Cuidado com o caminho mais fácil

Os “atalhos” para o sucesso são, na maioria das vezes, armadilhas que podem lhe afastar de DeusMarcelo Rangel

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Há um velho ditado até um pouco engraçado, mas repleto de sabedoria: “laranja de beira de estrada ou está azeda ou está bichada”. O fruto ali, bem à vista, “dando sopa”, em uma linguagem bem popular, tem algo de errado por um simples motivo: nada muito bom vem fácil assim.

Vez ou outra, todo mundo se vê diante de uma oportunidade, inesperada ou não. Como saber se é realmente alguma coisa que vai acrescentar algo à nossa vida ou nos jogar ainda mais fundo no fracasso? “Diariamente nos deparamos com situações em que somos testados”, diz Patrícia Camargo, psicanalista clínica e coach de Sorocaba, em São Paulo. Essas situações testam “se somos honestos, corretos, íntegros, se temos força de vontade, se queremos de fato alguma coisa, se aquilo pelo que lutamos vale a pena, se ‘engolir sapo’ é a melhor atitude naquele momento e se temos garra e convicção”, pontua.

Patrícia dá exemplos: “se você tem dificuldades no seu relacionamento, não é mais fácil sair de fininho do que conversar? Se seu chefe não valoriza seu trabalho, não é mais fácil tentar mudar de departamento ou de empresa?”

E como escolher? “O melhor caminho é sempre o mais difícil”, diz Patrícia, “pois exige de você humildade, paciência e, por vezes, resignação e nem sempre temos essas qualidades ou estamos dispostos a tê-las”.

Facilidade ou armadilha?
O que Patrícia diz está alinhado com o que o próprio Senhor Jesus advertiu há milênios: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” (Mateus 7.13-14).

Sim, as armadilhas do dia a dia também têm mais a ver com o sentido espiritual do que muitos imaginam. Quando o espírito não vai bem, todo o resto cai. Não raro, quem não tem a proteção real de Deus se vê mal nas finanças, no amor, no trabalho, na saúde e em qualquer aspecto da vida.

O Bispo Edir Macedo também se alinha a esse pensamento, como revela em seu perfil no Instagram: “o diabo arma laços para pegar os desprevenidos na fé. Ele quer aqueles que são de Deus – só Ele mesmo, em Seus infinitos poder e misericórdia, é capaz de livrar alguém laçado pelo mal”.

Mas, antes de cair nesse erro tão comum, como identificá-lo? “O que está por trás de uma armadilha, de um laço do diabo? Sempre, no mínimo, uma facilidade”, esclarece o Bispo. “Ele sempre arma os laços da idolatria, da riqueza, do sucesso, do poder político ou econômico, de buscar a glória deste mundo”.

O Senhor Jesus advertiu: “vigiai e orai” (Mateus 26.41) e o Bispo destaca: “primeiro vigiar, depois, orar. Fique atento, pois em alguns momentos surgem aquelas oportunidades que aparentam ser do Altíssimo. O diabo usa até a própria Palavra de Deus para armar laços, como fez com o Messias”.

O Bispo dá um exemplo em sua própria vida: “eu queria me casar, precisava de uma companheira que me auxiliasse a levar o Evangelho a outras pessoas, em minha antiga Igreja. Então, me apeguei a um versículo: ‘Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.’ (João 15.7). Me baseei nisso e pedi a Deus que me unisse a uma moça recém-chegada à Igreja, à qual me afeiçoei”.

Qual foi o erro? “Não me preocupei se aquilo era da Vontade dEle. Eu queria a conquista daquele coração”, revela o Bispo. “O diabo me convenceu de que era da Vontade de Deus que eu me casasse com aquela moça. Após três meses e meio, em que já havíamos namorado e noivado, eu não estava certo de que queria aquilo, pois a fé não dá ouvidos à emoção, mas à certeza. Abri mão do casamento com ela, mesmo com tudo já comprado e planejado.”

Um preço que compensa
Segundo o Bispo Macedo, “o diabo cria facilidades, não dificuldades, mas quando você usa a Fé verdadeira sabe que deve pagar um preço pelo que quer e que nada vem fácil. Deve haver um sacrifício. Dê graças a Deus pelas dificuldades, pois elas indicam que você está aprendendo a viver pela Fé. Quem quer ser um bom profissional de verdade, por exemplo, não entra pela janela, mas estuda para se formar. Se prepara, deixa de lado distrações na internet, saídas, namoros, para estar preparado para as provas”.

Patrícia segue esse mesmo raciocínio: “o melhor caminho é sempre o mais difícil porque vai fazer você se aprimorar. Você tem a chance de se lapidar e ser melhor do que foi ontem, desenvolver a paciência, a humildade, a garra que eventualmente podem estar lhe faltando”.

Há mais a ganhar dessa forma, segundo ela: “o caminho mais difícil é também o mais recompensador. Não tem preço olhar para trás e dizer: ‘venci! Me aprimorei, hoje sou melhor do que ontem, aprendi que estou evoluindo, que o caminho é doloroso, mas me fará vencedor’”.

O Bispo Macedo lembra que “até o próprio Deus trilhou o caminho do sacrifício para a Salvação de Seus filhos”. O Senhor Jesus, apesar de todo o Seu poder, se sacrificou na cruz, aceitando a dor, o sofrimento e, assim, o preço pela Salvação de todos nós foi indiscutivelmente pago. Se até o Altíssimo mostrou na prática, vale a pena seguir Seu exemplo.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Getty Images