Adele é considerada transfóbica por dizer que "ama ser mulher"
Sua declaração, ao receber o prêmio de Artista do Ano no Brit Awards 2022, foi considerada ofensiva. Entenda o caso
No dia 8 de fevereiro, ocorreu o Brit Awards 2022, evento que reconhece os melhores da música britânica e internacional. E, nessa edição, a cantora Adele recebeu três das principais premiações. Mas, ao ganhar como Artista do Ano, seu discurso foi considerado transfóbico.
“Eu entendo porque o nome deste prêmio mudou. Mas eu, realmente, amo ser uma mulher. E, sendo uma artista feminina, estou muito orgulhosa de nós”, afirmou Adele.
Polêmica
Sua fala, no entanto, foi ofensiva para os não-binários (que não limitam seu gênero ao masculino e feminino).
É que no ano passado, o Brit Awards decidiu excluir a distinção entre “cantoras” e “cantores” e criou a categoria “Melhor Artista” para incluir os que não se identificam nem como homem ou mulher. Um exemplo foi o cantor Sam Smith, que já ganhou o prêmio e informou ao público ser uma pessoa não-binária. 
Nas redes sociais, alguns chegaram a chamá-la de TERF (um termo pejorativo para uma feminista que exclui os direitos das mulheres transgêneros) e a pedir o boicote de suas músicas. Por outro lado, integrantes de grupos de direitos das mulheres elogiaram a fala da cantora. “Sim, as mulheres fazem parte da sociedade, 50% na verdade. Adele, você deixa todas as mulheres que conheço orgulhosas. Você é uma inspiração”, escreveu uma fã.
Cultura do cancelamento e punições
Parece que no mundo virtual, os que não falam como alguns ativistas gostariam devem ser “cancelados”. Adele não chegou a se pronunciar contra o movimento. Ela somente reforçou o fato de que se orgulha de ser mulher e fazer a diferença no cenário musical. Mas isso foi o bastante para ela gerar uma polêmica e quase ser “cancelada” pelo público.
“É inacreditável. Não são eles que dizem que mulheres precisam ser exaltadas, ter orgulho de seus postos na sociedade? Eles não passam de hipócritas. Estamos vivendo um tempo vergonhoso. Está na hora de a gente não ajoelhar mais para essa turma. Muita gente fica numa via sacra pedindo desculpas. Mas precisamos colocar os pingos nos i’s com respeito à individualidade das pessoas na vida social de cada um. Mas demandar como as pessoas devem se sentir é uma agenda identitária”, comentou Ana Paula Henkel, no programa Pingos nos I’s, da Jovem Pan.
Vale lembrar que, no ano passado, saiu a notícia de que a Organização das Nações Unidas (ONU) estaria elaborando um relatório com uma lista de países e líderes contrários à ideologia de gênero. O grupo de estudos sobre o tema é encabeçado pelo costa-riquenho Víctor Madrigal-Borloz, especialista da ONU sobre orientação sexual e identidade de gênero.
Apesar da ONU não declarar abertamente que deseja ter uma lista de “inimigos”do tema, a ação deixa o questionamento sobre a sua verdadeira intenção em mapear os que concordam ou não com a ideologia de gênero. Aparentemente, o mundo caminha para uma ditadura: ou você concorda com o que esses grupos pensam ou está errado e passível de punição. O que poderá acontecer, em um futuro próximo, com as pessoas que não apoiarem a ideologia de gênero?
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