridade. Isso a fez viver uma busca incessante pelo corpo perfeito. “Eu fazia crossfit três vezes ao dia, dietas loucas e isso passou a ser o sentido da minha vida. Eu queria ter um corpo perfeito porque talvez assim eu me sentisse valorizada e amada. A minha insegurança me fazia pensar que se eu fosse linda as pessoas me aprovariam. Só que, quanto mais eu buscava isso, mais frustrada eu ficava.” Sem se dar conta do problema, a obsessão de Giulia a fez chegar a pesar 58 quilos e a ter apenas 18% de gordura corporal. Apesar disso, ela se olhava no espelho e se enxergava gorda. “Comecei a ter bulimia e anorexia. A cada frustração, o vazio na alma crescia. Fui perdendo o ânimo de me arrumar, de ir às festas e de sair com os amigos. Eu não tinha vontade de mais nada. À noite, eu não conseguia dormir e, quando conseguia, tinha pesadelos”, revela.

A mãe de Giulia, a cuidadora de crianças Olívia Silva Pinheiro, (foto abaixo) de 63 anos, percebeu a mudança comportamental da filha e, apesar da resistência da jovem, ela usava a fé para ajudá-la. “Ela vivia em prol da sua beleza. Ela não queria nem ouvir falar quando eu a convidava para ir à Igreja, mas, mesmo assim, eu não desistia dela. Eu perseverava, fazia votos por ela, orava, ungia as roupas e fazia o almoço com a água consagrada”, conta.

Giulia afirma que ela ainda conseguia desabafar com a mãe e não esquece da resposta que ela lhe deu no dia em que questionou o motivo de ter nascido, depois de pensar em se atirar na frente de um carro: “minha mãe disse: ‘minha filha, você ainda não encontrou um sentido para viver e você só vai encontrá-lo em Deus’. Eu não queria isso, mas minha mãe continuou na fé”.

Olívia confessa que ouvir aquilo da filha doeu muito, pois ela e o pai de Giulia nunca deixavam que lhe faltasse nada.

“Eu sabia que a questão era espiritual, então eu investia mais ainda no Altar, lutava e cria que Deus iria transformá-la”, afirma Olívia. Até que um dia, Giulia pediu à mãe para levá-la à Universal. “Ela estava decidida a entregar sua vida para Deus. Assim, a transformação na vida dela foi muito rápida. Ela começou a pôr em prática o que ouvia e, como consequência, mudaram as suas atitudes. Ela passou a ser paciente, companheira e obediente.” Olívia conta como Giulia está hoje: “ela é uma nova filha, recebeu o Espírito Santo, participa do projeto Help, da Força Jovem Universal (FJU) e leva o amor que recebeu de Deus para outros jovens”.

Curada da depressão, Giulia lembra que a mãe estava certa quando lhe falava sobre o verdadeiro sentido da vida: “ela me apoiava e conversava comigo, mas o principal é que ela nunca desistiu. Quando eu conheci o Senhor Jesus, tudo mudou porque vi que Ele era o sentido da minha vida. Eu passei a me amar e a me aceitar do jeito que eu sou.

Quando eu passei a investir na minha alma, minha visão mudou em relação à beleza e passei a valorizar as coisas simples”, conclui Giulia.

Sem julgamentos
A comerciante Dariane Quirino dos Santos Rufino, (foto abaixo) de 42 anos, hoje consegue perceber que a depressão teve início quando ela era ainda criança. “Por ser uma criança muito desobediente, minha família me excluía de tudo. Os familiares davam muito mais atenção à minha irmã, Daniela de Souza, hoje com 44 anos. Ela era o padrão de criança obediente e, por sentir aquela rejeição, me tornei uma criança rejeitada por mim mesma. Eu não gostava da minha cor nem do meu cabelo. Na adolescência, me sentia inferior e, quando meus pais se separaram, a depressão se manifestou e eu chorava sem motivo”, conta.

Já adulta, Dariane se escondia atrás do seu jeito sempre alegre e fazia todos ao redor sorrirem: “eu era o tipo de pessoa que ria o tempo todo e fazia várias piadas. Eu alegrava o dia de qualquer um, mas eu estava morta por dentro”. Tentando aplacar aquela dor que trazia em seu interior, ela acreditou que, se começasse um relacionamento amoroso, conseguiria ser feliz. Contudo, por se sentir inferior, começou a ter problemas no casamento. Foi então que ela decidiu ter um filho, mas ele também não preencheu seu vazio e, assim, as crises aumentaram. “Eu chorava o dia todo e pensava: ‘sou tão inútil e imprestável que nem para morrer eu sirvo’. Eu estava em um estágio tão elevado da depressão que ninguém suportava ficar perto de mim. Eu era agressiva, nervosa e ansiosa. Por causa desse meu jeito, meu marido começou a se afastar de mim e aí a depressão aumentou.”

Foi então que os pensamentos de suicídio se tornaram constantes. “Na verdade, eu não queria morrer, mas queria me livrar da dor da alma que era insuportável. Eu queria uma solução e alguém que me ajudasse. Então, naquela semana, liguei chorando para minha mãe e disse que planejava pegar o meu carro e me jogar na rodovia. Eu queria uma morte rápida e sem dor.” Imediatamente, a mãe de Dariane ligou para sua outra filha, Daniela, que já percebia que a irmã não estava bem. Ela tentava se aproximar de Dariane, mas via que a irmã se afastava e se isolava.

