Há muitos argumentos que defendem o carnaval e o que ele representa dentro da cultura brasileira. Até porque, mesmo que sua origem esteja possivelmente vinculada a outros locais e costumes, como a uma celebração pagã na Grécia Antiga ou a uma comemoração religiosa ligada aos romanos católicos que celebravam o início da Quaresma, o Brasil abraçou a festa que, todos os anos, acontece 40 dias antes da Páscoa.

Apesar de o período de carnaval ser ponto facultativo (Portaria MGI 9.783/2024) a nível federal e neste ano ser celebrado, oficialmente, nos dias 3 e 4 de março, alguns aproveitam essa época como feriado prolongado para “curtir a folia”, enquanto outros a veem como um momento propício para descansar ou viajar. Mesmo que você não goste do carnaval, principalmente por reconhecer que é um período conhecido como “festa da carne”, é inegável que você também será afetado – aliás, todos são impactados, gostem dele ou não. Fugir de bloquinhos e outras comemorações não é suficiente para evitar todas as consequências negativas do carnaval.

Mais espiritual do que carnal

Segundo a Bíblia, isso acontece “porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem” (Marcos 7.21-23). Isso significa que, apesar de o carnaval ser uma comemoração que exacerba a carnalidade do ser humano, ele também é espiritual.

No programa Inteligência e Fé, o Bispo Renato Cardoso ensinou que existe uma espiritualidade por trás do carnaval. Não é uma espiritualidade ligada a Deus, mas há uma espiritualidade principalmente pelo fato de a festa sempre ser celebrada 40 dias antes da

Páscoa, como se fosse uma “despedida do mundo” antes de iniciar o período de santificação. “Se você vai entrar num período em que vai focar em um acontecimento sagrado lá na frente, que é a Páscoa, a morte de Jesus na cruz, por que vai cair no pecado agora? Por que você vai se esbaldar e mergulhar de cabeça na carne, que é o contrário do que você está se propondo a fazer em 40 dias? Quer dizer, carnaval é o auge da hipocrisia. ‘Eu quero me preparar para a Páscoa, mas, antes, vou fazer tudo que a minha carne quer. Antes de buscar a Deus, eu vou me entregar ao diabo’. Esta é a ideia do carnaval, este é o espírito por trás do carnaval”, esclareceu.

Essa ideia que originou o carnaval – a de se entregar à carne antes de se santificar – revela o quanto essa comemoração é espiritual, mesmo que hoje nem todo folião se dedique à quaresma depois. E vale lembrar de outros acontecimentos ruins que acontecem nesse período: lixo pela cidade, trânsito, roubos, traições, uso de bebidas alcoólicas e drogas, doenças, abusos, gravidez indesejada, acidentes e outros fatos negativos.

“Por isso, você não deve ser ingênuo e achar que o carnaval é meramente cultura popular, que carnaval é meramente uma festa da alegria e quem critica está querendo ser um estraga-prazer. Não. Quem tem um pouquinho de conhecimento da história sabe que não é coisa da minha cabeça. Verifique, estude e procure saber. Se você entender o quão espiritual é isso, então você vai ter um pouquinho de juízo e vai dizer ‘meu Deus, longe de mim qualquer coisa que tenha a ver com o carnaval’. A pergunta é: diante de todo esse passado, esse histórico, essa realidade – porque não é só passado não, é presente também, nada mudou –, as coisas que só vão piorando ano a ano, com tudo isso de pano de fundo por trás do carnaval, você quer ter algum envolvimento com isso?”, enfatizou o Bispo Renato.

Como viver a santidade

Nosso papel como cristãos não é julgar, mas também não podemos ser imparciais ou manter a ideia errônea de que o carnaval não nos afeta. Somos cidadãos do Céu (Filipenses 3.20), mas ainda vivemos neste mundo e, apesar de nossa batalha não ser contra a carne e o sangue, ela é espiritual e sempre será (Efésios 6.12).

Além de viver uma vida pautada na Palavra de Deus, o cristão não pode deixar de se revestir da Armadura de Deus (Efésios 6.10-20) para vencer essas batalhas espirituais que são enfrentadas diariamente e intensificadas nesse período. O Bispo Renato aconselha que, nessa época do carnaval, “o cristão, naturalmente, deve orar mais, se consagrar mais. É uma época de combate espiritual maior. Você diz ‘eu não gosto de carnaval, mas vou aproveitar o feriado’. Cuidado. Época de carnaval é época de atenção maior. Prepare-se para resistir aos ataques que vêm nessa época”. E não existe melhor forma de se preparar do que vigiar, orar e cuidar da sua comunhão com Deus constantemente.

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