De cada dez brasileiros, sete se automedicam, segundo pesquisa

Filas nas emergências e descrença quanto ao diagnóstico médico estão entre os motivos relatados

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Bateu uma dor de cabeça? Comprar um remédio parece algo fácil e rápido. Na sacolinha das compras também podem estar analgésicos, anti-inflamatórios, antitérmicos, remédios para gripe e até o comprimidinho para ser usado quando aquela dor de barriga fizer uma visita. Adquirir remédios para automedicação parece um hábito corriqueiro do brasileiro.

Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas orientarem quanto aos riscos, tomar remédio sem prescrição médica é uma prática adotada por 72% dos brasileiros, de acordo com um levantamento divulgado pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ). A pesquisa ouviu 2.340 pessoas em 16 cidades do País.

O estudo aponta também que 40% da população busca possíveis diagnósticos por meio de informações na internet. Entre os motivos da escolha pelas buscas on-line está o fato de não querer encarar a fila (ou a demora) nas emergências e nos prontos-socorros, além de não achar relevante o diagnóstico fornecido pelo próprio médico.

Perigo à vista

A análise do ICTQ apresentou queda em comparação ao mesmo levantamento feito no ano de 2014, que apontou que 76,4% da população se automedicava. Ainda assim, os números preocupam. Afinal, o remedinho pode parecer uma solução imediata, mas pode trazer consequências mais graves do que se imagina.

Para a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a ingestão de remédios como antiácidos e analgésicos pode mascarar sintomas de doenças graves. Consumir antibióticos como se fossem balas mastigáveis pode facilitar a resistência de bactérias, por exemplo. Vale lembrar que todo fármaco tem efeito colateral e que tomá-lo por conta própria pode interferir no resultado de outros tratamentos, inibindo ou aumentando o efeito dos medicamentos, além de provocar reações adversas e até intoxicação.

Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de 2010, apontaram que os fármacos corresponderam a 27,75% dos motivos de intoxicações registradas no Brasil. O índice é maior que as intoxicações provocadas por agrotóxicos, animais peçonhentos e drogas. Também foram responsáveis por 16% dos casos de óbito.

Uso racional

Não se pode negar que as dificuldades que muitos enfrentam para ter acesso ao serviço básico de saúde, somadas à intensa publicidade, ao acesso fácil e à venda indiscriminada, facilitam a automedicação. A escolha é sua e você deve considerar que isso pode trazer alguma consequência e interferir na sua vida e na sua saúde.
Por isso, é de extrema importância que, antes de consumir qualquer remédio, você tenha o devido aconselhamento médico, além de respeitar os horários, períodos e as dosagens prescritos pelos profissionais de saúde. Não tome remédio à toa. Procure sempre um médico e cuide da sua saúde como ela merece.

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Colaborador

Por Flávia Francelino / Foto: Fotolia