De que a sua alma realmente precisa?

Nem tudo que você deseja é o que sua alma necessita. Descubra qual é o caminho para alcançar a verdadeira plenitude

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A alma humana é uma fonte inesgotável de desejos. Ela nunca descansa: busca satisfação a todo instante e enche a mente com sugestões de caminhos que, supostamente, levariam à tão sonhada realização. O problema é que, quando finalmente conquista aquilo que tanto queria, a alegria dura pouco. Logo surge um novo desejo, com exigências ainda maiores. Assim, pouco a pouco, o ser humano se torna escravo da própria alma e, dessa forma, vive numa busca desenfreada que jamais cessa.

Sabendo dessa inclinação e de todos os conflitos que ela gera, Deus enviou Seu Filho ao mundo. Jesus ensinou, curou e realizou milagres, mas Sua missão principal era salvar a alma humana. Para isso, Ele submeteu-Se ao sofrimento – do Jardim do Getsêmani à cruz. Por meio desse sacrifício, ofereceu salvação a todos os que creem.

Muitos associam os planos de Deus a conquistas materiais ou a realizações terrenas. Mas a verdade é que a maior obra que Ele deseja realizar na vida de alguém é a restauração da alma. Isso porque, quando a alma é resolvida, toda a vida se resolve.

A ansiedade pela bênção

A alma é egoísta: quer tudo, mas não quer abrir mão de nada. Ela deseja, por exemplo, um casamento feliz, mas não está disposta a ceder ou a pedir perdão. Ela quer estabilidade financeira, mas não aceita economizar ou evitar gastos fúteis. Em resumo, a alma quer os benefícios, mas não o esforço.

Além disso, ela é ansiosa. Ela não gosta de esperar, quer tudo rápido, fácil e sem dor. Esse caminho, porém, é uma armadilha e leva muitos a se envolverem com pessoas erradas, a fecharem negócios precipitadamente, a caírem em golpes e a acumularem prejuízos em todas as áreas.

Em virtude das perdas, muitos – até os que frequentam a igreja – concluem que a oração está fraca ou que Deus não os ouve. Mas o problema verdadeiro é outro: eles querem viver do próprio jeito e não seguir o plano de Deus, porque julgam que Ele está demorando demais. Contudo é preciso lembrar: a bênção antecipada é maldição.

“A herança que no princípio é adquirida às pressas, no fim não será abençoada” (Provérbios 20:21)

Toda vez que tentamos apressar a bênção prolongamos ainda mais a espera pela verdadeira felicidade. Então, não há como fugir: o sacrifício é o caminho mais curto para alcançar o que Deus preparou. Se houvesse outro, o Pai não teria enviado Seu Filho pelo caminho do sacrifício na cruz.

 

Sinais de que uma alma está mal resolvida

Deus criou o ser humano à Sua imagem e semelhança e, assim como Ele é formado por uma trindade – na Pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo –, nós somos também formados por uma tríade, composta por espírito, alma e corpo (conforme você pode ver na
figura à esquerda).

Assim, cada decisão que tomamos depende de a qual parte da nossa trindade damos ouvidos. Quando a alma assume o controle da nossa vida, os sinais são claros. Ela age de forma impulsiva, inconsequente e quer resolver tudo a qualquer preço. Ela conduz a pessoa por caminhos enganosos, que parecem bons à primeira vista, mas que escondem o sofrimento que está por vir.

Quem tem a alma mal resolvida é instável quanto às suas emoções, no trabalho, nos relacionamentos, na família e até na saúde. É uma pessoa que, por mais que busque preenchimento e satisfação, ainda continua vazia.

Na prática, sem Deus, a alma se torna refém dos sentimentos. Tudo que acontece externamente a atinge em cheio: violência, traição, decepção, perda, etc. Por outro lado, ela quer repetir tudo que a agrada. Ela busca se sentir bem, mas, ao se entregar aos desejos do próprio “eu”, ela abre mão da Vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2).

