"Cheguei a ter uma lista de pessoas marcadas para morrer"

Conheça a história da ex-presidiária que encontrou a liberdade mesmo estando atrás das grades

Imagem de capa - "Cheguei a ter uma lista de pessoas marcadas para morrer"

“Mãe, mãe. Está é a minha mãe na fé”. Assim, é como a jovem Darlen Rodrigues Ferreira, de 29 anos, se refere à Missionária Luciene Almeida, voluntária do grupo Universal nos Presídios (UNP). Apesar de não a ter gerado em seu ventre, os cuidados e carinho são de uma mãe.

Luciene foi uma das pessoas que ajudou Darlen a voltar aos caminhos da fé, quando ela se encontrava atrás das grades na Penitenciária Feminina de Sant’Ana, em São Paulo. Ela foi sentenciada a 5 anos e 2 meses de prisão por tentativa de assalto, cumpriu dois anos e ganhou a liberdade espiritual e física.

Mas, antes de entrar para o mundo do crime, Darlen frequentava as reuniões da Universal e chegou a ser voluntária em um dos grupos evangelísticos da Igreja.

“Desde criança sofri muito, cheguei a ser abusada ainda pequena; aos 14 anos fugi de casa e, desde então, minha vida foi de sofrimento e dor. Cheguei a morar com 12 homens, mas nenhum relacionamento deu certo. Então, me casei com o pai dos meus filhos, com quem fiquei 5 anos. Cheguei à Universal aos 21 anos, comecei a me enturmar, frequentava as reuniões, ajudava no que era preciso, mas após descobrir uma traição do meu ex-marido, mesmo estando na igreja, comecei a nutrir um ódio muito grande dentro de mim. Estava fisicamente dentro da igreja, mas por dentro queria apenas vingança. Foi quando me fiz a seguinte pergunta: o que você quer? E a resposta foi imediata: escolhi sair da igreja e colocar meu plano de vingança em prática”, contou.

Ao se afastar da presença de Deus, Darlen se envolveu de vez na criminalidade: voltou a se prostituir, usar drogas e também roubar.

“Gostava de roubar homens, pois sentia prazer em ver o medo no rosto de cada um deles. Me aprofundei no crime, ganhei status de criminosa e fui ‘crescendo’; praticava assaltos em comércios, casas, traficava, eu era consumida por um desejo de destruir. Cheguei a ter uma lista de pessoas marcadas para morrer”, disse.

Mas, em uma ação malsucedida, Darlen foi presa. Passou pelas delegacias em São Bernardo do Campo e Taboão, e depois foi para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Franco da Rocha; de lá foi transferida para a Penitenciária de Sant’Ana, onde foi lhe dada a segunda chance.

O que está te faltando?

Esta foi a pergunta feita a Darlen, pelo Bispo Eduardo Guilherme, quando, em lágrimas, recebeu das mãos dele um exemplar da Bíblia Sagrada edição do Templo. Sem muitos rodeios a jovem respondeu: “Tomar vergonha na cara”.

Naquele momento, ela reconheceu que precisava se entregar de fato ao Senhor Jesus e, daquele dia em diante, o acompanhamento da Missionária Luciene foi fundamental, como descreve abaixo:

“Conheci a Darlen, ainda em Franco da Rocha, vi aquela menina fechada e com um olhar muito triste, ela tinha os cabelos pintados de rosa. De lá, ela foi transferida para Santana, quando nos reencontramos novamente. Neste presídio já era feito um trabalho com os voluntários, então, certo dia, perguntei se ela queria me acompanhar na evangelização e ela disse ‘sim’; vi ali que era uma outra Darlen, ela deixou a semente da fé entrar e Jesus a visitou”, relembrou a Missionária.

Quando Darlen decidiu mudar, então os primeiros passos foram dados: ela se batizou nas águas, buscou o Espírito Santo e a sua mudança foi tão grande, que ela passou a cuidar – espiritualmente falando – das demais detentas.

“Sempre que entro em um presídio agradeço a Deus pela oportunidade, pois ali há pedras preciosas, mulheres que, muitas vezes, estão machucadas, amarguradas, maltratadas, que querem que alguém as olhe e diga: você tem jeito, a sociedade tem medo de você, mas tem jeito!”, ressaltou.

Então, quando elas conseguem entender isso, continuou Luciene, elas não terão mais medo, se agarrarão à oportunidade, como fez Darlen, pois o nosso Senhor Jesus jamais irá rejeitá-las, ao contrário: “Ele as faz entender o quanto são amadas, e ali começa uma nova vida. Desde então, acompanho a Darlen em sua nova jornada e a oriento com base na Palavra de Deus”, finalizou Luciene.

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Colaborador

Por Sabrina Marques / Fotos: Marcelo Alves