De onde vem o ciúme?

Comum em muitas relações amorosas, o sentimento está ligado à insegurança e pode provocar angústia, tristeza e raiva. Entenda a origem do problema e como superar essa armadilha emocional

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Até que ponto o ciúme é saudável em uma relação? No caso de Sanderson e Tamires Rosolem (foto abaixo) o sentimento se tornou tão excessivo que gerava angústia e brigas constantes. O casal conta que viveu em meio à tensão durante vários anos. Tamires explica que o problema começou ainda no namoro e se agravou com o passar do tempo. “Nós tínhamos ciúme dos amigos um do outro. Vigiávamos o celular, com quem o outro falava. Controlávamos o horário de chegada em casa. Se um de nós demorava 15 minutos, isso já era motivo para brigas”, diz ela, que tem 29 anos.

Sanderson, de 27 anos, admite que buscava situações para mostrar seu ciúme. “Era um ciúme extremo, eu caçava motivos em tudo que ela fazia. Se ela se arrumasse demais, eu questionava, regulava roupa, maquiagem, cabelo. As brigas começavam por coisas banais e se transformavam em algo grande”, detalha.

A falta de diálogo e as emoções à flor da pele levavam Sanderson e Tamires a tomar atitudes prejudiciais ao relacionamento. “Sempre que começava uma discussão, um jogava coisas na cara do outro. Eu ia para o bar com amigos sem avisar e voltava só de madrugada, dava motivos para que ela desconfiasse de mim”, afirma ele. “Eu acusava a família dele de acobertar o que ele fazia”, completa ela. O casal chegou até a se separar por causa do ciúme.

Origem e limites

Em um relacionamento amoroso, o ciúme pode estar ligado ao medo de perder o parceiro ou a parceira. Em situações saudáveis, o casal consegue manter o respeito e resolver a questão. Entretanto o ciúme pode ser apenas parte de um problema mais complexo, explica a psicóloga e terapeuta cognitivo-comportamental Claudia Melo, do Rio de Janeiro (RJ). “Às vezes, o que fica mais visível é o sentimento de ciúme, mas a pessoa pode ter uma fragilidade, um medo, uma insegurança. Quando a pessoa já está adoecida, esse sentimento causa uma grande confusão no relacionamento e atinge familiares e amigos”, avalia.

Mas como identificar se o ciúme é excessivo e pode se tornar prejudicial? A psicóloga dá uma pista: “é natural sentir um pouco de ciúme, pode existir uma situação que fez o outro se sentir preterido, mas, a partir do momento que a pessoa cria situações e fantasia que algo vai acontecer, ela deve prestar atenção, porque um pensamento distorcido pode levar a ações distorcidas. É importante parar para pensar o que é verdade e o que é criação da própria cabeça.”

Ajuda

Quando o ciúme começa a passar dos limites, é importante valorizar o diálogo entre o casal. “A comunicação e a transparência são fundamentais para qualquer relação. Se algo está incomodando, é melhor não deixar passar muito tempo para dialogar porque um dos dois pode esquecer o que aconteceu. É importante explicar o que o incomodou e como você se sentiu”, sugere Claudia Melo, acrescentando que o casal também pode procurar ajuda externa para evitar danos ao relacionamento.

Claudia diz que se o parceiro demonstra ciúme excessivo, o outro precisa sinalizar e colocar limites antes que a situação se torne incontrolável. “Algumas pessoas demonstram muito ciúme já no namoro e isso não é saudável. Se não houver diálogo e limites, a pesssoa ciumenta acreditará que tem direito de controlar a vida da outra, ela quer ter as rédeas de tudo. No futuro, isso pode levar a atitudes fora da normalidade, como de violência.”

