Brasil é líder mundial em casos de depressão

No último ano, o problema se tornou uma das maiores causas de afastamento do trabalho. Apesar de incapacitante, a doença pode ser vencida

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A pandemia de Covid-19 trouxe problemas de saúde relacionados não só à contaminação pelo novo coronavírus. Combinada ao isolamento social e à crise econômica, ela também acarretou o crescimento de transtornos mentais, como a síndrome do pânico, a ansiedade e a depressão. Esta última doença, aliás, é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a terceira maior causa de afastamento de pessoas no trabalho.

Para termos uma ideia do problema, em 2020, a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez ocasionada por esses transtornos bateu recorde e somou 576,6 mil afastamentos, que significa uma alta de 26% em relação a 2019. Só o auxílio-doença teve aumento de 33%, com 285 mil concessões.

Nos dois tipos de benefícios, os números do ano passado são os maiores registrados desde que o levantamento começou a ser feito em 2006. Para piorar, um estudo da Universidade de São Paulo (USP) aponta que 59% dos brasileiros passaram a sofrer com depressão na pandemia, o que torna o País líder mundial em casos.

Incertezas
Para Thâmara Nascimento, (foto abaixo) consultora de recursos humanos na Complement, Consultoria & Marketing, o medo do vírus e as incertezas causadas pela pandemia ajudam a explicar os números. “Diversas empresas encerraram suas atividades, muitos profissionais foram desligados de seus cargos e a insegurança de não saber se conseguirão se recolocar no mercado nem como irão manter a vida familiar, se tornou um fantasma na vida de muitos”, analisa.

Ela afirma que muitos que começaram a trabalhar em regime de home office também não conseguem separar a vida pessoal da profissional. “Não ter essa separação e ter de se reinventar em um cenário completamente diferente pode trazer consequências relevantes à saúde mental de muitos profissionais”, avalia.

Mobilização necessária
Muitas pessoas não sabem que as sensações contínuas de solidão, tristeza, ansiedade, apatia, culpa, descontentamento, desesperança e falta de motivação podem ser sintomas de depressão. Também há várias pessoas que até buscam tratamento médico, mas não obtêm a cura. Por isso, a Universal criou, em janeiro de 2019, o grupo Depressão Tem Cura (DTC), que faz o acompanhamento de quem sofre com a doença.

De acordo com o Pastor Jefferson Garcia, responsável nacional pelo trabalho do DTC, os atendimentos aumentaram em 100% durante a pandemia. “Cerca de dez mil voluntários levam auxílio espiritual e esperança a quem precisa. Os projetos gratuitos atuam em vários segmentos da sociedade e o objetivo deles é mostrar que existe uma luz nessa escuridão em que os depressivos vivem”, esclarece.

Uma das ações é o Valorize a Vida. “Ela acontece uma vez por mês e se destina a ajudar milhares de pessoas com depressão e outros problemas psicológicos. A última ação do projeto ocorreu no dia 17 de julho, em cerca de 400 cidades e em todas as capitais brasileiras. Depressão não é frescura, trata-se de um mal que afeta o corpo e a alma e, por isso, a pessoa deve buscar ajuda”, alerta o Pastor Jefferson.

Completamente apático
Infelizmente, há quem subestime a doença, como no caso do advogado Eduardo Roz, (foto abaixo) de 42 anos. “Eu zombava de quem tinha depressão, mas lembro que quando tive os primeiros sintomas só pensava que precisava pôr um fim à minha vida”, conta. Ele lembra como o problema teve início: “eu estava almoçando com minha esposa e aquela dor na alma foi tomando conta de mim. Fiquei deitado e encolhido entre as cadeiras em volta da mesa”.

A esposa dele, a bióloga Gracielle Beatryz Roz, de 39 anos, diz que essa situação surgiu no início da pandemia, em 2020. “Eu percebi que o comportamento dele de não querer sair da cama ficou constante. Somos empresários da proteção animal e ele passou a ter medo de atender o telefone e de responder as mensagens. Ele sentia um aperto no peito, desespero e calafrios, ficava com os olhos arregalados e fixos e não conseguia fazer nada”, declara.

Eduardo ficou completamente apático e emagreceu dez quilos em uma semana. “Dois dias depois do nosso casamento, ele ficou desesperado. Fomos ao hospital e ele ficou internado quatro dias. O psiquiatra diagnosticou quadro de depressão profunda e receitou remédios controlados, mas, depois da alta, ele começou a se automedicar e a misturálos com bebidas”, conta ela.

