Como evitar golpes por aplicativos bancários?

Saiba como funciona a fraude e quais medidas são necessárias para evitar prejuízos

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Nestes tempos de pandemia, os brasileiros precisaram se reinventar para conseguir manter sua rotina. Ao mesmo tempo, os golpistas também passaram por uma espécie de atualização. Os celulares há muitos anos são itens visados por criminosos, mas agora, além dos aparelhos, as informações bancárias contidas neles estão chamando atenção.

Os roubos acontecem em momentos de distração. O objetivo dos criminosos é pegar o celular com a tela desbloqueada, o que facilita o acesso aos dados, diz o especialista em segurança digital Marcelo Lau. “De posse do aparelho, o criminoso já desabilita o bloqueio de
tela rapidamente”.

Dessa forma, os aplicativos dos bancos são acessados. Inicialmente, houve suspeitas de que os sistemas bancários teriam sido invadidos, mas essa possibilidade foi descartada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

O diretor-executivo do Procon de São Paulo, Fernando Capez, contou à Folha Universal como é a atuação dos criminosos: “os golpes têm sido aplicados por falhas das próprias vítimas, usuárias do celular, e não por uma fragilidade do sistema. Um grande número de proprietários de celular não usa senha para bloqueá-lo e, por isso, no momento que o deliquente está com o celular, ele não tem dificuldade para mexer nos aplicativos”.

Outra forma para acessar os aplicativos é a função “esqueci minha senha”. Como normalmente o e-mail ou o número de celular estão associados às contas bancárias, a revalidação é feita facilmente. “Há um descuido muito grande, porque nunca se prestou atenção a essa possibilidade. O celular era roubado para que fosse posteriormente vendido, mas hoje ele é roubado para devastar a vida da vítima”, relata Capez.

Direito bancário
É importante que a vítima mantenha a calma para realizar todos os procedimentos de segurança necessários. É preciso usar outro celular ou computador com conexão à internet para fazer a exclusão de dados. “Acesse o bankline, vá até a seção de segurança e remova a permissão de acesso ao aparelho celular subtraído. Para ter mais segurança, ligue para o canal de atendimento ao cliente do banco e bloqueie todas as transações temporariamente”, recomenda Thaís Bresser, advogada especializada em direito bancário.

De acordo com ela, as vítimas que tiverem valores transferidos ilegalmente podem pedir a devolução dos valores. “O correntista que teve seu celular roubado tem direito ao ressarcimento dos valores eventualmente transferidos, bem como o estorno dos valores de compras efetuadas com cartões de crédito.”

Com base no Código de Defesa do Consumidor, o acesso à conta bancária por terceiro criminoso, via aplicativo, é considerado falha da prestação de serviço bancário. “Caso o cliente entre em contato com o banco e este não tome as providências de estorno e a exclusão das compras fraudulentas, é possível recorrer ao Poder Judiciário para ter ressarcimento dos prejuízos e entrar com ação de danos morais”, explica a advogada.

Por fim, ela orienta que o cliente altere o limite diário das transações por Pix, TED e DOC. “Com essa medida, o criminoso não consegue realizar transferências de valores altos nem utilizar o limite de crédito disponível na conta-corrente”, afirma.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Arte: Edi Edson