Antropólogo destaca o impacto prático das igrejas na vida das pessoas

Estudioso afirma que igrejas produzem um serviço que o Estado não dá conta ou para os quais a sociedade brasileira não se mobiliza

Imagem de capa - Antropólogo destaca o impacto prático das igrejas na vida das pessoas

site Deutsche Welle Brasil (DW) publicou, desta última quinta-feira (8), uma entrevista com o antrópologo, escritor e doutor pela University College de Londres, Juliano Spyer, que falou sobre o impacto prático que as relações construídas na igreja têm na vida de pessoas vulneráveis e sem acesso a direitos e serviços públicos.

“Essas igrejas produzem um serviço que o Estado não dá conta ou para os quais a sociedade brasileira não se mobiliza. (…) Há uma rede de ajuda mútua: quando o marido fica desempregado e se arruma emprego, o filho se envolve com drogas e encontra um lugar para ser tratado, o marido que batia na mulher encontra caminhos para negociar uma harmonia em casa. É um estado de bem-estar social informal”, diz.

O antropólogo também faz questão de alertar que a elite brasileira tem uma visão “estereotipada, pouco esclarecida e muito arrogante” sobre os evangélicos. “Veem ou como o evangélico do mal, o sujeito manipulador da fé que ganha dinheiro e se usa da ingenuidade popular, ou como o evangélico do bem, o coitadinho que precisou se apegar a isso. Mesmo quando se tem uma visão benigna, é prepotente”, analisa.

Spyer afirma que é preciso considerar o quanto as igrejas produzem um serviço que o Estado não dá conta ou para os quais a sociedade brasileira não se mobiliza.”A conversão também é um ato inteligente, e não apenas de fé, que traz benefícios à vida do brasileiro mais pobre”, comenta.

O estudioso também relembrou sobre o apoio dos evangélicos ao Presidente Jair Bolsonaro, nas eleições de 2018 e o desrespeito do candidato oponente aos cristãos. “No Brasil, de um lado você tem um governo que demonstra respeito pelos valores dessa população [evangélica]. E do outro lado tinha o outro candidato, Fernando Haddad. Não sou antipetista e não falo isso como crítica pessoal, mas ele cometeu um erro ao chamar o bispo Edir Macedo de charlatão”.

O antropólogo reforça que não existe no mundo uma transição religiosa acontecendo como a do Brasil, que está se tornando um dos maiores países protestantes do mundo.

“Em 1970 havia 5% de evangélicos, incluindo protestantes. Em 2000 eram 22%, e no ano passado era um terço da população acima de 16 anos. Os estatísticos preveem que em 2032 o cristianismo evangélico se tornará a religião predominante no país”.

imagem do author
Colaborador

Redação Unigrejas / Foto: GESP- Fotos públicas