Como deixar de ser refém da sua alma

Existe apenas uma forma de deixar de ser vítima da alma: por meio do Espírito Santo. Ele não obriga a alma a nada, não faz imposições, mas dá ao ser humano o fruto do domínio próprio. Quando o Espírito de Deus passa a habitar dentro de nós, Ele fala ao nosso espírito, ou seja, à nossa razão, que tem o poder de decidir se dará ou não voz aos impulsos da alma.

A verdade é que a alma continuará desejando, sentindo e buscando seus próprios caminhos, mas a pessoa deixa de permitir que ela assuma as rédeas da sua vida. É a razão guiada pelo Espírito Santo que passa a conduzir as escolhas e não mais as emoções. Essa mudança de rumo exige sacrifício – algo a que a alma não quer se submeter, mas de que ela realmente precisa.

Organizando as prioridades

São incontáveis os relatos de pessoas que tiveram suas vidas transformadas depois que receberam o Espírito Santo. Essa mudança começa no interior delas e se reflete em atitudes que, guiadas pelo Espírito de Deus, abrem caminho para conquistas visíveis: relacionamentos saudáveis, sucesso profissional e tudo que a Palavra de Deus promete ao ser humano.

O problema, porém, é que muitos estão dispostos a lutar por essas conquistas, mas não pelo que realmente importa. É como se a vida espiritual, por não ser visível, fosse considerada menos importante do que a material, que salta aos olhos. Mas a verdade é exatamente o oposto disso. O Senhor Jesus foi claro ao revelar:

“Mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33)

O caminho apontado por Jesus é simples, mas exige fé e renúncia. Colocar o Reino de Deus em primeiro lugar significa entregar a Ele toda a vida, os problemas e os anseios, reconhecendo que precisamos dEle acima de tudo. É tirar os pensamentos do terreno e alinhá-los com os do Criador, empenhando toda a nossa força para agradá-Lo.

Domina a teoria, mas falha na prática

O grande problema é que muitas pessoas já sabem disso: elas leram essas orientações na Bíblia, ouviram pregações na igreja e receberam a direção de Deus, mas, apesar de dominarem a teoria, falham na prática. É como se não acreditassem de fato no que está escrito e resistissem à vontade divina.

Ao colocar as conquistas terrenas como fonte de felicidade, elas ignoram o sacrifício de Jesus na cruz e dão mais valor ao que é passageiro. Contudo é preciso compreender que insistir em manter o controle e escolher os próprios caminhos é a receita certa para a frustração e para aumentar ainda mais o vazio da alma.

Abrindo mão da própria vontade

O Próprio Senhor Jesus nos ensinou que nossa vontade deve estar submetida à Vontade de Deus. Ele disse: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (João 6:38).

Esse princípio foi vivido de forma intensa no Jardim do Getsêmani. Em meio à dor e à pressão do que viria depois de Sua prisão, Jesus orou:
“… Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mateus 26:39)

Por três vezes, Ele fez essa oração, pedindo livramento, mas entregando a decisão ao Pai. Recebeu “não” como resposta três vezes, mas confiou, porque sabia que a vontade de Deus é sempre a melhor. Essa é a oração mais difícil: abrir mão da própria vontade e confiar.

“Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a sua vontade, ele nos ouve” (1 João 5:14-15)

O maior sacrifício é confiar que a vontade de Deus é maior e melhor do que a nossa. Ao nos submetermos, podemos receber um “sim”, um “não” ou um “ainda não”. Mas, independentemente da resposta, estaremos seguros, porque Ele sabe do que precisamos.

Escolha a sinceridade

Ninguém enxerga o interior do outro, mas cada um conhece a condição da própria alma. Há quem aparente satisfação, mas carregue mágoa, inveja, ódio ou desejo de vingança, por exemplo. Por fora, o sorriso é constante, mas, por dentro, há dor.
Mas de que adianta aparentar o que não é? Essa máscara pode enganar as pessoas, mas não engana a Deus. Ele sabe de tudo e espera apenas sinceridade e humildade para pedir ajuda.