É possível superar

No caso de Sanderson e Tamires, o ciúme começou a ser combatido quando ela decidiu buscar ajuda espiritual nas reuniões da Universal. Depois de seis meses, Sanderson aceitou o convite para participar de uma reunião. “Fiz um desafio com Deus. Decidi obedecer a Palavra e buscar mudanças. Resgatei minhas esperanças e voltei a lutar pelo nosso relacionamento. Começamos a nos respeitar e a dialogar, em vez de brigar”, diz Sanderson. Com as palestras, Tamires explica que o casal superou as inseguranças e ficou mais unido. “Hoje, somos amigos e parceiros. Nós conversamos, combinamos juntos o que vamos fazer.”

Acordos

Rose Sales, master coach e terapeuta do Instituto Ideah, afirma que o sucesso de um relacionamento passa pelo estabelecimento de acordos que sejam positivos para as duas partes. “O casal precisa conversar e combinar qual é o ponto de equilíbrio, o que os dois entendem como saudável para o relacionamento. A medida indicada é conversar e promover realinhamentos, se for preciso fazer mudanças”, ensina.

Para combater o ciúme, ela explica que é importante que cada cônjuge tenha autoconhecimento para identificar as próprias fragilidades. “A pessoa precisa se conhecer, entender o que a incomoda, o que gera ciúme. Se ela souber a causa do ciúme, poderá explicar melhor a situação que causa insegurança e evitar brigas.” Depois, a terapeuta acrescenta que o casal precisa se abrir para falar e ouvir sem fazer julgamentos. “O casal deve se permitir contar o que sente. O fim do ciúme começa com transparência e confiança. Os dois precisam concordar e determinar os próprios limites”, esclarece.

Insegurança

O sentimento também atrapalhava o relacionamento de Jussara Martins de Oliveira, de 27 anos, e Jerffson Oliveira da Paixão, de 26 (foto abaixo). Ela conta que todo passeio do casal se transformava em briga em poucos minutos. “Ele tinha um ciúme doentio, que o deixava cego. Eu não podia virar para o lado que ele já dizia que eu estava olhando para outros homens e me agredia na rua mesmo. O que era para ser um dia feliz virava um pesadelo”, lembra.

Com a falta de confiança do marido, Jussara diz que se tornou uma mulher frustrada. O casal se separou algumas vezes por causa das brigas. “Era um caos, eu cheguei a voltar para a casa da minha mãe.” Os problemas duraram dois anos, até que Jussara decidiu buscar ajuda. “O ponto mais crítico foi quando ele falou que iria me matar durante uma briga. Resolvemos buscar a Deus porque percebemos que nossa situação ia continuar piorando”, diz ela.

Os dois passaram a frequentar as palestras da Terapia do Amor, reuniões que ocorrem às quintas-feiras na Universal. Aos poucos, as atitudes de Jerffson foram mudando. “Ele passou a se comunicar de forma diferente comigo. Ele demonstrava confiança e já não brigava por ciúme, ficou mais seguro”, conta.

Mas os problemas de ciúme do casal ainda não tinham terminado. Depois de alguns meses, Jussara revela que também começou a demonstrar ciúme. “Eu fiquei grávida e meu corpo começou a mudar, fiquei acima do peso e me tornei insegura. Voltamos a brigar porque eu dizia que ele olhava para outras mulheres.” O ciúme era tão intenso que ela proibiu o marido de ver televisão e vídeos no YouTube.

Apesar das dificuldades, Jussara afirma que o casal continuou se inspirando na Palavra para superar o ciúme. “Depois de nos entregarmos de verdade ao Senhor Jesus, o ciúme saiu de dentro de mim e dele. Com as palestras da Terapia do Amor, nosso casamento foi transformado. Passamos a nos valorizar e hoje confiamos um no outro e conversamos muito”, finaliza.

Real versus imaginário

O Bispo Carlos Cucato, que ministra palestras da Terapia do Amor no Templo de Salomão, em São Paulo (SP), afirma que existem dois tipos de ciúme: o real e o imaginário. “O ciúme real é quando um parceiro dá motivos para que o outro sinta ciúme. Nesse caso, é preciso colocar limites e se posicionar”, disse, em uma das reuniões. Segundo ele, os casais precisam desenvolver a habilidade de conversar para solucionar problemas. “Você tem que saber discutir, conversar para resolver um problema, mas não é discutir para brigar.”

