Brasil tem o maior número de casos de dengue no mundo

Veja como se defender da contaminação e quem poderá ser vacinado a partir de fevereiro

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O Brasil tem o maior número de casos de dengue no mundo e responde por metade do total global, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Neste ano, a quantidade de infectados pela doença no País pode chegar a 5 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Saúde. No ano passado, houve 1.079 mortes por dengue, o que significou um recorde. Para combater a doença, a partir de fevereiro, será realizada a vacinação com o imunizante Qdenga (do laboratório japonês Takeda), que foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023. O Ministério da Saúde priorizará a faixa etária entre 6 e 16 anos.

Silvio Bertini, infectologista e coordenador médico do controle de infecção hospitalar do Hospital Japonês Santa Cruz, em São Paulo, afirma que o aumento de casos pode ser atribuído aos meses de intenso calor com muita chuva: “esse ambiente é um facilitador para os mosquitos que se proliferam, geralmente, em águas limpas e sob altas temperaturas. Tivemos muitas infecções por vírus do tipo 2 (veja os tipos no quadro ao lado), o que contribuiu para esse número elevado. Além da sazonalidade, vemos que, em alguns anos, a dengue fez mais vítimas do que em outros anos com a propagação do vetor com maior eficiência”.

Para Rafael Nogueira, infectologista da rede Medical Health e médico do controle de infecção hospitalar, o aumento da população e a crescente urbanização também contribuem para a grande incidência da dengue. “O Aedes aegypti tem hábitos crepusculares e pica uma pessoa, transmitindo o vírus. Mesmo aqueles mosquitos que não têm a doença adquirem esse vírus após picar alguém doente. Por isso, é importante identificar as pessoas doentes e, inclusive, a progressão da doença naquele local”, adverte.

Bertini esclarece que a aplicação da vacina será feita em duas doses, com um intervalo de três meses: “é uma vacina tetravalente, de vírus vivo atenuado, indicada para indivíduos entre 4 e 60 anos, independentemente se a pessoa teve ou não dengue. Vale lembrar que a eficácia é variável. Para a dengue tipo 1 é de cerca de 70%; no sorotipo 2, é de 95%; no tipo 3, cai para 48%; e no tipo 4, não há dados, pois não houve número de pacientes com esse tipo de sorotipo para formar um estudo na fase experimental”.

Além da vacinação, Nogueira reitera que é fundamental atuar com prevenção para combater a dengue. “Mantenha sua moradia limpa, sem acúmulo de lixo e sem água represada. Isso é importante sobretudo se você faz parte dos grupos de risco, como crianças, idosos e pessoas que têm déficit de imunidade. Se for a matas, use repelente, roupas claras e de manga, principalmente no verão, quando ocorre maior incidência da doença. Em caso de suspeita da doença, procure um médico”, conclui.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Arte: Douglas Crispim