Como podem defender o indefensável?
A campainha toca, a porta é aberta e tiros são disparados sem dó nem piedade. Muitas pessoas não tiveram tempo sequer de acordar e foram para o sono eterno. Pais escolheram trancar seus filhos sozinhos em bunkers e permaneceram do lado de fora para salvar as crianças, mesmo sabendo que pagariam com a própria vida. Idosos que provavelmente sobreviveram ao holocausto tiveram um fim trágico ao serem brutalmente assassinados em casa ou sequestrados. Famílias inteiras foram dizimadas. Jovens correram em vão pelo deserto enquanto eram perseguidos e mortos. Mulheres foram estupradas e exibidas como troféus. Bebês foram degolados e queimados vivos. Nem os animais foram poupados.
Se isso não é terrorismo, o que é? Ver essa crueldade em imagens ou ouvir o relato das pessoas que sobreviveram aos ataques do grupo terrorista Hamas (Harakat Al-Muqawama Al-Islamiyya) nos dá uma pequeníssima noção do desespero que os civis que estavam no sul de Israel sentiram na manhã do dia 7 de outubro em um dos maiores ataques terroristas da atualidade. É nítido que o desejo do Hamas não é reivindicar nada em prol dos palestinos, mas acabar com os judeus simplesmente por serem judeus – como está claro em seu estatuto de fundação. Entre as vidas perdidas e as marcadas pela crueldade não estão apenas judeus, mas também estrangeiros de mais de dez países, inclusive brasileiros.
Em resposta aos ataques, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou guerra ao Hamas. Sua contraofensiva não foi uma declaração de guerra contra a Palestina ou a Faixa de Gaza, mas contra o autor dos atos terroristas. E não dá para imaginar o que judeus, palestinos e demais povos que vivem em conflitos com terroristas e guerras declaradas estão sofrendo nesse momento. Mas, de modo semelhante e sem sombra de dúvida, também é desesperador vermos que existem pessoas que comemoram mortes, que defendem atrocidades e que simpatizem com tamanha crueldade.
Vimos pessoas defendendo o terrorismo nas redes sociais, movimentos ativistas declararem “apoio total e irrestrito” ao Hamas, manifestações de apoio e até discurso de políticos que usaram seu tempo de fala na Casa Legislativa para defender ações terroristas. Isso não lhe causa estranheza? Um país que outrora foi refúgio de diferentes povos, incluindo judeus e palestinos, um país que votou a favor da divisão do Oriente Médio proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, um país que já participou ativamente de mais de 40 operações de manutenção da paz também realizadas pela ONU, agora ser um país em que parte da população apoia atos terroristas?
É inadmissível que nesta era em que o que está acontecendo a 10 mil quilômetros de distância chegue até nós sem qualquer filtro ainda existam pessoas que simpatizem com o horror, com uma crueldade extrema e com a morte de civis inocentes de todas as idades. Enxergar que foi o terrorismo que deu início ao conflito que se desenrola entre Israel e o Hamas não significa que apoiamos uma guerra, mesmo que a contraofensiva seja necessária. Sabemos que em uma guerra não há vencedores. Por isso o Próprio Deus orientou em Deuteronômio 20.10: “antes de atacarem uma cidade, façam uma proposta de paz” (NTLH) e, há 30 anos, essa proposta de paz foi iniciada com o Acordo de Oslo. Esse primeiro acordo de paz entre israelenses e palestinos, inclusive, deu origem à Autoridade Palestina, que atualmente ocupa parte da Cisjordânia e tem como líder Mahmoud Abbas, que assinou o acordo em 1993.
Defender a legitimidade do Estado Palestino e os direitos deste povo é completamente diferente de defender as atrocidades cometidas pelo grupo terrorista Hamas. Precisamos dar um basta nessa falsa moralidade que defende o que é nitidamente indefensável. Todos os povos têm direitos e toda nação merece um lugar para chamar de lar, mas isso não pode acontecer à custa do extermínio de outro povo.
Há e haverá perdas irreparáveis de ambos os lados e, por isso, o melhor a fazer não é exacerbar ainda mais a guerra ideológica que vemos crescer em nosso amado Brasil. Devemos enxergar essa lamentável situação como ela realmente é e nos unirmos para orar pela paz entre todas as nações e atentarmos para o que está escrito em Romanos 14.19: “sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros”.