Como os idosos estão se adaptando à linguagem digital?

Veja que cuidados eles devem ter para não serem enganados na internet

Imagem de capa - Como os idosos estão se adaptando à linguagem digital?

As pessoas estão usando cada vez mais a internet. E não são somente os jovens. De acordo com uma pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), a porcentagem de brasileiros com mais de 60 anos conectados passou de 8% para 19%, entre 2012 e 2016. O fato de estarem mais presentes no universo on-line aumenta a independência dos idosos em relação às tecnologias, mas também exige que eles tenham mais cuidado ao acessar a rede. É que pessoas mais idosas, que nasceram antes da criação da internet, estão mais vulneráveis a golpes no ambiente virtual. Há casos de e-mails falsos que pedem dados bancários ou de estranhos que viram amigos do idoso na rede social e, depois de alguma conversa, pedem dinheiro.

Vulneráveis


Para a instrutora voluntária de informática da sede Central do Calebe, no bairro do Brás, em São Paulo, Simone Alves, de 42 anos os idosos estão mais suscetíveis a esses acontecimentos na internet pela falta de familiaridade que têm com a ferramenta. “É uma linguagem totalmente nova para eles. É como se fossem aprender uma língua diferente, como alemão, por exemplo, mas sem ter nenhuma referência em relação a ela. É nesse momento que pessoas mal-intencionadas podem se aproveitar”, explica.

Projeto

Para ajudar quanto a isso, a Universal mantém, por meio do grupo Calebe, um projeto para facilitar o aprendizado dos idosos. De acordo com o coordenador do Calebe em todo o Brasil, Bispo Sérgio Gonçalves, de 57 anos, o projeto funciona por enquanto nas sedes dos Estados e nas regionais. “A ideia surgiu para levar às pessoas da melhor idade o conhecimento para o acesso seguro à internet. Muitas delas moram distantes de seus familiares e vivem sozinhas. Até o momento são atendidas em todo o Brasil em torno de 10 mil pessoas. A previsão é que no segundo semestre deste ano projeto esteja em todas as Igrejas”, afirma.

Segurança

Simone avalia que quando os idosos começam a usar a internet estão cheios de dúvidas. “Embora apresentem dificuldades para aprender a mexer com computadores, eles são muito mais focados que os jovens. Pelo fato de terem mais receio quanto a esse novo meio, eles também prestam muita atenção nas dicas de segurança que nós damos e em relação ao cuidado que devem ter com a sua privacidade. Nós os orientamos a não colocar dados pessoais e explicamos que a internet é uma porta do mundo com dois lados. Você pode ter o benefício de aprendizado, de conhecimento, mas também há o lado ruim, como o de pessoas que enviam vírus e querem pegar suas senhas”, esclarece.

Curso

Na sede Central do Calebe, há três turmas com o total de 30 alunos da melhor idade que participam do curso. A aposentada Benedita Maria da Conceição, de 64 anos, é uma delas. Ela está na Universal há 16 anos e não quis ficar para trás em relação à internet. “Hoje isso se tornou muito importante. Às vezes, quero me comunicar com a família e não saber mexer nessas coisas (tecnologias) atrapalha. Ainda tenho dificuldades em reconhecer todos os recursos disponíveis, são muitas funções e aplicativos. Tenho medo está de me envolver em algo que não conheço, mas sempre ouço as dicas e tomo cuidado”, conta.

Aluna avançada

Outra aluna que participa do curso é a radialista aposentada Ivone Martins, de 58 anos. Ela está no Calebe praticamente desde a criação do grupo. Graças à sua antiga profissão, ela tem mais conhecimento e facilidade que as outras colegas na hora de acessar a internet. “Eu costumo ajudar quem chega pela primeira vez e tem dificuldade para se familiarizar com o computador. A convivência é o que vai fazer com que elas se desenvolvam. Nós estamos ensinando a mexer no WhatsApp e tenho certeza que vão conseguir”, acredita.

Paciência

A instrutora Simone avalia que é preciso um pouco mais de paciência para ensinar os idosos. “Hoje em dia se pegamos o celular e dermos na mão de uma criança de 5 anos, ela já sai mexendo porque já está habituada a ver o pais com o aparelho, mas com o idoso é diferente. Ele está começando a ter um aprendizado em algo que nunca mexeu. Por isso, eles perguntam algumas vezes até assimilarem. Temos que ter mais paciência porque não é o mundo deles, a era deles. Por isso ensinamos na velocidade deles”, explica.

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Colaborador

Por Eduardo Prestes/ Fotos: Demetrio Koch e Fotolia