Ele tomava uma garrafa de uísque e mais de dez latinhas de cerveja por dia. “Fui enchendo as prateleiras de casa de bebidas. Um amigo me disse: ‘você tem que parar de beber’. Naquele momento, não me dei conta do que estava acontecendo. Só resolvi buscar ajuda quando tive um surto violento enquanto dirigia. Parei o carro e gritava para que Deus arrancasse aquela dor de mim”, relata.

Gracielle levou Eduardo ao Templo de Salomão, em São Paulo, naquela mesma noite. “Eu não conseguia contar ao pastor o que estava sentindo e só dizia que queria morrer. O pastor me perguntou se eu tinha fé e depois me disse: ‘se você não tem fé, a partir de hoje eu dou a você a minha fé e você terá as melhores noites da sua vida’. Aquilo me deu segurança. Também ganhei dele o livro Venci a Depressão”, esclarece Eduardo.

Ele passou a ser acompanhado pelo grupo Depressão Tem Cura. “Quando tive uma recaída, o Pastor Jefferson me visitou em casa. Ele fez uma oração por mim e enfatizou que eu precisava ter fé. Comecei a participar das reuniões de libertação e joguei todas as bebidas no lixo. Minha mudança foi grande e voltei a exercer o meu trabalho com dignidade e sem medo.”

Hoje Eduardo tem consciência do problema que teve: “a depressão é uma doença rápida e silenciosa. Se você tem o problema, não tente resolvê-lo sozinho. Busque a Deus, pois a depressão tem cura. Até as dívidas que tínhamos foram pagas depois da Presença dEle em nossas vidas”, comemora ele.

Característica depressiva
A personal trainer Larissa Siervo, (foto abaixo) de 31 anos, começou apresentar um quadro depressivo em 2016, depois do fim de um relacionamento.

“Eu sempre gostei de ficar sozinha. Eu era muita tímida e insegura, principalmente para tomar decisões.” Ela diz como se sentia: “eu tinha insônia, irritabilidade e roía as unhas até me machucar. Um coach me disse uma vez que eu tinha uma característica depressiva, mas nunca levei isso a sério. Um dia tive um pico de ansiedade dentro da academia e tive que sair de lá rapidamente”, revela.

Dali em diante o problema se agravou. “Eu perdi 12 quilos em cinco meses, tinha fadiga muscular, meu corpo ficou fraco e isso comprometeu o meu trabalho. Eu tentava ter uma vida saudável, dormir para me recuperar, mas não funcionava. Eu buscava livros de autoajuda para saber como poderia melhorar, mas me afundava em pensamentos negativos”, afirma.

Os conflitos profissionais também foram se intensificando. “Eu trabalhava em projetos, queria ser reconhecida pelo meu trabalho e me esforçava, mas, quando chegava o momento de ser promovida, escolhiam outra pessoa. Eu também discutia com o meu chefe e era acusada de coisas que não tinha feito, o que contribuiu para a minha demissão”, detalha.

Larissa menciona que quem a olhava não percebia quanto ela era medrosa. “Eu podia comer nos melhores lugares, ter as melhores roupas, mas, internamente, estava totalmente enfraquecida. Minha mãe, que era membro da Universal, sempre me convidava para conhecer a Igreja. Eu até fui, mas não me firmei”, diz.

Ela cita o que ocorreu quando teve uma crise forte de depressão: “eu não queria fazer nada, nem tomar banho. Eu morava no 14º andar e lembro de quais eram meus pensamentos suicidas: ‘se eu me jogar, será que morro ou fico agonizando?’”

Larissa conta que, certo dia, sua irmã falou que um pastor queria conversar com ela. “Ele tinha me visto na primeira visita ao Templo de Salomão e resolvi voltar lá. Então, ele me disse: ‘o seu problema não é falta de dinheiro, o seu problema é que você não tem uma vida com Deus’. Foi como se uma chave virasse dentro de mim. Dali em diante aconteceu meu processo de libertação, conversão ao Senhor Jesus e batismo nas águas”, enfatiza.

Durante a pandemia, ela até chegou a trabalhar em seu antigo emprego, mas percebeu que não podia voltar atrás em sua vida. “Eu me conscientizei de todas as coisas que poderiam acontecer caso eu retrocedesse. Recebi a orientação de Deus para empreender, fiz contatos e oferecia meu trabalho pelas redes sociais como personal trainer e assim formei uma rede de clientes”, argumenta.

