Adolescentes em risco

O acesso cada vez mais precoce a padrões de beleza impostos pela sociedade acende o alerta para os transtornos alimentares em jovens, principalmente em meninas que tentam se encaixar em um molde irreal que custa sua saúde

Redes sociais, filmes, séries, propagandas, desenhos animados e até brinquedos impõem um padrão de beleza que tem influenciado a relação de adolescentes com o próprio corpo e colocado em xeque a singularidade de cada um deles.

Enquanto alguns adaptam seu linguajar ou aderem a vestimentas para se enquadrar a esse modelo, outros acabam se submetendo a restrições alimentares para alcançar o tal “corpo ideal”. Em fevereiro deste ano, um estudo global, publicado na revista científica Jama Pediatrics, da Associação Médica Norte-Americana, revelou que 30% das meninas entre 6 e 18 anos sofrem com algum transtorno alimentar. A pesquisa incluiu mais de 60 mil participantes de 16 países.

A psicóloga e especialista em terapia cognitivo-comportamental e em avaliação neuropsicológica pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Elaine Di Sarno, explica que a principal característica desses transtornos é a desordem no comportamento alimentar considerado normal. “As pessoas que têm esses transtornos alimentares costumam enfrentar uma guerra todos os dias com o espelho ao se verem gordas, deformadas, ao não gostarem do que veem e nunca conseguem se sentir bem consigo mesmas. Isso acontece muitas vezes até com pessoas que já estão abaixo do peso considerado saudável”, destaca.

Os principais tipos de transtornos alimentares são a anorexia e a bulimia, apelidadas respectivamente de Ana e Mia por adolescentes que adotam, erroneamente, tais transtornos como um estilo de vida. A anorexia é caracterizada pela baixa ingestão de alimentos, o que gera uma perda de peso significativa; já na bulimia, apesar de ocorrer o consumo de alimentos, são usados métodos para indução de êmese (vômito).

Elaine reforça que tais práticas trazem riscos à saúde e à vida: “o resultado é uma paulatina deterioração física e mental, que começa com sintomas leves, como tonturas, tremedeiras, fraqueza, gastrites, variações de humor, complicações cardiovasculares e renais, e pode levar à morte”.

Insatisfação e hora da ajuda
Por que são as meninas que mais sofrem com o problema? “Uma das hipóteses mais aceitas para a maior incidência de anorexia e bulimia no sexo feminino é que os homens não sofrem tanta pressão social para serem magros ou quanto à aparência física e costumam aceitar com mais facilidade a sua imagem corporal”, diz Elaine.

Os pais e tutores são os primeiros a influenciar os adolescentes e devem também ser os primeiros a notar se há algo atípico em seu comportamento habitual, como na alimentação, nos comentários sobre a própria aparência e no conteúdo consumido pela internet. Além disso, os pais podem servir de modelos a serem seguidos. “É importante que os pais demonstrem uma atitude positiva em relação à autoimagem, evitando comentários negativos sobre seu corpo (e sobre o de outras pessoas) e destacando aspectos que não estejam relacionados à aparência física. É também fundamental que promovam um estilo de vida saudável para a família”, ensina.

Quando a adolescente está em um quadro de anorexia, bulimia ou de compulsão alimentar, a ajuda deve ser imediata.

O tratamento é individual, varia conforme a gravidade e o histórico e envolve uma equipe multidisciplinar com médico clínico ou psiquiatra, nutricionista e psicóloga. Elaine reforça que todo esse sofrimento com transtornos e tratamentos pode ser evitado “se as pessoas acreditarem na sua beleza genuína e singular”.

Recado aos adolescentes
Você acredita que já tem idade suficiente para tomar suas próprias decisões, não é? Então, seja inteligente. O mundo sempre vai impor padrões irreais de beleza, influenciar comportamentos autodestrutivos e tentar anular a exclusividade de sua essência. Não permita que isso ocorra.

Aprenda a aceitar que sua beleza é única e a se envolver somente com quem também vê e reconhece seu valor.

A fase da adolescência é sempre desafiadora, não apenas pelas influências externas, mas, também, pelos dilemas internos e mudanças que ocorrem nessa transição da infância para a fase adulta. Por isso, o Força Teen Universal (FTU), coordenado pelo Pastor Walber Barboza e por sua esposa, Patrícia, conta com conselheiros que ajudam a lidar com esse período da vida da melhor maneira.

“No FTU o adolescente aprende que a solução não é mudar o exterior. O verdadeiro valor não está naquilo que se tem ou se faz, mas em quem se é. Então o padrão muda para um mais elevado, que é como Deus nos vê? Como Ele vê nosso corpo? Como morada dEle, com um valor inestimável”, diz Patrícia.

O FTU também fala da importância do relacionamento familiar e oferece várias atividades que ajudam o adolescente a interagir no mundo real. O Pastor Walber faz um convite: “para participar do FTU é muito simples, basta que o adolescente, entre 11 e 14 anos, procure o conselheiro do FTU na Universal mais perto de sua casa”.

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Colaborador

Laís Klaiber / Foto: Getty Images