Decidida, Daniela foi, com o marido, até a casa da irmã, para levar a água consagrada aos domingos na Universal. “Ela estava dentro de casa, no escuro, e tinha um semblante de raiva. Conversei com ela, falei da Palavra de Deus que mudaria aquela situação, dei a água para que ela bebesse e pedi que ela fosse à Igreja”, revela Daniela.

Dariane lembra que, ao beber a água, percebeu que algo havia mudado em seu interior e ela desistiu de se matar. No dia seguinte, ela seguiu a orientação da irmã e participou de uma reunião na Igreja. Dali em diante, ela passou a usar a fé para vencer todos os seus problemas. “A minha irmã foi muito importante em todo o processo. Ela me ajudou bastante em oração. Só o fato dela se preocupar comigo já me ajudou”, admite.

Ver a irmã livre da depressão, cuidando da família, realizada e, principalmente, conhecendo a Deus foi recompensador para Daniela. “Deus é maravilhoso, porque eu não tinha minha irmã perto de mim. É muito gratificante vê-la vivendo na mesma fé”, diz Daniela.

Amor e fé
A depressão pode ser desencadeada quando a pessoa vive um gatilho emocional, como uma perda importante. Foi o que aconteceu com João Victor Menezes Silva, (foto abaixo) de 22 anos. Há três anos, a separação dos pais lhe causou um grande impacto emocional. Sua mãe, a vendedora Sílvia Lilian de Menezes, de 52 anos, conta que o filho se retraía, pouco conversava e se irritava facilmente: “tinha vezes que ele não queria ouvir a nossa voz nem falar, mas tinha momentos que ele nos abraçava, chorava e falava que nos amava muito. Ele sabia que eu e a irmã dele estávamos ao seu lado, porém eram muitas vozes falando na mente dele e muitas coisas acontecendo com as quais ele não conseguia lidar”, revela Sílvia.

Até que começou a pandemia de Covid-19 e mais duas situações abalaram ainda mais João Victor: a perda do emprego e do relacionamento de quatro anos com a namorada. Sílvia revela que viu o filho ficar três meses dentro de um quarto e sem banho. Na ocasião, ela também tinha perdido o emprego, mas o relacionamento que ela tinha com Deus lhe dava paz. Ela lembra que essa reação chamava a atenção do filho.

Sílvia aliou a fé ao amor para ajudar o filho a sair daquela situação. “Comecei a fazer propósitos, a orar e a usar a fé de todas as formas. Peguei uma foto dele e fiz uma carta para Deus, pedindo uma transformação, porque eu sabia que somente o Espírito Santo poderia fazer essa mudança.” Ela revela que conseguia entender o sofrimento do filho porque no passado também teve depressão. “Uma pessoa depressiva se sente sem valor, não consegue ver uma solução clara e sua alma está triste. Então, é preciso ter muita paciência. Ao mesmo tempo que ela se sente incapaz, inferior, ela também se torna agressiva e não quer conversar. Então, não desista, não perca a fé e cuide com carinho dela”, ensina.

Todo empenho de Sílvia foi recompensado. Em uma madrugada, após pedir a Deus que lhe desse as palavras certas para falar com o filho, Sílvia o chamou para uma conversa franca e depois oraram juntos. A partir dali, João Victor aceitou ajuda espiritual e a mudança começou a acontecer.

João Victor conta o que aconteceu: “percebi que o Espírito Santo era o Único capaz de preencher o vazio que eu sentia na alma e entreguei a Ele a minha vida. Comecei a ler mais a Palavra de Deus, a buscá-Lo em oração e hoje Ele me preenche”. Ele confessa que o apoio da mãe fez toda a diferença. Hoje, livre da depressão, ele faz planos para a vida profissional, tem um bom relacionamento com o pai e está bem emocionalmente. “O Espírito Santo me proporciona essa felicidade desde a hora que vou dormir até a que eu acordo”, comemora, para a alegria da mãe que nunca deixou de crer que veria o filho feliz e curado. “A fé é fundamental. Ela nos move a acreditar que o nosso familiar vai sair daquele quadro tão sofrido”, conclui Sílvia.

Não é frescura
Com base na sua experiência nos atendimentos às pessoas com depressão, o Pastor Jefferson Garcia, responsável pelo grupo Depressão tem Cura (DTC), destaca que a família é imprescindível na recuperação da pessoa depressiva.

“Muitos não conseguem superar a depressão sozinhos e, por isso, o amor, a consideração, a fé e o apoio da família são indispensáveis”, salienta. Ele alerta que, ao tentar ajudar um familiar, a pessoa pode prejudicá-lo por desconhecer o que se passa com ele. Ele faz o convite: “participe das reuniões de sexta-feira, em uma Universal, e, por meio da fé, busque a cura da alma do familiar que está deprimido”. O DTC oferece apoio emocional e espiritual às pessoas que enfrentam a depressão. Se você sofre ou conhece alguém que padece deste mal, solicite um atendimento pelo WhatsApp (11) 3573-3662 ou envie uma mensagem pelo Instagram @a.depressaotemcura.

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Colaborador

Núbia Onara / Fotos: getty images, EVG Assis, Mídia FJU - Porto Alegre e Demetrio Koch