Além de socioeducativo, é acolhedor também
Cerca de 100 mil menores infratores, além de crianças e adolescentes em situação de acolhimento, já foram alcançados pelo programa social Universal Socioeducativo (USE). Conheça essa e outras ações do grupo
Em meio à pandemia, o programa social Universal Socioeducativo (USE) – que alcança e assiste espiritualmente crianças e adolescentes que cometeram atos infracionais dentro de unidades de medidas socioeducativas – buscou se reinventar. O responsável pelo USE no Brasil Ulisses Gomes compartilha: “passamos a intensificar o trabalho com os familiares dos internos por meio de visitas e acompanhamentos e, quando foi autorizado o retorno às atividades, voltamos com intensidade para atuar no Brasil inteiro”.
Ulisses conta que o grupo também atua em casas de acolhimento a mulheres – serviço de abrigo temporário a mulheres vítimas de violência. Ademais, há um trabalho realizado em abrigos de crianças e adolescentes. O objetivo é sempre levar apoio espiritual a quem mais necessita.
O trabalho em abrigos infantis atende pessoas que foram abandonadas pelos pais ou que sofreram maus- tratos e, por isso, estão nessas unidades. Esse trabalho ganhou forma por meio do projeto Movimento Socioabrigo, tendo nascido no USE após o grupo receber o relato de uma adolescente dentro de uma unidade de medidas socioeducativas. “Ela contou que, quando deixam essas unidades, muitos possuem familiares que não as aceitam e, com isso, vão para as casas de acolhimento”, afirma Ulisses. “Assim, notamos que, mesmo realizando os trabalhos dentro das unidades, também precisávamos agir fora delas, inclusive nos abrigos. O USE entra em todos esses locais para trazer uma nova visão aos atendidos, mostrando que, mesmo que tenham passado por abandono e maus-tratos, não precisam cometer os mesmos atos que sofreram; mostrando que há um recomeço e que suas vidas podem ser diferentes de tudo aquilo que já viveram”.
De acordo com dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), do Conselho Nacional de Justiça, o Brasil conta hoje com 30.967 crianças acolhidas em unidades como abrigos. Daí, a importância do Movimento Socioabrigo.
OPORTUNIDADES
Além de apresentar aos jovens a Fé transformadora, o USE também propõe atividades esportivas, musicais, teatrais e até profissionalizantes. O grupo ainda realiza palestras sobre saúde física e mental, como a “Nós acreditamos no recomeço”, que dialoga com os participantes abordando temas como autoestima e superação, e a palestra “Eu já fui você”, que leva às comunidades e “bocas de fumo” ex-internos que vivenciaram o crime, mas conseguiram sair dessa situação e reconstruíram suas vidas.
“EU JÁ FUI VOCÊ”
Mateus Mota dos Santos, (foto abaixo) de 18 anos, conheceu a Fé ainda cedo. “Minha mãe me apresentou a Deus quando eu estava na barriga dela”, pontua Mateus, que se recorda que permaneceu trilhando a Fé até os 12 anos. “Nessa idade comecei me envolver com más amizades e experimentei maconha pela primeira vez. Em seguida, veio o lança- perfume e aí foi meu fundo de poço”.

O jovem começou a se espelhar no modo de vestir, de falar e até mesmo de agir desses “amigos”. “Pelo uso constante da maconha, me tornei dependente. Mas, como não gostava de usar às custas dos ‘amigos’, me envolvi com tráfico. Até o dia em que fui preso. Estava com 14 anos”.
Sob medida socioeducativa, Mateus ganhou liberdade assistida, mas continuou preso ao vício. “No dia seguinte ao que voltei às ruas, eu já estava na ‘biqueira’ vendendo droga. A fim de conseguir dinheiro mais rápido, me envolvi com a turma que gostava de roubar de caminhões de bebida a comércios. Por ser ‘menor’, sempre tomava a linha de frente”, revela ele.
Logo veio a segunda detenção. “Fui encaminhado para a Fundação Casa e lá conheci o trabalho do USE. Mas em seis meses ganhei liberdade novamente e, mais uma vez, continuei com as coisas erradas. No entanto, percebia que o vazio dentro de mim só aumentava. Há dois anos, entendi a importância do Espírito Santo e foquei em recebê-Lo. Desde então, sou uma nova pessoa e hoje sou um voluntário do USE. Quando estava na Fundação Casa, inclusive, minha mãe também se tornou voluntária – ela entendia o sofrimento de outras mães e familiares. Ela lutou por mim não na força do braço, mas com a força da Fé”.
O UNIVERSAL SOCIOEDUCATIVO
Criado pela Universal em 1988, o Universal Socioeducativo auxilia na ressocialização de jovens que foram apreendidos pela prática de crimes. “Temos como objetivo social reinserir esse jovem na sociedade, mostrando que não estão sozinhos e que não importa o passado: por meio de uma atitude de mudança há um recomeço. A fé é a arma que eles têm e, uma vez manifestando a fé, também não importa se estão em uma casa de acolhimento, em uma unidade socioeducativa ou em uma ‘boca de fumo’: se usar a Fé de maneira inteligente a vida muda”. Ulisses relata que o trabalho tem como referência o versículo Isaías 49.15, que mostra que Deus jamais abandona alguém. “Mesmo que muitas pessoas tenham se esquecido desses jovens, Deus não se esquece”, relata ele. “E a fé é o principal atrativo para mudar a vida desses jovens”.

Atualmente, o USE conta com 12 mil voluntários em todo o Brasil. O trabalho alcança 1180 casas de acolhimento e, aproximadamente, 450 unidades socioeducativas para menores de idade. Cerca de 100 mil jovens foram alcançados pelo USE entre 2017 e 2022.
Para conhecer melhor o grupo, acesse Universal Socioeducativo Brasil no Youtube, Facebook e Instagram.
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