Já no caso do ciúme imaginário, o Bispo explica que ele é gerado por fantasias. “No ciúme imaginário, a pessoa começa a enxergar coisas que não existem. Nesse caso, a Palavra de Deus mostra que isso é o espírito do ciúme, que é doentio, controlador, dominador”, avaliou, recomendando que os casais busquem a prática da fé inteligente para superar a situação. “Tão importante quanto a oração é a ação. Você tem comportamentos dentro do seu casamento que precisa deixar de ter. Você vai plantar para depois colher.”

Da infância


O sentimento de ciúme acompanhou a empresária Cleide Melo Lima, de 33 anos (foto acima), boa parte da sua vida. “Meu problema com isso começou na infância. Minha mãe tinha ciúme e brigava com meu pai porque ele não a respeitava.” A experiência dos pais a fez acreditar que aquele era o único modelo possível de relação.

Já adulta, Cleide diz que começou a ter um ciúme excessivo sem motivos. “Se meu marido demorasse para chegar em casa, eu ficava angustiada. Eu imaginava coisas que não existiam e acabava agindo de forma desagradável.”

Reginaldo Lima, de 32 anos, lembra de algumas situações incômodas. “Ela pegava no meu pé e cobrava atenção. Quanto mais ela cobrava, mais eu me afastava dela.” Cleide admite que a situação estava ficando insustentável. “Quando ele ia para o banheiro, eu vasculhava o celular dele, ficava olhando com quem ele tinha falado e por quantos minutos.”

O problema começou a ser solucionado quando ela passou a frequentar as reuniões da Universal. “Aprendi a me valorizar e a colocar Deus acima de tudo. Comecei a ter comportamentos agradáveis e parei de vasculhar o telefone dele.” Reginaldo logo notou as mudanças. “Comecei a ir para a Universal com ela, pois queria me sentir seguro como ela se sentia. Hoje, nós somos seguros, confiamos um no outro e não temos mais esse problema, sempre queremos agradar um ao outro.”

Presença de Deus

No caso de Cida Laureano, de 36 anos, e Sandro Laureano, de 39 anos (foto abaixo), o ciúme começou depois do casamento. Ela diz que sentiu falta da atenção que recebia no namoro. “Ele jogava bola no fim de semana e eu queria que ele ficasse comigo. Ele não podia nem olhar para o lado que eu já imaginava coisas.”

Cida diz que a situação foi piorando no decorrer de um ano. “Lembro que uma vez saímos com amigos. Eu achei que ele tinha olhado para outras mulheres e comecei a discutir na frente de todo mundo. Comecei a falar alto, brigar, foi uma situação bem chata e ele ficou com muita vergonha.”

Sandro diz que o ciúme gerava sofrimento para os dois. “Ela era muito insegura. Para evitar brigas em público, eu voltava para casa e ficávamos sem conversar por até três dias. A situação estava insuportável e tomei a decisão de me separar”, revela. O casal estava a ponto de se divorciar quando aceitou o convite do irmão de Sandro para que fossem a uma reunião da Universal. “A presença de Deus em nosso casamento foi fundamental. Começamos a tentar compreender um ao outro, ter cuidado, atenção. Eu mudei minhas atitudes que geravam insegurança nela e passei a ouvi-la. Com o diálogo, ela se sentiu mais segura e o ciúme foi diminuindo”, conta ele. “As reuniões mudaram minha mente. Se não tivéssemos chegado à Universal, não estaríamos juntos”, completa ela, comemorando os 13 anos de união.

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Colaborador

Por Rê Campbell/ Fotos: Fotolia, Demetrio Koch, Marcelo Alves e Mídia FJU