Dependência do celular: um convite à mudança de hábitos

Criado para auxiliar nas tarefas diárias, o mau uso do aparelho tem sugado a energia física e mental dos usuários

Imagem de capa - Dependência do celular: um convite à mudança de hábitos

Qual é a primeira coisa que você faz depois que acorda? Muitos responderão que desligam o despertador. Contudo o fato de usar o alarme que, na maioria das vezes, está no celular tem incentivado muitas pessoas a aproveitarem o contato com o aparelho para dar uma espiada nas redes sociais enquanto ainda estão na cama. Segundo a pesquisa Reviews, quase 90% dos norte-americanos entrevistados verificam o telefone nos primeiros dez minutos depois de acordar. Essa atitude é repetida em todo o mundo, mas traz uma série de malefícios para o organismo.

O primeiro a ser atingido pelas informações é o cérebro. E, no momento em que acordamos, ele está em um estado sensível, mais receptivo, em um processo de transição para outro mais agitado. Assim, ao pegar o celular nos primeiros minutos do dia, é como se o órgão mudasse de fase de forma abrupta e pulando estágios importantes. Isso resulta em menor produtividade e menos atenção, além de maior ansiedade. Parece brincadeira, mas uma única ação pode interferir em todo o resultado do seu dia.

“De acordo com estudos, o uso de celulares libera uma pequena carga de dopamina no cérebro, responsável pela sensação de estímulo e recompensa na pessoa que usa o aparelho. Isso leva o cérebro a pedir mais doses de dopamina, pois ele associa essa felicidade ao aparelho e ficará em busca dela ao longo do dia”, explica a psicóloga Lilian Neves.

Nomofobia: você conhece?
Não é só durante a manhã que o celular está com seu dono, mas o tempo todo. Inclusive, a pesquisa norte-americana citada anteriormente revelou que 60% dos entrevistados dormem perto do telefone e outros 75% usam o smartphone até quando estão no banheiro. Além de prejudicar a saúde, esses hábitos revelam que o ser humano desenvolveu dependência do celular. Essa questão já é patológica e o transtorno recebeu o nome de nomofobia. A má notícia é que o Brasil está entre os países com mais pessoas nessa condição.

Em média, o brasileiro passa 16 horas acordado, sendo que cinco horas são dedicadas ao uso do smartphone, segundo o mais recente relatório State of Mobile. Segundo a psicóloga Lilian Neves, alguns comportamentos podem sinalizar que a pessoa está dependente, como não conseguir ficar sem o aparelho e, na ausência dele, sentir medo, ansiedade ou irritabilidade; verificar constantemente as notificações; não interagir com outras pessoas para mexer no celular; e não abrir mão do smartphone ao ir ao banheiro e nem enquanto dirige.

“Devemos salientar que a dependência não se configura apenas quando é observado um comportamento isolado, mas se ocorrer um conjunto deles. Isso porque é comum que pessoas necessitem do celular para trabalhar e, então, devemos analisar caso a caso. Mas é importante que, em situações em que o uso não seja necessário, a pessoa consiga deixá-lo de lado para desfrutar de outras formas de comunicação ou lazer”, diz Lilian.

Entre os impactos do uso compulsivo destacam-se maior irritabilidade, estresse, ansiedade, distúrbio do sono, falta de concentração e até fobia social. Além disso, quem investe muito tempo no celular não se dedica à vida espiritual, ao diálogo no relacionamento, a marcar presença na vida dos filhos e ao cuidado com a própria saúde e bem-estar.

Do virtual para o real
Reconhecer que o celular está sugando boa parte do seu dia e da sua energia é o primeiro passo para fazer uma mudança verdadeira. Em seguida, é importante priorizar os hábitos benéficos para o corpo e para a mente. Que tal trocar a atualização da sua rede social durante a manhã pela meditação na Palavra de Deus? A leitura, longe das telas, faz bem para o cérebro e as Escrituras Sagradas alimentam o espírito e mudam o rumo do dia de forma positiva.

“Antes de dormir, coloque o celular no modo avião, para que ele não o incomode até que ocorra o verdadeiro despertar. Além disso, deixe-o longe da cama. Programe horários para acessar o aparelho e estipule um tempo específico para isso, ou seja, limite as distrações com jogos, bate-papos e redes sociais. Evite receber esse estímulo durante as refeições e, por fim, faça uma lista de prioridades e não deixe de incluir o encontro presencial com os amigos ou um tempo para se dedicar ao cônjuge. Dessa forma, você ganhará qualidade de vida e, principalmente, saúde mental”, conclui Lilian.

PROTEJA A SUA SAÚDE

O uso descontrolado do celular afeta o cérebro e gera prejuízos para a saúde e para a vida social. Para garantir mais bem-estar, não utilize o aparelho logo que acordar e deixe-o longe da cama. Evite usar o celular durante as refeições e os encontros com amigos. Por fim, desfrute de momentos off-line e controle o tempo que você passa em frente à tela

 

imagem do author
Colaborador

Cinthia Cardoso / Foto: Liudmila Chernetska\gettymages