Cristão consciente é cidadão inteligente

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Uma das coisas que o ser humano mais deseja é ter voz, ou seja, ter a liberdade de expressar sua opinião e saber que o que disse foi valorizado por quem ouviu. No contexto familiar ou profissional, por exemplo, saber que sua opinião foi considerada é até um sinal de respeito e, em termos mais amplos, como na sociedade, não é diferente. Na democracia é garantido a todos o direito de expressar suas ideias, porém nem todas são colocadas em prática. Para isso, é necessário que a maioria esteja de acordo. Considerar a opinião da maioria é um pilar muito importante da democracia.

Apesar de ser sempre associada à política, a democracia está presente em diversos ambientes, principalmente naqueles que exigem que alguém tome decisões que influenciam determinado grupo. Um exemplo bem simples onde há a democracia é em um condomínio residencial. Normalmente, centenas de pessoas dividem esse espaço, mas apenas o síndico fica responsável por reunir os moradores para decidir o que será feito ou não. Apesar de querer ouvir a opinião de todos, somente a opinião daqueles que participam das assembleias condominiais é considerada. Afinal, quem não participa renuncia ao seu direito sagrado de escolher.

Por exemplo, imagine que o síndico convocou uma assembleia para definir as melhorias que serão feitas no empreendimento. De cem famílias que moram no local, só 70 participaram. Apesar de todos serem favoráveis à realização das melhorias, alguns pediram para que as obras fossem adiadas por alguns meses para que consigam se organizar financeiramente para arcar com os custos, que serão divididos entre todos, e outros discordaram, pois desejam que o início das benfeitorias seja imediato. Diante da divergência, ocorreu uma votação e a maioria votou pelo começo imediato das obras. Dessa forma, a decisão foi acatada e todos tiveram um aumento temporário na taxa de condomínio, inclusive os que faltaram à reunião.

Na prática, todos receberam o mesmo direito de defender seus interesses. Quem foi e estava pensando nas suas finanças, pode até ter perdido na votação, mas lutou e deu valor à sua própria voz. Quem não foi simplesmente se calou e entregou a decisão nas mãos de outros, mas terá que pagar o preço por isso.

Guardadas as devidas proporções, é exatamente isso o que acontece em qualquer sociedade democrática. Nas últimas eleições municipais, em 2020, quase 30% dos eleitores deram de ombros. Eles colocaram literalmente nas mãos dos outros 70% a responsabilidade de escolher os que tomariam as decisões no comando das cidades. Em uma sociedade plural ficam as seguintes perguntas: será que a opinião dos que compareceram refletia a opinião dos que faltaram? Será que os valores e os ideais deles eram compatíveis? Apesar desses questionamentos não terem uma resposta, uma coisa é certa: cada um que faltou terá que conviver por quatro anos com as escolhas de outras pessoas.

A população em geral precisa valorizar o poder que recebe durante o período eleitoral, mas nós, cristãos, precisamos estar ainda mais conscientes do nosso papel e dever. Temos valores, ideais e princípios que precisam ser protegidos, pois divergem da opinião de outros que se mobilizam pelos seus interesses. A única forma para que isso aconteça é se cada um tomar para si essa responsabilidade, sem deixá-la na mão dos outros. Quando uma pessoa vira as costas para a política, ela deixa de votar e fortalece o voto de quem participou.

Numa realidade em que a fé é atacada a todo instante, quem crê precisa ir à luta. Muito mais do que digitar alguns números na urna, é necessário escolher bem o candidato, ou seja, se interessar pelo assunto, pesquisar as propostas de cada um deles e estar consciente de que ele – caso ganhe – o representará dentro do município. Além disso, é sempre bom conversar com aqueles que estão ao nosso redor sobre a importância de participar das eleições. Tem tanta gente influenciando outros a respeito de coisas ruins, por que não influenciar com as boas?

Lembre-se: a decisão de votar é individual, mas as consequências são para todos, independentemente de ter votado ou não. Cristão consciente é cidadão inteligente.

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Colaborador

Redação / Foto: Sorapop/getty images