Ação da Força Jovem Universal leva alegria a crianças da zona leste de SP

Grupo de 35 voluntários dedicou a tarde deste sábado (12) a meninos e meninas que estavam internados no Hospital Infantil Cândido Fontour. Veja como foi

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O cinto de utilidades do Batman, as bonecas e seus utensílios entretêm as crianças por algum tempo, mas não se comparam ao carinho de pessoas reais, jovens e adultos que cederam algumas horas deste sábado (12) para visitar meninos e meninas que o que mais queriam nesse Dia das Crianças era brincar, sorrir e se divertir, mesmo internados em um hospital.

Voluntários da Força Jovem Universal (FJU) estiveram neste sábado no Hospital Infantil Cândido Fontoura, no bairro Belenzinho, zona leste da capital paulista, para levar alegria a crianças com vários tipos de doenças que mal sabiam porque estavam ali, mas que entendiam bem o prazer de ouvir músicas, que riram com a peça teatral montada no saguão do estabelecimento e se divertiram com os narizes, óculos de palhaços e rostos pintados dos animadores. Por pelo menos duas horas, deixaram a tristeza e a doença em segundo plano.

Adriana recebeu o grupo com um sorriso no rosto, o que não deve ter sido comum nos últimos três meses. Tem 37 anos e Pedro Henrique é seu terceiro filho. Seria gêmeo de uma menina, mas complicações no parto prematuro, em junho, deixaram ele sozinho, com infecção generalizada. Está na UTI Neonatal desde então. “O pior já passou”, diz a mãe com o bebê no colo. “Quem sabe logo mais eu consiga levá-lo para casa.”

Ela diz que nessa sua residência temporária, afinal não consegue sair de perto do menino, faz de tudo para alegrá-lo, e visitas ajudam a fugir da rotina. “Ele vem reagindo, ainda não se alimenta, mas está ganhando peso”, diz. Pedro Henrique nasceu com seis meses e 750 gramas. O peso mais que dobrou, está com 1,7 quilo.

Vínculo fácil

Taís Alves Costa faz último semestre de psicologia e é uma das voluntárias da FJU. Ela conta que as crianças criam vínculo com muita facilidade e aproveitam mesmo visitas rápidas, tanto que riem e até choram quando os visitantes vão embora. “É impossível não se envolver emocionalmente com essas histórias e com essas famílias.”

Taís observa que, fora de casa, esses pacientes estão mais vulneráveis, o que aumenta a importância dessas ações. “Aqui no hospital eles têm profissionais e equipamentos que não teriam em suas residências, por isso precisam estar aqui, mas isso não pode tirar deles a diversão e as brincadeiras”, analisa a estudante.

Enquanto crianças acenavam para os voluntários com fantoches na mão e caras de palhaço, outras não tinham saúde suficiente – ou simplesmente estavam com sono – para entender o que estava acontecendo.

Radassa, uma linda bebê de 1 ano e 1 mês (para preservar suas intimidades, nenhum paciente ou familiar entrevistado aparecerá nas fotos), estava dormindo e perdeu o grupo de universitárias que animava os pequenos ocupantes das camas vizinhas.

O remédio para uma infecção urinária a fez apagar de tarde, até porque dormiu mal na noite anterior. O pai, Renan, lamentou que ela não visse os animadores. “Ia se divertir muito, mas, tadinha, está cansada. Pelo menos está bem de saúde, é o que importa.”

Deusa Maria é mãe de Tiago, com 7 anos. Ele foi submetido quinta-feira (10) a uma cirurgia para reparar uma complicação no intestino. Sedado, não viu o grupo que se aproximou para observá-lo.

A pediatra que acompanhava a Força Jovem Universal, Thamy Pelatieri, disse à mãe que mesmo crianças nesse estado conseguem ouvir e, por isso, era importante a atenção e o carinho. Deusa Maria, muito cansada, concordou comovida. “Eu sei, sim, muito obrigado e tenho fé em Deus que ele vai sair dessa.”

Thamy explicou à reportagem que ações como aquelas serviam como passatempo às crianças, mas também como ferramentas importantes para auxiliar no tratamento. “Há estudos que mostram que a alegria libera substâncias no organismo essenciais à recuperação”, diz.

“É difícil de medir a eficiência, mas é fácil verificar que o objetivo foi atingido quando se olha os sorrisos nos rostos desses meninos e meninas”, complementa o auxiliar de enfermagem do hospital Célio de Carvalho Pinto, que acompanhou o grupo pelos quartos.

Depressão

Daniel Gonçalves, coordenador do FJU Universitários, acrescentou que a ação deste sábado ocorreu em todo o país e tinha como missão alcançar 10 mil crianças em hospitais, clínicas, orfanatos e comunidades, com atividades de conscientização aos pais, brincadeiras recreativas e oficinas para as crianças.

A FJU existe há seis anos no Brasil e em outros países. “São universitários e também estudantes mais novos que mostram interesse em cursos superiores. São 5.550 cadastrados nacionalmente e 1.200 só aqui em São Paulo.”

Gonçalves explicou que a motivação da visita aos hospitais do Brasil foi ajudar a evitar problemas ainda maiores no futuro. “Dia das Crianças a gente pensa em alegria, em presentes e na família. E quando ela está internada? Então a gente vem aqui para dar um conforto imediato, mas também para prevenir contra a depressão infantil, que é atualmente um grave problema mundial.”

O Cândido Fontoura tem atualmente 70 crianças internadas. “Um dos remédios, com certeza, é a alegria, a descontração, o apoio e a amizade. Esses itens juntos vão permitir à criança tirar o foco da doença.”

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice mundial de crianças de 6 a 12 anos diagnosticadas com depressão passou de 4,5% para 8% na última década.

Thamy Pelatieri, a pediatra que acompanhou a FJU, acrescenta que os adultos devem ficar atentos às mudanças no comportamento infantil. Segundo ela, distúrbios no sono (dorme pouco ou demais), problemas alimentares (quando engorda ou emagrece exageradamente), e automutilação em adolescentes são indícios que devem ser levados ao conhecimento de um médico.

De acordo com o perfil oficial da FJU-SP no Facebook, as ações em São Paulo aconteceram em 22 locais diferentes e contaram com a presença de 550 voluntários, alcançando mais de 3 mil crianças e familiares.

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Colaborador

Por R7 / Fotos: Mídia FJU e Guilherme Branco