Como saber se você ronca?

Problema que atinge milhares de brasileiros pode estar relacionado a doenças cardiovasculares, à obesidade e ao avanço da idade

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Roncar incomoda bastante a quem ouve o som, ao qual muitos se referem como algo similar a um serrote cortando madeira de forma constante. O problema atinge milhares de pessoas no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS): 24% dos homens de meia-idade roncam e, entre as mulheres, a porcentagem chega a 18%. Se considerarmos quem tem mais de 60 anos, os índices sobem mais ainda: 60% dos homens e 40% das mulheres.

Segundo Danilo Anunciatto Sguillar, médico otorrinolaringologista e coordenador do Departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), quanto mais envelhecemos, maiores são as chances de roncar. “Isso ocorre pelo relaxamento da musculatura do pescoço e alterações hormonais, dentre outros fatores. Os homens tendem a roncar mais do que as mulheres, pois a faringe deles é maior. Já as mulheres passam a roncar mais depois da menopausa, na fase do climatério, por causa da redução de hormônios como o estrógeno e a progesterona”, afirma.

As crianças também roncam: “isso acontece muito em função do aumento de tecidos moles como as amígdalas e a adenoide (órgãos que atuam contra infecções), que podem aumentar de forma desproporcional e desencadear os roncos. As rinites e sinusites também aumentam a resistência à passagem de ar pelo nariz de forma satisfatória, fazendo com que a pessoa tenha mais chance de estreitamento da musculatura do pescoço. O ronco também ocorre quando dormimos com o nariz congestionado: a boca fica aberta e essa rotação da mandíbula pode estreitar a faringe”, esclarece.

A existência do ronco também pode significar doenças graves, como a apneia obstrutiva do sono, quando a respiração para e volta várias vezes durante o sono. “Ela pode gerar graves consequências cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, arritmia, derrame e hipertensão arterial de difícil controle. O tratamento padrão é com o CPAP, pequeno aparelho compressor com uma máscara, que é colocada na região do nariz para manter aberta a via aérea do paciente. Também podem ser receitados exercícios musculares, cirurgias do nariz, da garganta, do esqueleto facial e bariátricas”, diz.

Ele alerta ainda que pessoas com sonolência excessiva diurna, alterações de concentração, memória e humor (veja mais dados ao lado) também devem buscar ajuda para investigar a qualidade do sono.

“Procure auxílio especializado imediatamente. Esta é uma doença que tem cura e, quando sanada, evita que o paciente desenvolva sérias doenças cardiovasculares que podem levar a graves prejuízos à saúde. A prevenção é o melhor remédio”, conclui.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Arte: Edi Edson