A vida só muda quando a pessoa decide render-se completamente ao Criador. Não importa onde você esteja: se há desejo sincero de se entregar, Deus está pronto para recebê-lo. A Fogueira Santa no Jardim do Getsêmani é exatamente para isso: trocar a vontade humana pela vontade de Deus.

Antes de resolver problemas financeiros, conjugais ou familiares, resolva o problema da sua alma. Quando ela é colocada no Altar, começa uma nova história.

Com Deus guiando os planos

A memória humana é limitada, pois pensamos em alguém, mas logo depois nos esquecemos. No entanto, com Deus é diferente! É fascinante saber que Ele pensa em nós e que faz os melhores planos para a nossa vida. O Altíssimo deseja cuidar das nossas necessidades momentâneas e do nosso futuro para realizar muito mais do que almejamos. Mas os Seus planos concernentes a nós não se cumprirão automaticamente como se o nosso destino já estivesse determinado. Para que se cumpram, devemos submeter a nossa vontade a Ele, agir a fé e nos colocar inteiramente em Suas Mãos.

Comentário referente a Jeremias 29:11, disponível na Bíblia Sagrada com as anotações de Fé do Bispo Edir Macedo.

 

A verdadeira necessidade da alma

Enquanto Leiriane Paradello deu à alma o que ela queria, continuou vazia. Quando ela deu o que a alma precisava, ela se encheu de paz

A ferida na alma

Aos 10 anos, sofri uma tentativa de abuso. Consegui me desvencilhar daquilo, mas meu comportamento mudou. Passei a me isolar e minha mãe percebeu e me questionou. Eu me senti à vontade para contar para ela, mas ela reagiu dizendo que era uma acusação grave e que eu precisava pensar bem no que estava falando. A falta de acolhimento virou raiva e mágoa. Então, deixei de chamá-la de mãe e passei a chamá-la pelo nome.

Os frutos da mágoa

Com 12 anos, comecei a me envolver com vários rapazes, levava-os para casa, usava roupas curtas para chamar atenção, frequentava festas e baladas. Fazia tudo isso na tentativa de preencher o vazio. Conheci a Força Jovem Universal (FJU), mas não houve entrega verdadeira. Troquei o mundo pela igreja, mas não pelo Senhor Jesus. Parei com as baladas, mas continuava buscando atenção para tentar preencher aquele vazio.

A vida de aparência

Dentro da igreja, eu estava envolvida em todas as atividades e participava de tudo para me sentir aceita. Eu aparentava ser uma pessoa de Deus: mudei minhas roupas, minha forma de falar e algumas atitudes, mas não obedecia à Palavra de Deus. Eu estava me enganando. Eu ainda não tinha perdoado a minha mãe. Em casa, eu fazia o certo por medo de ser desmascarada na igreja. Eu achava que estava bem porque não queria mais matá-la, mas alimentava pensamentos de desprezo sempre que a via com minhas irmãs ou com outras pessoas da família.

A mudança interior

Eu até tentava fazer tudo certo, mas continuava vazia e me sentindo incompreendida. As mudanças eram externas e superficiais e não tocavam na raiz do problema, que era a mágoa. Sentia-me desprezada até por Deus: primeiro pela tentativa de abuso, depois porque parecia que todos recebiam o Espírito Santo, menos eu. Em um propósito de fé, percebi que estava me enganando e que a mágoa estava me corroendo. Decidi, então, perdoar minha mãe e o peso saiu instantaneamente. Dia após dia, entreguei minhas vontades a Deus até receber o Espírito Santo. Ele me trouxe paz, alegria e segurança. Hoje vejo que, enquanto eu dava à alma atenção e prazeres, eu continuava vazia. Mas, quando dei o que ela precisava – que era o perdão –, finalmente encontrei a paz.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Fotos: arte sobre foto: matdesign24/getty images, cedida / Arte: Douglas Crispim