Hoje, Larissa faz parte do grupo Depressão Tem Cura. “Percebi que não era madura e isso me ajudou a enfrentar meus medos. Eu era muito vulnerável e aceitava pensamentos ruins que me colocavam para baixo. Comecei a meditar na Palavra de Deus, até que chegou a Fogueira Santa do Vau do Jaboque. Então coloquei a minha vida no Altar para que Deus fizesse morada em mim. Isso mudou a minha mente. Sem Ele, eu não sou nada”, assegura.

Ele achava que era incapaz
O comerciante Tarcísio Periago Reis, (foto abaixo) de 34 anos, conta que sempre foi uma pessoa ansiosa e nervosa. “Eu sentia um vazio dentro de mim.

Tentei psicanálise, meditação, terapias esotéricas, cursos de autoajuda, até caminhar sobre brasas para melhorar, mas nada adiantou.

Aquele vazio sempre me incomodava.” Ele lembra do pior momento que viveu: “fui morar sozinho e passava noites em claro, chorando e tentando entender o que estava acontecendo. Pensei em me matar várias vezes”.

Tarcísio revela que depois dos 30 anos a depressão surgiu com muita força e que ele passou pelo menos dois anos sofrendo com o problema, até que ele entendeu o que precisava fazer. “Um amigo me convidou para ir à Universal, mas no início eu não levava a sério a vida com Deus. Respondi que iria à igreja de crente, mas que não levaria a minha carteira. A reunião foi maravilhosa, mas, quando saí da Igreja, por não perseverar na fé, a angústia e o vazio voltaram.”

Ainda depressivo, Tarcísio só voltaria a ter contato com a Universal quando, por acaso, ao navegar na internet, visitou o perfil do grupo Depressão Tem Cura no Instagram. “Vi as ações realizadas, os depoimentos de quem tinha sido curado e resolvi pedir ajuda. Aceitei a oração que logo tirou as minhas dores. Em seguida, passei a frequentar as reuniões de sexta-feira. Durante todo o processo, eu recebia mensagens da equipe”, relembra.

A cura dele foi gradativa. Ele descreve como notou a diferença em suas atitudes: “quando estourou a pandemia, eu já me sentia muito bem, mas Deus nos testa: o restaurante em que eu trabalhava fechou e fiquei um mês sem trabalho. Eu frequentava o Congresso para o Sucesso (reunião que acontece às segundas-feiras em toda a Universal) e fui contratado em um mercado onde trabalhei antes. Obedeci a tudo que foi orientado nas palestras e não demorou para que os resultados surgissem”, conta.

De março de 2020 para cá, Tarcísio diz que Deus lhe trouxe diversas transformações: “eu achava que era incapaz de realizar qualquer coisa, mas encontrei uma companheira que também é da mesma Fé, vamos nos casar e, mesmo sem um centavo no bolso, alugamos um apartamento sem fiador, pois, meu patrão na época, nos ajudou”.

Depois de ter entregado a vida a Deus, Tarcísio recebeu dEle a visão empreendedora. “Faço meus votos e sacrifícios no Altar e hoje tenho uma empresa que distribui alimentos na Ceagesp. Deus promoveu uma bênção avassaladora em minha vida. Me libertei da depressão, tenho prazer de viver e encaro os desafios.”

Tarcísio admite que pensava que não havia cura para ele. “Eu não queria usar remédio e sempre fui muito reservado em relação ao que eu sentia, pois achava que ninguém poderia me ajudar. O grande segredo é entender que a depressão é um mal e que ele precisa ser combatido. Eu cheguei na Igreja sem acreditar, mas era a última porta que existia. Então, aceitei a ajuda de quem estava sendo usado por Deus para me ajudar”, conclui.

Você também está sofrendo?
Se você tem sintomas de depressão ou conhece quem os tenha, participe das reuniões às sextas-feiras no Templo de Salomão, em São Paulo, às 7h, às 10h, às 12h, às 15h ou às 20h, ou na Universal mais perto de você. Conheça também o grupo Depressão Tem Cura e faça como milhares de pessoas que estão sendo curadas desse e de outros males. Acesse o Instagram a.depressaotemcura ou envie uma mensagem para o número de WhatsApp (11) 3573-3662.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Fotos: Getty Images, Demetrio Koch e Divulgação